segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

A lenda do Umbú





O Umbu é uma árvore de porte, com folhas grandes e largas, que cresce nos campos do Sul do Brasil. 
 
Muitas vezes é uma árvore solitária, erguendo-se única nos descampados do Pampa Rio-Grandense. A árvore por sua postura, atrai as pessoas que passam, os tropeiros, os carreteiros, para descansarem em sua sombra ou fazerem pouso sob a proteção dos seus grandes galhos. 
 
O tronco do Umbu é muito grosso, as raízes grandes, saem para fora da terra, a sua sombra é fechada e deixa passar poucos raios de sol, mas ninguém usa a madeira dessa árvore, pois não serve para nada. É farelenta, quebradiça, parece feita de uma casca em cima da outra, quase como as camadas de uma cebola.
 
 
 
 
 
 
Por quê?
 
No início dos tempos, quando ainda o nosso Planeta estava em formação e começava a evoluir para o que é este mundo hoje, em maio à Criação, Nosso Amado Pai, ao criar cada uma das árvores, perguntava-lhes, o que elas queriam ser na Terra. 
 
A laranjeira, o pessegueiro, a macieira, a pereira e assim por diante, quiseram dar em seus galhos frutos deliciosos, para que pudessem alimentar quem por ventura tivesse fome. 
 
O pau-ferro, o angico, o ipê, o açoita-cavalo, a guajuvira, pediram madeira forte, para pudessem ser usados em construções e dar morada a quem precisasse.
 
A timbaúva, o cedro, o pinheiro, pediram que tivessem madeiras fortes, mas leves, para que deles fossem construídas canoas e delas se servicem quem precisasse de transporte.
 
 
 
 
 
 
E chegando a vez do umbu, Deus lhe perguntou:
 
- E tu? Queres também frutos doces ou madeira forte?
- Não, Senhor. Eu quero apenas folhas largas para as dar sombra a quem passar e estiver cansado, depois de caminhar sob o sol forte e uma madeira tão fraca que se quebre ao menor esforço.
 
As outras árvores passaram a criticá-lo:
 
- Coisa de preguiçoso!
- Não quer ser útil!
- Esse quer viver na moleza, para que serve uma madeira fraca?
 
 
O Amado Pai, Criador de todas as coisas, Bondoso, extremamente Justo, sem se importar com as opiniões alheia, olhou para o umbu e perguntou-lhe:
 
- A sombra, Eu compreendo! Mas por que uma madeira tão fraca?
- Meu Pai - falou o umbu - porque eu não quero que um dia façam de mim uma cruz, para o martírio de justo.
 
E Deus deu-lhe então, galhos e folhas, capazes de uma sombra frondosa.
- Lego-lhe uma sombra enorme, para o descanso e pouso dos que passam e de ti nunca será feito uma cruz!

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Nem sempre o que os nosso olhos vêem e o que nossos ouvidos ouvem, são as verdadeiras razões para certas atitudes, não somos sábios suficientes para entender os desígnios do Pai!





De Antonio Augusto Fagundes (do livro Mitos e Lendas do Rio Grande do Sul)
Adaptação Lena Lopez
Fonte: http://www.luzespirita.com

Mensagem para o Ano de 2013




Mensagem do Mestre Kuthumi

Kuthumi através de Lynette Leckie-Clark



"Eu, Kuthumi, venho mais uma vez falar com vocês e lhes trazer segurança. Temos observado aqui quantos de vocês se sentem sozinhos, ainda que possam ter o que consideram como um estilo de vida acelerado, repleto de colegas de trabalho, amigos e trabalho diário.

Observamos, através das suas lutas, o foco nestas questões, com o resultado de se sentirem muitas vezes sozinhos, nos poucos momentos em que se permitem simplesmente ser. Quando irão dizer: “Basta”?


Estamos esperando por vocês. Enquanto esperamos, vemos muitos presos na criação de sonhos de não terem o dinheiro suficiente, não terem o tempo suficiente, nem reconhecimento suficiente dos seus esforços.

Tudo é desnecessário, e desperdício de energia, meus amigos. Assim, hoje venho com a segurança.

Vejam, a sua mente consciente prefere a repetição – hábitos. Esta pode ser a distribuição do seu tempo, como exemplo. Vocês se levantam pela manhã, tomam um banho, alimentam-se de forma apressada, sem realmente apreciar ou pensar sobre o que estão comendo.

É simplesmente um hábito que realizam no ritual diário de sua vida. Vocês se apressam com outros que estão também tentando ganhar um fluxo de viagem cada vez menor em suas estradas e rodovias.








Finalmente, vocês chegam e nas oito horas seguintes, impulsionam-se para realizar mais do que o mês anterior. Meus amigos, eu poderia continuar mais e mais com as atividades em que vemos muitos de vocês lutando a cada dia. Seu mundo de criação está sufocando a sua alma



Muitos estão lutando para se manter, tornando-se mais e mais esgotados pelo esforço aos níveis mentais e físicos. Sim, eu falei disto antes. Embora entendamos que muitos têm obrigações em casa e compromissos financeiros, é o momento de observarem atentamente o que criaram.

Compreendam que estão enfrentando grandes escolhas neste ano de 2012. Este é um ano de dar uma virada para a humanidade em cada área do seu mundo. Sim, eu lhes digo a verdade, meus amigos. Minha garantia é que estamos com vocês, esperando desesperadamente que despertem plenamente a sua alma.

A Humanidade está enfrentando escolhas em cada ambiente, de cada país na Terra. A devastação da terra deve cessar! A terra é a sua sobrevivência, juntamente com o ar e a água. Três áreas fundamentais que devem ser preservadas."


Créditos da Mensagem e fotos:Cláudia Morgado/ vidaebemestar.com
 

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Os ensinamentos de Blavatsky






Os estudos de H.P.B., enquanto esteve no ashram do Mestre, no Tibet, pertencem ao treinamento esotérico, preparando-a para o futuro papel, quando ela voltasse ao mundo exterior. Seu treinamento oculto, a preparação dos seus diversos corpos para atuar como transmissores de comunicações dos Mahatmas para o mundo muito ocupado dos homens, levou anos.

 Os fenômenos que ela produziu e as experiências pelas quais passou enquanto esteve na Rússia entre 1859 e 1863 são prova disso." Quando este treinamento oculto começou está indicado numa citação pelo autor em seu livro Incidentes da Vida de Madame Blavatsky: "Para tomar isto claro e inteligível devo explicar: ela nunca fez segredo de que tenha sido, desde a infância e até mais ou menos 25 anos, uma poderosa médium, embora depois desse período, devido ao regular treinamento psicológico e fisiológico, 

foi levada a perder esses dons perigosos e cada traço de mediunidade fora de sua vontade ou de seu direto controle foi superado." A idade, então, na qual seu definido treinamento nas mãos do Mestre começou foi aos 25 anos e esta é a época de sua segunda visita à Índia, de 1855 a 1857. Quando, sem dúvida, foi intensificado e acelerado. Porém, dessa fase não teremos conhecimento até que, por nossa vez, a experimentemos.
Contudo, temos o próprio testemunho de H. P. B.: 

"Eu estava novamente na casa de M. K., sentada em um canto sobre uma esteira e ele andando no aposento com sua roupa de equitação e M. M. estava falando a alguém à porta. Não posso me lembrar... Pronunciei em resposta à uma sua pergunta a respeito de uma tia falecida. Ele sorriu e disse: Que inglês engraçado você usa!' Então eu me senti envergonhada, ferida em minha vaidade e comecei a pensar (imagine você, em meu sonho ou visão qual seria a exata reprodução do que acontecera, palavra por palavra, há 16 anos). 

Agora que estou aqui e falando nada mais do que inglês em linguagem verbal fonética posso talvez aprender a falar melhor do que Ele. Esclarecendo, como o M. M., eu também usava inglês, que sendo bom ou mau é o mesmo para ele, dado que não o fala, mas entende cada palavra que digo fora de meu cérebro e eu consigo entendê-Lo - como? Nunca poderia dizer ou explicar mesmo que me matassem, mas eu o consigo. Com D.(jwal) K.(ul) eu também falo inglês e ele também fala melhor do que o Mahatma K. H. Voltando, então, ao meu sonho, três meses depois, como me parecia naquela visão, eu estava de pé diante do Mahatma K. H., 

perto do velho edifício demolido para o qual Ele olhava. Como o Mestre não estava em casa eu passei para Ele umas poucas sentenças que eu estava estudando em Senzar no quarto de sua irmã e pedi-lhe que me dissesse se eu as havia traduzido corretamente e lhe dei um pedaço de papel com as referidas sentenças escritas em inglês. Ele o tomou e leu, e corrigindo a interpretação que eu fizera, leu-as do começo ao fim, dizendo: `Agora seu inglês está se tornando melhor.






 TENTE PEGAR FORA DE MINHA CABEÇA O POUCO QUE CONHEÇO DO IDIOMA'. 

"Ele colocou a mão em minha testa na região da memória e, esfregando os dedos nela, senti mesmo a insignificante dor e um calafrio que já tinha experimentado e desde aquele dia ele fez o mesmo com minha cabeça diariamente, por cerca de dois meses".
A respeito desses poderes e em vista de suas cartas a irmã Vera (Mme. Jelihowsky), ela escreveu certa vez: "Não tenha medo que eu esteja louca. 

Tudo o que posso dizer é que "alguém" positivamente me inspira - mais do que isso, alguém entra em mim. Não sou eu quem fala ou escreve. É "algo" dentro de mim, meu elevado e luminoso Ser que pensa e escreve por mim. 

Não me pergunte, minha amiga, o que experimento, porque não lhe poderia explica-lo claramente. Eu mesma não sei. A única coisa que sei, agora quando estou perto de atingir a velhice, é que me tornei uma espécie de depósito para o conhecimento de outra pessoa..

. esse "alguém" vem, me envolve em uma nuvem densa e de repente me separa de mim mesma e então não sou mais eu, Helena Petrovna Blavatsky, mas uma outra pessoa, alguém forte, poderoso, nascido em uma região totalmente diferente do mundo; e quanto a mim mesma, é quase como se estivesse adormecida ou como que inconsciente

 não em meu próprio corpo, mas alo lado, mantida ligada somente por um fio que me conecta a ele.
"De qualquer modo, algumas vezes eu vejo e ouço tudo completamente claro; estou perfeitamente consciente do que meu corpo está dizendo ou fazendo ou, afinal, o seu novo possuidor. Posso entender e recordar tudo tão bem que depois posso repetir e até escrever suas palavras." 









Em uma carta escrita à citada irmã, ela informa que estava aprendendo a sair do seu corpo e ofereceu fazer-lhe uma visita em Tiflis, cidade onde esta residia, "num piscar de olhos". Isso tanto assustou quanto divertiu a irmã que respondeu não -seria necessário, que não se incomodasse, ao que ela replica em outra carta: "Do que você tem medo? Nunca ouviu falar de aparições de "duplos"?

 Eu quero dizer, meu corpo pode estar quieto, dormindo na cama e não importaria mesmo se estivesse esperando o meu retorno já na condição de desperto - o corpo estaria em uma condição de idiota inofensivo. E não há do que se admirar, a luz de Deus estaria ausente dele, voando para você; e, então, retornaria e uma vez mais o templo estaria iluminado pela Divindade. Mas isso, desnecessário dizer, somente no caso de o fio interligante não ser quebrado. Se você gritasse como uma louca o fio ficaria rompido... Amém, então, para a minha existência! Eu morreria instantaneamente..." 

Numa carta a outra pessoa, Mine. Jelihowsky informou: "Na primavera de 1878 aconteceu uma coisa estranha à Helena. Tendo se levantado e começado a trabalhar numa manhã como usualmente, subitamente perdeu a consciência e não a recuperaria senão cinco dias depois. Tão profundo era o seu estado de letargia que poderia ter sido cremada, não fosse a chegada de um telegrama de seu Mestre com a seguinte mensagem: `Nada receie. Ela não está morta, nem doente, mas precisa de um repouso. Ela está com estafa excessiva`. 

O Prof. Rawson, em um artigo chamado "As Duas Mme. Blavatsky", disse: "Não tenho dúvidas de que Mine. Blavatsky teve conhecimento de muitos, senão de todos os ritos, cerimônias e instruções praticados entre os Druzos do Monte Líbano, porque ela me fala de coisas que somente são conhecidas pelos poucos favorecidos que têm sido iniciados." 





Em relação ainda à estada na casa do seu Mestre, há o seguinte episódio: ela havia passado vários anos sem dar notícias suas à família na Rússia e todos estavam até convencidos de que teria morrido. Porém, em 11 de novembro de 1870 sua tia, Mme. Fadeef, assim escreve: "Aconteceu quando minha sobrinha estava do outro lado do mundo e ninguém de fato sabia onde estava. Todas as pesquisas resultaram infrutíferas, causando-nos preocupação. 

Estávamos preparados para aceitar sua morte quando uma carta dele (O Mestre), a quem vocês chamam Koot Humi, foi trazida da mais incompreensível e misteriosa maneira a minha casa por um mensageiro de aparência asiática, que desapareceu ante meus olhos. Esta carta que me solicitava não ter receio e informava que ela estava em segurança, ainda a tenho em Odessa (o original está arquivado em Adyar, na sede internacional da S. T. - nota do tradutor). Ela mostra no canto esquerdo inferior do envelope, escrito em russo: "Recebida em Odessa em 7 de novembro sobre Helinka (apelido familiar de H. P. B.), provavelmente do Tibete. A carta redigida em francês, manuscrita pelo M. K., tem a seguinte tradução: 

"A Honrada e Muito Nobre Senhora Nadyejda Andreewna Fadeef - Odessa. - Os nobres parentes de Mme. H. Blavatsky não devem se afligir por motivo algum. Sua filha e sobrinha não deixou este mundo de modo algum. Está viva e deseja fazer saber àqueles a quem ama que está bem e muito feliz, no desconhecido e distante recanto que ela escolheu para si mesma. Ela esteve muito doente, mas não está mais; sob a proteção do Senhor Sangyas, ela encontrou devotados amigos que a guardam física e espiritualmente. As senhoras de sua casa podem, portanto, permanecer tranqüilas. Antes de 18 luas, ela voltará a sua família". 




A DOUTRINA SECRETA
 
 
Em 1888, foi publicada em Londres a grande obra de H. P. Blavatsky. Ela possui dois temas chave: a) Cosmogênese, b) Antropogênese, tendo como centro teórico as "Estâncias de Dzyan". Estas Estâncias foram traduzidas de um antigo manuscrito chamado "O Livro de Dzyan" e Blavatsky também usou alguns comentários escritos em chinês, tibetano e sânscrito. Estes textos de filosofia esotérica descrevem o surgimento do Universo e o aparecimento do homem, no planeta Terra. 

O "Livro de Dzyan", segundo a escritora (Blavatsky não se considera a autora da obra A Doutrina Secreta), está intimamente relacionado com o Livro dos Preceitos de Ouro (fonte dos textos de A Voz do Silêncio) e com os "livros de Kiu-te", que são uma série de tratados do budismo esotérico conforme nos mostra David Reigle no livro The Books of Kiu-te or the Tibetan Buddhist Tantras (Editora Wizards). Em seu treinamento no Tibet, Blavatsky teve acesso a estes tratados, diretamente ligados à tradição espiritual mais antiga do Oriente e que foram preservados e comentados pelo budismo Mahayana. 

O grande lama Tsong-Kha-pa (1357-1419), ao reformular o budismo Kadampa, reorganizando-o como a escola Gelugpa, fez uma série de compilações e comentários aos principais textos da mais genuína tradição espiritual. Blavatsky dava muita importância às obras de sua autoria, especialmente os "Lam Rim" - amplos tratados onde eram usadas as principais fontes, autores e escolas anteriores, com especial destaque ao pensamento de Nagarjuna, Asanga e Atisha. E foi em mosteiros Gelugpas que Blavatsky memorizou, estudou e recebeu instruções orais que mais tarde serviriam de base para comentários e esclarecimentos. 





A palavra Dzyan, que é um termo tibetano, significa Meditação. Ele está vinculado à palavra sânscrita Dhyana, e tem relações com o termo Zen. Às vezes também é escrita "Dzyn", o que significa Sabedoria. E tem, também, uma identidade com a palavra Jnana (Sabedoria). Assim, A Doutrina Secreta é uma obra que tem no seu contexto e o espírito ¡nana e "meditativo". São idéias para serem meditadas, refletidas, investigadas, pensadas, pesquisadas. 

Foi o resultado de um grande esforço e trabalho de quatro anos de Blavatsky procurando ofertar para os estudantes, especialmente os ocidentais, um instrumento para se buscar uma aproximação à sabedoria oriental e aos significados profundos da simbologia universal. É um desafio para a mente do estudante e possui significados cada vez mais profundos, na medida em que se tenta compreender o espírito dos slokas (sutras) e fazemos uma conexão entre as diferentes tradições filosóficas e simbólicas. 

Em janeiro de 1884, saiu na revista, The Theosophist a notícia de que Blavatsky iria escrever uma outra grande obra, ampliando a anterior Isis sem Véu. Durante os anos de 1884 e 1885 ela dedicou-se a escrever. No início de 1886, escrevendo ao seu colega de estudos Alfred Sinnett, disse-lhe que "a cada manhã" surgia uma nova revelação e um novo cenário. A obra se ampliava em relação ao plano inicial e precisou reescrever várias vezes alguns dos seus capítulos. 


Em setembro de 1886, remeteu da Europa (onde estava escrevendo) para a índia (Madras) o que seria o volume 1. Mas, em 1887 resolveu escrevê-lo novamente, com "acréscimos, retificações, cortes e substituições", pois o material se ampliava. Ela recebia ajuda, tanto dos seus amigos e colegas de estudos da filosofia esotérica, quanto auxílio de seus instrutores orientais. 

Ainda em 1887, Blavatsky esteve bastante doente, à beira da morte, tendo recebido uma visita incomum: um dos seus Instrutores tibetanos esteve com ela e deu-lhe, segundo suas próprias palavras, a seguinte opção: "ou morrer, libertando-me (do corpo doente), ou continuar viva para terminar A Doutrina Secreta...". Tendo se recuperado, manteve seu contínuo esforço descrito como de imensa dedicação na tentativa de concluir esta obra, que ela considerava como a sua grande contribuição a todos os sinceros estudantes da tradição sabedoria. 








Na primavera de 1887, foi residir em Londres, onde tinha um grupo de estudantes que a auxiliava na revisão dos textos e na confirmação das centenas de referências e citações que a obra fazia, pois a biblioteca e os livros pessoais de Blavatsky não passavam de 20 volumes, incluindo dicionários. Após esses perseverantes esforços, a Doutrina Secreta foi publicada, simultaneamente em Londres e Nova Iorque, no final do mês de outubro de 1888. As palavras finais de Blavatsky foram: "esta obra é dedicada a todos os verdadeiros teosofistas". 

A obra mostra a unidade original de todas as religiões, dando bastante destaque ao simbolismo universal - fruto da linguagem comum existente em um passado remoto. A Doutrina Secreta foi a primeira grande tentativa, no Ocidente, de se publicar as chaves para o estudo das diferentes tradições, a partir de fragmentos da filosofia esotérica.

 Segundo suas palavras, o primeiro passo. consistia em "derrubar e arrancar pela raiz as árvores venenosas e letais da superstição, do preconceito e da ignorância presunçosa". O estudante da sabedoria esotérica deve perder inteiramente de vista as personalidades, crenças dogmáticas e as religiões particulares, e investigar o que existe de comum e essencial em todas as tradições.

No prefácio da primeira edição era dito: "esta obra não é a Doutrina Secreta em sua totalidade; contém apenas um número selecionado de fragmentos dos seus princípios fundamentais". Como dissemos anteriormente, o centro da obra são "As Estâncias de Dzyan", que ela comentou, ampliando as relações do simbolismo, fazendo correlações com as diferentes religiões, filosofias e idéias científicas da época. 

Tanto as "estâncias" quanto as ampliações não foram expostas como alguma revelação, mas sim encerram ensinamentos que se podem encontrar nos milhares de volumes que formam as escrituras das antigas religiões asiáticas e das primitivas religiões e filosofias herméticas ocidentais. 

O que Blavatsky procurou fazer foi uma brilhante síntese, mostrando que há uma unidade nessas antigas tradições. Ao mesmo tempo que indicava um horizonte bem mais amplo para as idéias relativas à Cosmologia e sobre a história da raça humana, desde uma imemorial idade até os tempos modernos. 

Vários dos seus alunos deram depoimentos sobre esta magna obra. A seguir destacamos alguns deles, para sugerir o universo desta renomada publicação: Annie Besant - "O valor de A Doutrina Secreta não está em seus materiais considerados isoladamente, mas na incorporação deles em um todo amalgamado e coerente...". 


Bertran Keightley - "Quanto ao valor da obra, competirá a posteridade o juízo final. Pessoalmente, expresso minha convicção de que, estudada com profundidade, A Doutrina Secreta será apreciada como de inestimável valor e oferecerá sugestões, chaves para solução dos problemas e orientação no estudo da Natureza e do Homem, e de tal ordem jamais encontradas em qualquer outra obra".
William Judge - "Ficou claramente estabelecido que o livro deveria ser feito de um tal modo que obrigasse o estudante esforçado a buscar muitas, verdades profundas... Todo estudante zeloso fará bem em não passar superficialmente sobre nenhuma parte do livro".
 

William Kingsland - "O ensinamento deve ser captado intuitivamente, mais que intelectualmente, porém, ao mesmo tempo é dado em uma forma que permite apreciar cada novo avanço no conhecimento científico, como afirmação do mesmo". 


COMO ESTUDAR A DOUTRINA SECRETA

 
Um dos seus alunos, Robert Bowen, fez algumas anotações a partir dos comentários de Blavatsky ao grupo de estudantes do "Grupo Interno" da Loja Blavatsky. Redigiu-os apresentando depois à instrutora para ver se não existia algum erro de compreensão.
A principal sugestão é que não se deve ler este livro como os outros, isto é, do início ao fim seqüencialmente. Mas que existem algumas etapas preliminares: 

a) procurar compreender os Três Princípios Fundamentais apresentados no Proêmio (Vol.I);

b) estudar a Recapitulação numerada que está no Resumo do Vol.I;

c) refletir sobre as Notas Introdutórias do Vol.III (edição em português);

) estudar a Conclusão do Vol.III.



(*)Alfred Percy Sinnett

 Fonte:levir.com.br

A Umbanda




 Para compreendermos as origens da Umbanda precisamos entender que o mundo não se resume só nas atividades, nem na cultura que observamos à nossa volta. Cada país, cada povo, possui seu atavismo cultural, sua bagagem histórica.

Atavismo é o conjunto de valores morais, físicos e culturais que cada nação possui e que foram herdados das gerações antecedentes. Essas experiências são passadas de geração a geração, mantendo ao longo da história, uma gama de características comportamentais que identificam os povos e as nações.

Carl Gustav Jung (Suíça, 1875-1961), eminente estudioso do psiquismo humano, afirmou que o atavismo é provocado por um mecanismo que ele denominava “inconsciente coletivo”, cujos conteúdos são arquétipos, isto é, representantes comuns dos instintos nas diferentes culturas.

 É nesse sistema que os costumes, conhecimentos e valores dos antepassados se deslocam pelo hábito e por uma espécie de espírito conservador para as gerações vindouras. Chega-se a dizer popularmente que os jovens possuem no “sangue” muitos valores e defeitos dos seus antepassados.

Ora, nós espíritas sabemos que a alma não herda caracteres morais ou intelectuais daqueles que se constituíram em pais carnais do indivíduo. Portanto, o inconsciente coletivo é mesmo um mecanismo de transferência de valores.

Para se entender a Umbanda é preciso primeiro compreender como foi formada a sociedade brasileira e quais são suas raízes étnicas. Uma seita, culto ou religião, instala-se num dado grupo social quando encontra elementos culturais favoráveis à sua proliferação.
Quais são, pois, as características sócio-culturais da sociedade brasileira?







Vejamos: Sabe-se que no Brasil existe uma mistura muito grande de raças. Se, por um lado, esse fato deixou o brasileiro sem identidade definida, por outro fez com que a nação se transformasse num verdadeiro berço, onde qualquer Espírito encarnado encontra espaço para suas realizações. Daí a facilidade para frutificar idéias religiosas de diversificadas tendências.

Quem chega ao país, depois de certo tempo acaba sentindo-se em casa, dada a diversidade de raças e costumes. No princípio, no entanto, não foi assim. Ao desembarcar no continente no ano de 1500, os colonizadores portugueses encontraram aqui uma significativa nação indígena. No passar do tempo,
esses povos foram dominados e subjugados pelos conquistadores europeus. O reflexo desse domínio perdura até os dias de hoje na forma de perseguições, abandono e preconceitos contra as tribos
aborígenes.

Pode-se, pois, afirmar que a primeira raiz do povo brasileiro é o índio.
Habituados à vida na natureza, os silvícolas não se adaptaram ao que os brancos queriam com sua diferente cultura e reagiam como podiam ao trabalho escravo, imposto pelos novos donos da terra. As “capitanias”, imensas fazendas feudais, deveriam produzir riquezas destinadas à Coroa Portuguesa. Mas faltava mão de obra. Os índios não se mostravam dispostos a servirem de força de trabalho.

 Onde se poderia arranjar trabalhadores capazes de cumprir com as obrigações do campo? Na Europa certamente não seria. Ninguém por lá estava disposto a deixar as delícias da Corte para encarar o serviço braçal numa terra quente, cheia de mosquitos, doenças e outras coisas mais, a não ser os degredados, e obviamente porque lhes era imposto. Tiveram então a idéia de buscar na África o elemento negro. Não tendo razões lógicas para convencer esses irmãos a deixarem sua terra, empreenderam verdadeiras caçadas, caracterizadas pela forma desumana com eram executadas.

Nascia o tráfico de escravos negros. E, eles foram trazidos para o país em grande quantidade. Muitos dos que embarcavam nos imundos navios negreiros, nunca chegavam a desembarcar na terra tupiniquim, pois ao serem tratados como animais, adoeciam e era atirados aos tubarões para que não contaminassem o resto da “carga”.
O negro: eis a segunda raiz de nossa gente!






Antes do aparecimento do povo brasileiro, cada uma dessas duas raças, o índio e o negro, já trazia particularmente sua história milenar e, com ela, um patrimônio cultural e religioso. Ao misturarem-se, pela convivência, com a cultura européia trazida pelos descobridores, pelos aventureiros e mais tarde pelos imigrantes, deram origem ao conhecido “povo brasileiro”.

A Umbanda foi fundada no Brasil por razões diversas. Uma delas é essa bagagem religiosa atávica que nos liga ao passado do negro e do índio (pretos velhos e caboclos). Ela teve facilidade para crescer nesse sítio espiritual.

 Outra razão, foi a de desenvolver junto ao povo, um trabalho mais voltado para os interesses imediatistas, popularescos.
A Umbanda também nasceu em terras brasileiras para atuar na solução de certos processos obsessivos, não alcançados pela prática espírita da época: a magia negra.






A DOUTRINA ESPÍRITA E O POVO

A Doutrina Espírita, Consolador prometido por Jesus, tendo como representante humano a figura de Allan Kardec, apoiou-se no pensamento e na cultura européia. Seria muito bom que tais ensinamentos fossem absorvidos por todos os povos, de modo a direcionar-lhes a vida e o futuro, mas a realidade tem se mostrado outra: o “povão”, que forma o grosso da massa humana no Brasil, não absorve seu conteúdo como o desejado.

Prefere outras formas religiosas mais afinizadas com suas condições atávicas e conforme seu grau de desenvolvimento espiritual. A tradição católica, por exemplo, é muito forte em nosso meio, embora a maioria das pessoas que dizem professar essa religião, só o façam nas aparências.

O Espiritismo, como a experiência demonstra, deu seus melhores frutos junto às classes mais intelectualizadas, mais sintonizadas com o espírito europeu. O povo brasileiro sofreu uma influência atávica secular, onde os valores religiosos foram basicamente aqueles introduzidos pelo índio, pelo negro e pelo catolicismo.

Boa parte da população tem dificuldades para compreender as finalidades do Espiritismo. Antes confundem-no com toda ordem de seitas que lidam com o elemento espiritual. Isto é perfeitamente compreensível, pois sendo uma doutrina bastante nova no mundo, levará tempo para que as pessoas possam compreender seus verdadeiros objetivos. Alia-se a isso a imaturidade de espírito de um povo já secularmente arraigado a princípios religiosos dogmáticos e sectários, pode-se entender quais dificuldades encontraria a Doutrina Espírita para se firmar no seio do povo brasileiro.

Embora diga-se o contrário, o Espiritismo ainda não foi bem compreendido entre nós. Ainda somos minoria e mesmo entre os espíritas, existe uma certa dificuldade em compreender os nobres propósitos dessa doutrina de libertação do Espírito. O povo, de uma maneira geral, não se beneficia do melhor que o Espiritismo tem a oferecer que é o estímulo às mudanças do indivíduo.

 Encara a Doutrina apenas como uma “religião” que faz muita caridade, devido as características assumidas pelos primeiros adeptos no país. Mas, com o tempo, e com a maturidade do povo, essa visão se modificará e o Espiritismo poderá exercer a influência salutar entre os povos, que poderá modificar a face do planeta, se assim o quisermos.





O CANDOMBLÉ

Os negros africanos, ao chegarem ao Brasil, trouxeram um culto primitivo, oriundo de sua pátria, conhecido como Candomblé. Aparentemente de maneira infantil, cultuavam alguns deuses chamados por eles de “orixás”. Essas divindades seriam, por um lado, ligadas à natureza e por outro aos homens.

Praticantes seculares do mediunismo, os negros adeptos do Candomblé, não aceitavam e não aceitam até hoje, a “incorporação” em seus médiuns de Espíritos de “mortos”. No Candomblé um Espírito errante é chamado de “egum”.

Nos terreiros de Candomblé, só se manifestam mediunicamente as divindades chamadas de “orixás”. O Panteão Africano constitui-se basicamente por sete Orixás Maiores e ainda por muitos Orixás Menores. Os primeiros, são voltados para o lado mais divino da obra de Deus. Os últimos, são mais ligados à própria criatura humana.

Os “orixás”, ao presidirem a própria natureza através de seus agentes, trariam em si características de personalidade que os ligariam a determinados estados evolutivos da espécie humana. A vibração provocada pelo tipo de personalidade de um certo indivíduo, vai colocá-lo sob a influência de determinado “Orixá”. Diz-se, então, que ele é oriundo daquela faixa psíquica, ou como fazem no Candomblé, que ele é “filho de Santo”.





Os Orixás maiores são:

OXALÁ – Símbolo da natureza religiosa, santificada. Não é Deus, mas está abaixo Dele, presidindo seus desígnios. Para os iniciados é o Cristo, para os umbandistas, Jesus. Na natureza, liga-se aos céus e tudo o que nele há.

IEMANJÁ – Símbolo da natureza feminina, da beleza e da reprodução. Na natureza, liga-se às águas do mar. No sincretismo, Nossa Senhora.

XANGÔ – Símbolo da justiça. Envolve o cumprimento da lei de causa e efeito, com os seus “agentes” de naturezas diversas. Segundo os estudiosos, é esse orixá que dá origem à justiça terrena. Na natureza liga-se às montanhas. No sincretismo, seria São Jerônimo.

OGUM – Simboliza a idéia de trabalho, de luta, de guerra, de vitória. Na natureza, liga-se aos metais. No sincretismo, é São Jorge.

OXÓSSI – Simboliza a natureza jovem, de homens e mulheres, a alegria saudável, a energia jovial. Na natureza está ligado às matas. No sincretismo, é São Sebastião.

IORIMÁ – é símbolo de maturidade, de serenidade, amor, compreensão e humildade. Na natureza, liga-se à movimentação das águas, cachoeiras etc. É o estado de experiência do velho. No sincretismo, é São Cipriano.

IORY – Traz em si a natureza infantil. Representa as vibrações inocentes da criança, sua simplicidade etc. Na natureza, simboliza a alegria existente nas matas, nos rios, nos lagos etc. No sincretismo, é Cosme e Damião.

Essas variedades de divindades formam o mundo dos Orixás, dos sentimentos, com o qual cada criatura possui sintonia em determinada faixa, segundo o grau evolutivo que atingiu em sua ascensão espiritual. Mas, conforme o Candomblé, existe outro lado espiritual, de uma natureza ruim, onde as mentes se encontram em desequilíbrio: é o reino de Elegbara. Na Umbanda é conhecido como mundo de Exu e na Igreja católica, como região do Diabo.

A origem dos orixás, segundo as lendas do povo africano, é a fragmentação do pensamento criativo, quando este, por sua vontade, vai presidir a criação de determinado orbe. Os orixás não estariam sujeitos à evolução, embora fossem ligados aos Espíritos que o estão, pela afinidade vibratória que os caracterizam.

Filhos do grande “Olorum” (Deus Pai), os “orixás” seriam cumpridores de Sua vontade, em plano mais grosseiro. As histórias narradas pelas lendas, à primeira vista parecem infantis, mas quase sempre elas possuem fundamentos lógicos.

Infelizmente, tudo o que veio da África está atualmente muito diluído, misturado à prática de adivinhações, de baixa magia e de rituais inconsequentes. Entretanto é importante que se compreenda as origens dessa crença a fim de que se tenha uma visão mais completa do que ela representa em nossa cultura.





O CANDOMBLÉ E A UMBANDA


O Candomblé, ao desembarcar no País com os escravos, encontrou aqui um outro culto de natureza mediúnica, chamado “Pajelança”, praticado pelos índios nativos em variadas formas. Em ambos os cultos havia a comunicação de Espíritos. Os jesuítas, incumbidos de “doutrinar” os índios e depois o negro, proibiram que estes últimos cultuassem seus “deuses” pátrios. Naquela época não havia liberdade religiosa.

Os escravos, por não terem outra alternativa (os açoites falavam alto), construíam altares com imagens e gravuras dos santos do catolicismo. Nas práticas exteriores, chamavam-nos segundo a vontade dos padres, mas em sua intimidade associavam essas imagens aos orixás que evocavam fervorosamente. Era a única forma de continuarem com suas crenças de origem. Formou-se assim o “sincretismo religioso”, ou seja, a associação entre o orixá e o santo da Igreja Católica. Os rituais eram realizados naturalmente nos terreiros das senzalas.

Com o tempo, alguns terreiros começaram a misturar os rituais do Candomblé com os da Pajelança, dando origem a um outro culto chamado “Candomblé de Caboclo”. Naturalmente, os Espíritos que se manifestavam eram os de índios e negros, que o faziam com finalidades diversas.
Do Candomblé primitivo, restou um tronco original que continuou fiel a suas raízes e que ainda hoje é a melhor linhagem de terreiros na Bahia e outros Estados do país.

O Candomblé de Caboclo, porém, degenerou-se na prática de baixa magia, conjuros, Canjerê, Catimbó, macumba e Quimbanda. Uma mistura de cultos que precisava sofrer a ação do progresso mas que não poderia ser pela influência da Doutrina Espírita, pois sua natureza abstrata e totalmente despida de rituais, afastava-a de tudo o que os praticantes dessas variantes do Candomblé estavam habituados.

Em 1908, por vontade dos Espíritos superiores, criou-se um movimento espiritualista, destinado a fazer progredir aqueles cultos primitivos nascido do Candomblé. Por meio do médium Zélio Moraes e do Espírito de um padre, chamado Gabriel Malagrina, na cidade de Niterói, Estado do Rio de Janeiro, nasceu a Umbanda cristã, bem brasileira.

O trabalho desse Espírito deu origem a uma linhagem de terreiros onde não se faziam rituais de sacrifícios, não se olhava sorte; os trabalhos tinham disciplina, com hora para começar e terminar; os adeptos eram convocados ao estudo do Evangelho de Jesus e a fazer a “caridade” junto do povo sofredor.

 Esse culto deveria misturar-se na mentalidade dominante dos terreiros já existentes, enfraquecendo-a aos poucos quanto ao primitivismo e fazendo esses trabalhos progredir no mundo das idéias. Segundo Frei Malagrina, a Umbanda seria a manifestação do Espírito para a prática da caridade.

Ao contrário do Candomblé, a Umbanda admite a manifestação de Espíritos errantes, exatamente como no Espiritismo. Alguns terreiros fazem sessões de desobsessão e estudam as obras espíritas.
Fonte: http://estudoreligioso.wordpress.com

A Lenda da Árvore de Natal






Quando o menino Jesus nasceu, todas as pessoas ficaram alegres.
 
Crianças , homens e mulheres vinham vê-lo trazendo presentes, pobres ou ricos.
 
Perto do estábulo onde dormia o menino Jesus, num berço de palha, havia três árvores: uma palmeira, uma oliveira e um pinheirinho.
 
 
 
 
 
Vendo aquela gente que iá e voltava, passando embaixo dos seus galhos, as três árvores quiseram também dar alguma coisa ao menino Jesus.
 
- Eu vou dar a minha palma maior, a mais bela para que ela abane docemente o bebê, disse a palmeira.
 
- Eu vou apertar as minhas olivas e elas servirão para amaciar seus pezinhos, disse a oliveira.
 
- Eu eu? Que posso dar? Perguntou o pinheirinho.
 
- Você. Responderam as outras; você não tem nada para dar. Suas agulhas pontudas poderiam picar o menino Jesus.
 
 
 
 
 
 
 
O pobre pinheirinho sentiu-se muito infeliz e respondeu tristemente:
 
- É mesmo, vocês tem razão: não tenho nada para oferecer.
 
Um anjo que estava ali perto, escutou a conversa e teve pena do pinheirinho, tão humilde, tão triste, que nada podia fazer porque nada possuia.
 
Lá no céu, as estrelinhas começam a brilhar. O lindo anjinho olhou para o alto e chamou-as. 
 
No mesmo instante elas desceram, com boa vontade e foram colocar-se sobre os ramos do modesto pinheirinho que ficou todo iluminado. 
 
Lá no bercinho, dentro do estábulo, os olhos do menino Jesus ao ver aquela árvore tão linda.
 
É por isso que as pessoas, até hoje, enfeitam com luzes e pinheiro, na véspera de Natal.
Fonte: brinquedoteca.org.br

domingo, 23 de dezembro de 2012

Feng Shui no Ano Novo!






Ano novo, vida nova! Quantas vezes já ouvimos esta frase, quando um ano termina e outro está para chegar! E como nos preparar para a chegada do ano que vai começar? Nada melhor que um ambiente limpo e organizado, tanto em casa quanto no trabalho.

Antes de mais nada você precisa entender que tudo em sua vida exterior reflete seu eu interior. A sua casa, especialmente, é a manifestação externa do seu eu interior. Inversamente, sua casa influencia você em todos os aspectos, desde sua estrutura física, ou seja, a forma como ela foi construída, até um simples adorno.

A maior parte das pessoas não têm noção da grande influência que os espaços exercem sobre sua vida, sejam de sua própria casa ou de seu ambiente de trabalho. Não têm noção que elas próprias podem facilitar ou dificultar seu progresso. Não imaginam que, inconscientemente, reagem à forma pela qual estão sendo afetadas.

 









O Feng Shui é uma arte e ciência de origem chinesa, cuja tradução literal significa vento e água. Seu principal objetivo é proporcionar o viver em harmonia com o ambiente. Isto significa que, da mesma forma como um navegante precisa endireitar a vela de seu barco, buscando ventos favoráveis para seguir por águas tranquilas, nós temos a oportunidade, através do Feng Shui, de endireitar a vela, segurar com firmeza o leme de nossa vida, e atravessar os altos e baixos dos ciclos de mudança. O Feng Shui nos permite não deixar que nosso barco navegue à deriva.



Um bom praticante de Feng Shui pode dizer muito sobre você a partir da leitura de sua casa. Não poderia ser diferente porque a sua casa é o retrato vivo de tudo o que você é e do que acontece em sua vida. Consciente ou inconscientemente você escolheu este lugar para viver e nele dispôs todas as coisas da maneira como elas se encontram. Tudo, assim, tem um significado e um efeito. Efeito este que pode ser bom ou ruim.

Dessa forma, organizar e limpar o ambiente é um bom começo para colocar "ordem" na casa. Casa esta, bem entendido, também o seu eu interior. Limpar e organizar o nosso espaço também significa criar espaços vazios na nossa mente para que possamos receber nossa ideias e novas energias. Então, para uma "vida nova" no ano novo, que tal proceder a uma limpeza do nosso espaço para deixar que cheguem coisas novas e mudanças possam começar a acontecer?

 







Para começar o ano novo com um ambiente limpo, sugiro o seguinte:

- Organize tudo o que existe no ambiente: gavetas, armários, papeis. Este tipo de movimentação ajuda a organizar igualmente a sua mente e o seu coração. De uma maneira geral a desorganização traz preguiça, cansaço, falta de objetivos e insatisfação com a vida. A desorganização traz perda de energia pessoal;

- Desfaça-se de tudo aquilo que já não tem mais utilidade ou significado, seja material ou emocional. O que passou, passou. Aquilo que já perdeu o significado ou que esteja no passado deve ser descartado. É um bom exercício para praticar o desapego: doação. Com este gesto renova-se a energia, eliminando do espaço toda a energia estagnada que faz adoecer;

- Limpe o espaço física e energeticamente. Faça a faxina como de costume, mas, de preferência utilizando materiais novos e naturais. Pintura nova é sempre bem vinda! Devemos estar conscientes de que, energeticamente, tudo o que acontece em uma construção se propaga em pequenas ondas, como o efeito de uma pedra atirada em um lago. Tudo fica registrado nas paredes, no piso, no teto, nos móveis, nos objetos ... nas pessoas. Então, além da faxina normal, use incensos, defumadores ou aromas como a alfazema. Mantenha o espaço sempre limpo e perfumado;

- Reveja a necessidade de objetos e móveis de forma a não dificultar a circulação de energia. Mantenha somente o que é mais necessário para seu uso diário;

- Na porta principal utilize algum talismã ou objeto sagrado ou que tenha sido abençoado. Dessa forma sua porta estará resguardada;

- Valorize mais a iluminação e ventilação naturais, captando a essência do Feng Shui (vento e água), num contato mais direto com a natureza. Cuide para que todos os ambientes tenham renovação de ar. Se possível utilize como revestimentos, e também nos adornos, materiais mais naturais como a madeira, a pedra e o barro;

 





E, para finalizar, na virada do ano vista alguma roupa ou acessório na cor vermelha. Você estará atraindo a energia da prosperidade e do sucesso e repelindo todas as energias negativas que queiram chegar!

FELIZ ANO NOVO, com muita saúde, felicidade, prosperidade e sucesso!

*Valéria Loureiro é arquiteta e consultora de Feng Shui. Saiba mais no site da IC Terapias Holísticas, ou pelos telefones (31) 3441-8009 e 3492-2580.
Fonte: estadodeminas.lugarcerto.com.br

Madame Kardec





Madame Rivail (Sra. Allan Kardec) nasceu em Thiais, cidade do menor e mais populoso Departamento francês – o Sena, aos 2 do Frimário do ano IV, segundo o Calendário Republicano então vigente na França, e que corresponde a 23 de Novembro de 1795.

Filha de Julien-Louis Boudet, proprietário e antigo tabelião, homem portanto bem colocado na vida, e de Julie-Louise Seigneat de Lacombe, recebeu, na pia batismal o nome de Amélie-Gabrielle Boudet.

A menina Amélie, filha única, aliando desde cedo grande vivacidade e forte interesse pelos estudos, não foi um problema para os pais, que, a par de fina educação moral, lhe proporcionaram apurados dotes intelectuais.

Após cursar o colégio primário, estabeleceu-se em Paris com a família, ingressando numa Escola Normal, de onde saiu diplomada em professora de 1a. classe.

Revela-nos o Dr. Canuto de Abreu que a senhorinha Amélie também foi professora de Letras e Belas Artes, trazendo de encarnações passadas a tendência inata, por assim dizer, para a poesia e o desenho. Culta e inteligente, chegou a dar à luz três obras, assim nomeadas: “Contos Primaveris”, 1825; “Noções de Desenho”, 1826; “O Essencial em Belas Artes”, 1828.

Vivendo em Paris, no mundo das letras e do ensino, quis o Destino que um dia a Srta. Amélie Boudet deparasse com o Professor Hippolyte Denizard Rivail.

 





De estatura baixa, mas bem proporcionada, de olhos pardos e serenos, gentil e graciosa, vivaz nos gestos e na palavra, denunciando inteligência admirável, Amélie Boudet, aliando ainda a todos esses predicados um sorriso terno e bondoso, logo se fez notar pelo circunspecto Prof. Rivail, em quem reconheceu, de imediato, um homem verdadeiramente superior, culto, polido e reto.

Em 6 de Fevereiro de 1832, firmava-se o contrato de casamento. Amélie Boudet, tinha nove anos mais que o Prof. Rivail, mas tal era a sua jovialidade física e espiritual, que a olhos vistos aparentava a mesma idade do marido. Jamais essa diferença constituiu entrave à felicidade de ambos.

Pouco tempo depois de concluir seus estudos com Pestalozzi, no famoso castelo suíço de Zahringen (Yverdun), o Prof. Rivail fundara em Paris um Instituto Técnico, com orientação baseada nos métodos pestalozzianos. Madame Rivail associou-se ao esposo na afanosa tarefa educacional que ele vinha desempenhando no referido Instituto havia mais de um lustro.

Grandemente louvável era essa iniciativa humana e patriótica do Prof. Rivail, pois, não obstante as leis sucessivas decretadas após a Revolução Francesa em prol do ensino, a instrução pública vivia descurada do Governo, tanto que só em 1833, pela lei Guizot, é que oficial e definitivamente ficaria estabelecido o ensino primário na França.

Em 1835, o casal sofreu doloroso revés. Aquele estabelecimento de ensino foi obrigado a cerrar suas portas e a entrar em liquidação. Possuindo, porém, esposa altamente compreensiva, resignada e corajosa, fácil lhe foi sobrepor-se a esses infaustos acontecimentos. Amparando-se mutuamente, ambos se lançaram a maiores trabalhos. Durante o dia, enquanto Rivail se encarregava da contabilidade de casas comerciais, sua esposa colaborava de alguma forma na preparação dos cursos gratuitos que haviam organizado na própria residência, e que funcionaram de 1835 a 1840.

À noite, novamente juntos, não se davam a descanso justo e merecido, mas improdutivo. O problema da instrução às crianças e aos jovens tornara-se para Prof. Rivail, como o fora para seu mestre Pestalozzi, sempre digno da maior atenção. Por isso, até mesmo as horas da noite ele as dividia para diferentes misteres relacionados com aquele problema, recebendo em todos a cooperação talentosa e espontânea de sua esposa. Além de escrever novas obras de ensino, que, aliás, tiveram grande aceitação, o Prof. Rivail realizava traduções de obras clássicas, preparava para os cursos de Lévi-Alvarès, freqüentados por toda a juventude parisiense do bairro de São Germano, e se dedicava ainda, em dias certos da semana, juntamente com sua esposa, a professorar as matérias estatuídas para os já referidos cursos gratuitos.

 





“Aquele que encontrar uma mulher boa, encontrará o bem e achará gozo no Senhor” - disse Salomão. Amélie Boudet era dessas mulheres boas, nobres e puras, e que, despojadas das vaidades mundanas, descobrem no matrimônio missões nobilitantes a serem desempenhadas.

Nos cursos públicos de Matemáticas e Astronomia que o Prof. Rivail bi-semanalmente lecionou, de 1843 a 1848, e aos quais assistiram não só alunos, que também professores, no “Liceu Polimático” que fundou e dirigiu até 1850, não faltou em tempo algum o auxilio eficiente e constante de sua dedicada consorte.

Todas essas realizações e outras mais, a bem do povo, se originaram das palestras costumeiras entre os dois cônjuges, mas, como salientou a Condessa de Ségur, deve-se principalmente à mulher, as inspirações que os homens concretizam. No que toca à Madame Rivail, acreditamos que em muitas ocasiões, além de conselheira, foi ela a inspiradora de vários projetos que o marido pôs em execução. Aliás, é o que nos confirma o Sr. P. J. Leymarie ( que com ambos privara ) ao declarar que Kardec tinha em grande consideração as opiniões de sua esposa.

Graças principalmente às obras pedagógicas do professor Rivail, adotadas pela própria Universidade de França, e que tiveram sucessivas edições, ele e senhora alcançaram uma posição financeira satisfatória.

O nome Denizard Rivail tornou-se conhecido nos meios cultos e além do mais bastante respeitado. Estava aberto para ele o caminho da riqueza e da glória, no terreno da Pedagogia. Sobrar-lhe-ia, agora, mais tempo para dedicar-se à esposa, que na sua humildade e elevação de espírito jamais reclamara coisa alguma.

A ambos, porém, estava reservada uma missão, grandiosa pela sua importância universal, mas plena de exaustivos trabalhos e dolorosos espinhos.

 






O primeiro toque de chamada verificou-se em 1854, quando o Prof. Rivail foi atraído para os curiosos fenômenos das “mesas girantes”, então em voga no Mundo todo. Outros convites do Além se seguiram, e vemos, em meados de 1855, na casa da Família Baudin, o Prof. Rivail iniciar os seus primeiros estudos sérios sobre os citados fenômenos, entrevendo, ali, a chave do problema que durante milênios viveu na obscuridade.

Acompanhando o esposo nessas investigações, era de se ver a alegria emotiva com que ela tomava conhecimento dos fatos que descerravam para a Humanidade novos horizontes de felicidade. Após observações e experiências inúmeras, o professor Rivail pôs mãos à maravilhosa obra da Codificação, e é ainda de sua cara consorte, então com 60 anos, que ele recebe todo o apoio moral nesse cometimento. Tornou-se ela verdadeira secretária do esposo, secundando-o nos novos e bem mais árduos trabalhos que agora lhe tomavam todo o tempo, estimulando-o, incentivando-o no cumprimento de sua missão.

Sem dúvida, os espíritas, muito devemos a Amélie Boudet e estamos de acordo com o que acertadamente escreveu Samuel Smiles: os supremos atos da mulher geralmente permanecem ignorados, não saem à luz da admiração do mundo, porque são feitos na vida privada, longe dos olhos do público, pelo único amor do bem.

O nome de Madame Rivail enfileira-se assim, com muita justiça, entre os de inúmeras mulheres que a História registrou como dedicadas e fiéis colaboradoras dos seus esposos, sem as quais talvez eles não levassem a termo as suas missões. Tais foram, por exemplo, as valorosas esposas de Lavoisier, de Buckland, de Flaxman, de Huber, de Sir William Hamilton, de Stuart Mill, de Faraday, de Tom Hood, de Sir Napier, de Pestalozzi, de Lutero, e de tantos outros homens de gênio. A todas essas Grandes Mulheres, além daquelas muito esquecidas pela História, a Humanidade é devedora eterna!

Lançado O Livro dos Espíritos, da lavra de Allan Kardec, pseudônimo que tomou o Prof. Rivail, este, meses depois, a 1o. de Janeiro de 1858, com o apoio tão somente de sua esposa, deu a lume o primeiro número da “Revue Spirite”, periódico que alcançou mais de um século de existência grandemente benéfica ao Espiritismo.

Havia cerca de seis meses que na residência do casal Rivail, então situada à Rua dos Mártires n. 8, se efetuavam sessões bastante concorridas, exigindo da parte de Madame Rivail uma série de cuidados e atenções, que por vezes a deixavam extenuada. O local chegou a se tornar apertado para o elevado número de pessoas que ali compareciam, de sorte que em Abril de 1858 Allan Kardec fundava, fora do seu lar, a “Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas”. Mais uma obra de grave responsabilidade!

Tomar tais iniciativas naquela recuada época, em que o despotismo clerical ainda constituía uma força, não era tarefa para muitos. Havia necessidade de larga dose de devotamento, firmeza de vistas e verdadeiro espírito de sacrifício.

Ao casal Rivail é que coube, apesar de todos os escolhos e perigos que se lhe deparariam em a nova estrada, empreender, com a assistência e proteção do Alto, a maior revolução de idéias de que se teve notícia nos meados do século XIX.

 








Allan Kardec foi alvo do ódio, da injúria, da calúnia, da inveja, do ciúme e do despeito de inimigos gratuitos, que a todo custo queriam conservar a luz sob o alqueire.

Intrigas, traições, insultos, ingratidões, tudo de mal cercou o ilustre reformador, mas em todos os momentos de provas e dificuldades sempre encontrou, no terno afeto de sua nobre esposa, amparo e consolação, confirmando-se essas palavras de Simalen: “A mulher é a estrela de bonança nos temporais da vida.”

Com vasta correspondência epistolar, proveniente da França e de vários outros países, não fosse a ajuda de sua esposa nesse setor, sem dúvida não sobraria tempo para Allan Kardec se dedicar ao preparo dos livros da Codificação e de sua revista.

Uma série de viagens ( em 1860, 1861, 1862, 1864, etc, ) realizou Kardec, percorrendo mais de vinte cidades francesas, além de várias outras da Suíça e da Bélgica, em todas semeando as idéias espíritas. Sua veneranda consorte, sempre que suas forças lhe permitiam, acompanhou-o em muitas dessas viagens, cujas despesas, cumpre informar, corriam por conta do próprio casal. Parafraseando o escritor Carlyle, poder-se-ia dizer que Madame Allan Kardec, pelo espaço de quase quarenta anos, foi a companheira amante e fiel do seu marido, e com seus atos e suas palavras sempre o ajudou em tudo quanto ele empreendeu de digno e de bom.

Aos 31 de Março de 1869, com 65 anos de idade, desencarnava, subitamente, Allan Kardec, quando ultimava os preparativos para a mudança de residência. Foi uma perda irreparável para o mundo espiritista, lançando em consternação a todos quantos o amaram. Madame Allan Kardec, quer partilhara com admirável resignação as desilusões e os infortúnios do esposo, agora, com os cabelos nevados pelos seus 74 anos de existência e a alma sublimada pelos ensinos dos Espíritos do Senhor, suportaria qualquer realidade mais dura. Ante a partida do querido companheiro para a Espiritualidade, portou-se como verdadeira espírita, cheia de fé e estoicismo, conquanto, como é natural, abalada no profundo do ser.

No cemitério de Montmartre, onde, com simplicidade, aos 2 de Abril se realizou o sepultamento dos despojos do mestre, comparecia uma multidão de mais de mil pessoas. Discursaram diversos oradores, discípulos dedicados de Kardec, e por último o Sr. E. Muller, que logo no princípio do seu elogio fúnebre ao querido extinto assim se expressou: “Falo em nome de sua viúva, da qual lhe foi companheira fiel e ditosa durante trinta e sete anos de felicidade sem nuvens nem desgostos, daquela que lhe compartiu as crenças e os trabalhos, as vicissitudes e as alegrias, e que se orgulhava da pureza dos costumes, da honestidade absoluta e do desinteresse sublime do esposo; hoje, sozinha, é ela quem nos dá a todos o exemplo de coragem, de tolerância, do perdão das injúrias e do dever escrupulosamente cumprido.”

 





Madame Allan Kardec recebeu da França e do estrangeiro, numerosas e efusivas manifestações de simpatia e encorajamento, o que lhe trouxe novas forças para o prosseguimento da obra do seu amado esposo.

Desejando os espiritistas franceses perpetuar num monumento o seu testemunho de profundo reconhecimento à memória do inesquecível mestre, consultaram nesse sentido a viúva, que, sensibilizada com aqueles desejos humanos mas sinceros, anuiu, encarregando desde logo uma comissão para tomar as necessárias providências. Obedecendo a um desenho do Sr. Sebille, foi então levantado no cemitério do Père-Lachaise um dólmen, constituído de três pedras de granito puro, em posição vertical, sobre as quais se colocou uma quarta pedra, tabular, ligeiramente inclinada, e pesando seis toneladas. No interior deste dólmen, sobre uma coluna também de pedra, fixou-se um busto, em bronze, de Kardec.

Esta nova morada dos despojos mortais do Codificador foi inaugurada em 31 de Março de 1870 , e nessa ocasião o Sr. Levent, vice-presidente da “Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas”, discursou, a pedido de Madame Allan Kardec, em nome dela e dos amigos.

Cerca de dois meses após o decesso do excelso missionário de Lyon, sua esposa, no desejo louvável de contribuir para a realização dos plano futuros que ele tivera em mente, e de cujas obras, revista e Livraria passou a ser a única proprietária legal, houve por bem, no interesse da Doutrina, conceder todos os anos certa verba para uma “Caixa Geral do Espiritismo”, cujos fundos seriam aplicados na aquisição de propriedades, a fim de que pudessem ser remediadas quaisquer eventualidades futuras.

Outras sábias decisões foram por ela tomadas no sentido de salvaguardar a propaganda do Espiritismo, sendo, por isso, bastante apreciado pelos espíritas de todo o Mundo o seu nobre desinteresse e devotamento.

Apesar de sua avançada idade, Madame Allan Kardec demonstrava um espírito de trabalho fora do comum, fazendo questão de tudo gerir pessoalmente, cuidando de assuntos diversos, que demandariam várias cabeças. Além de comparecer à reuniões, para as quais era convidada, todos os anos presidia à belíssima sessão em que se comemorava o Dia dos Mortos, e na qual, após vários oradores mostrarem o que em verdade significa a morte à luz do Espiritismo, expressivas comunicações de Espíritos Superiores eram recebidas por diversos médiuns.

Se Madame Allan Kardec – conforme se lê em Revue Spirite de 1869 – se entregasse ao seu interesse pessoal, deixando que as coisas andassem por si mesmas e sem preocupação de sua parte, ela facilmente poderia assegurar tranqüilidade e repouso à sua velhice. Mas, colocando-se num ponto de vista superior, e guiada, além disso, pela certeza de que Allan Kardec com ela contava para prosseguir, no rumo já traçado, a obra moralizadora que lhe foi objeto de toda a solicitude durante os últimos anos de vida, Madame Allan Kardec não hesitou um só instante. Profundamente convencida da verdade dos ensinos espíritas, ela buscou garantir a vitalidade do Espiritismo no futuro, e, conforme ela mesma o disse, melhor não saberia aplicar o tempo que ainda lhe restava na Terra, antes de reunir-se ao esposo.

 





Esforçando-se por concretizar os planos expostos por Allan Kardec em “Revue Spirite” de 1868, ela conseguiu, depois de cuidadosos estudos feitos conjuntamente com alguns dos velhos discípulos de Kardec, fundar a “Sociedade Anônima do Espiritismo”.

Destinada à vulgarização do Espiritismo por todos os meios permitidos pelas leis, a referida sociedade tinha, contudo, como fito principal, a continuação da “Revue Spirite”, a publicação das obras de Kardec e bem assim de todos os livros que tratassem do Espiritismo.

Graças, pois, à visão, ao empenho, ao devotamento sem limites de Madame Allan Kardec, o Espiritismo cresceu a passos de gigante, não só na França, que também no Mundo todo.

Estafantes eram os afazeres dessa admirável mulher, cuja idade já lhe exigia repouso físico e sossego de espírito. Bem cedo, entretanto, os Céus a socorreram. O Sr. P. G. Leymarie, um dos mais fervorosos discípulos de Kardec desde 1858, médium, homem honesto e trabalhador incansável, assumiu em 1871 a gerência da Revue Spirite e da Livraria, e logo depois, com a renúncia dos companheiros de administração da sociedade anônima, sozinho tomou sob os ombros os pesados encargos da direção. Daí por diante, foi ele o braço direito de Madame Allan Kardec, sempre acatando com respeito as instruções emanadas da venerável anciã, permitindo que ela terminasse seus dias em paz e confiante no progresso contínuo do Espiritismo.

Parecendo muito comercial, aos olhos de alguns espíritas puritanos, o título dado à Sociedade, Madame Allan Kardec, que também nunca simpatizara com esse título, mas que o aceitara por causa de certas conveniências, resolveu, na assembléia geral de 18 de Outubro de 1873, dar-lhe novo nome: “Sociedade para a Continuação das Obras Espíritas de Allan Kardec”, satisfazendo com isso a gregos e troianos.

Muito ainda fez essa extraordinária mulher a prol do Espiritismo e de todos quantos lhe pediam um conselho ou uma palavra de consolo, até que em 21 de Janeiro de 1883, às 5 horas da madrugada, docemente, com rara lucidez der espírito, com aquele mesmo gracioso e meigo sorriso que sempre lhe brincava nos lábios, desatou-se dos últimos laços que a prendiam à matéria.

A querida velhinha tinha então 87 anos, e nessa idade, contam os que a conheceram, ainda lia sem precisar de óculos e escrevia ao mesmo tempo corretamente e com letra firme.

Aplicando-lhe as expressões de célebre escritor, pode-se dizer, sem nenhum excesso, que “sua existência inteira foi um poema cheio de coragem, perseverança, caridade e sabedoria”.

 





Compreensível, pois, era a consternação que atingiu a família espírita em todos os quadrantes do globo. De acordo com o seus próprios desejos, o enterro de Madame Allan Kardec foi simples e espiriticamente realizado, saindo o féretro de sua residência, na Avenida e Vila Ségur n. 39, para o Père-Lachaise, a 12 quilômetros de distância.

Grande multidão, composta de pessoas humildes e de destaque, compareceu em 23 de Janeiro às exéquias junto ao dólmen de Kardec, onde os despojos da velhinha foram inumados e onde todos os anos, até à sua desencarnação, ela compareceu às solenidades de 31 de março.

Na coluna que suporta o busto do Codificador foram depois gravados, à esquerda, esses dizeres em letras maiúsculas: AMÈLIE GABRIELLE BOUDET – VEUVE ALLAN KARDEC – 21 NOVEMBRE 1795 – 21 JANVIER 1883.

No ato do sepultamento falaram os Srs. P.G. Leymarie, em nome de todos os espíritas e da “Sociedade para a Continuação das Obras Espíritas de Allan Kardec”, Charles Fauvety, ilustre escritor e presidente da “Sociedade Científica de Estudos Psicológicos”, e bem assim representantes de outras Instituições e amigos, como Gabriel Delanne, Cot, Carrier, J. Camille Chaigneau, poeta e escritor, Lecoq, Georges Cochet, Louis Vignon, que dedicou delicados versos à querida extinta, o Dr. Josset e a distinta escritora, a Sra. Sofia Rosen-Dufaure, todos fazendo sobressair os reais méritos daquela digna sucessora de Kardec. Por fim, com uma prece feita pelo Sr. Warroquier, os presentes se dispersaram em silêncio.

A nota mais tocante daquelas homenagens póstumas foi dada pelo Sr. Lecoq. Leu ele, para alegria de todos, bela comunicação mediúnica de Antonio de Pádua, recebida em 22 de Janeiro, na qual esse iluminado Espírito descrevia a brilhante recepção com que elevados Amigos do Espaço, juntamente com Allan Kardec, acolheram aquele ser bem aventurado.

No improviso do Sr. P.G. Leymarie, este relembrou, em traços rápidos, algo da vida operosa da veneranda extinta, da sua nobreza d'alma, afirmando, entre outras coisas, que a publicação tanto de O Livro dos Espíritos, quanto da Revue Spirite, se deveu em grande parte à firmeza de ânimo, à insistência, à perseverança de Madame Allan Kardec.

Não deixando herdeiros diretos, pois que não teve filhos, por testamento fez ela sua legatária universal a “Sociedade para Continuação das Obras Espíritas de Allan Kardec”. Embora uma parenta sua, já bem idosa, e os filhos desta intentassem anular essas disposições testamentárias, alegando que ela não estava em perfeito juízo, nada, entretanto, conseguiram, pois as provas em contrário foram esmagadoras.

Em 26 de Janeiro de 1883, o conceituado médium parisiense Sr. E. Cordurié recebia espontaneamente uma mensagem assinada pelo Espírito de Madame Allan Kardec, logo seguida de outra, da autoria de seu esposo. Singelas na forma, belas nos conceitos, tinham ainda um sopro de imortalidade e comprovavam que a vida continua... 

Fonte:espiritismogi.com.br