quinta-feira, 3 de março de 2011

A Biblioteca de Alexandria


Durante uns sete séculos, entre os anos de 280 a.C. a 416, a biblioteca de Alexandria reuniu o maior acervo de cultura e ciência que existiu na antigüidade. Ela não contentou-se em ser apenas um enorme depósito de rolos de papiro e de livros, mas por igual tornou-se uma fonte de instigação a que os homens de ciência e de letras desbravassem o mundo do conhecimento e das emoções, deixando assim um notável legado para o desenvolvimento geral da humanidade.
Fascinada por leituras, a jovem princesa Cleópatra visitava quase que diariamente a grande biblioteca da cidade de Alexandria. Mesmo quando César ocupou a maior parte da cidade, no ano de 48 a.C., ela, sua amante e protegida, o fazia acompanhá-la na busca de novas narrativas. O conquistador romano, também um homem de letras, um historiador, ficara impressionado com a desenvoltura cultural dela. Acoplada ao Museu, mandando construir pelo seu ilustre antepassado e fundador da dinastia, o rei do Egito Ptolomeu I Sóter (o Salvador), que reinou de 305 a 283 a.C. , a biblioteca tornara-se, até aquela época, o maior referencial cientifico e cultural do Mundo Antigo (*). Tudo indica que o erguimento daquele magnífico edifício no bairro do Bruquéion, nas proximidades do palácio real, deveu-se a insistência de Demétrio de Falério, um talentoso filósofo exilado que encheu os ouvidos de Ptolomeu para que ele tornasse Alexandria uma rival cultural de Atenas.


Quem realmente levou a tarefa adiante foi o sucessor dele, Ptolomeu Filadelfo (o amado da irmã) que, além de ter erguido o famoso farol na ilha de Faro e aberto um canal que ligava o rio Nilo ao Delta, , logo percebeu as implicações políticas de fazer do Museu e da Biblioteca um poderoso enclave da cultura grega naquela parte do mundo. A nova dinastia de origem grega, chamada dos Lágidas, que passara a governar o país dos faraós, ao tempo em que se afirmava no poder, desejou também transformá-lo. Desencravando o trono real da cidade de Mênfis, situada nas margens do rio Nilo, no interior, transferindo-o para Alexandria, nas beiras do mar Mediterrâneo, a nova capital tinha a função de arrancar o milenaríssimo reino do sarcófago em que o enterraram por séculos, abrindo-lhe a cripta para que novos ares adentrassem.
Fazer com que o povo, ou pelo menos sua elite, se livrasse de ser tiranizados por sacerdotes e mágicos de ocasião que infestavam o pais. Gente que só pensava em viver num outro mundo, o do Além, e como seriam sepultados. Era o momento deles darem um basta ao Vale dos Mortos e celebrar os hinos à vida, exaltada pela cultura helenística. Mesmo os horrores de uma tragédia de Ésquilo ou Sófocles tinham mais emoção e paixão do que o soturno Livro dos Mortos. Era a hora das múmias e dos embalsamadores cederem o seu lugar aos sátiros e aos cientistas, de pararem de adorar o Boi Apis e se convertessem ao culto dos deuses antropomórficos. Filadelfo, porém, que era um entusiasta da ciência, num ato sincrético, fundindo costumes gregos com egípcios, resolveu reintroduzir o antigo cerimonial existente entre as dinastias do país do faraó esposar a própria irmã, tornando a princesa Arsinoe II a sua mulher.

 

Dizem que um outro Ptolomeu, dito Evergetes (o Benfeitor), morto em 221 a.C., ficou tão obsecado em aumentar o acervo da biblioteca que teria ordenado a apreensão de qualquer livro trazido por um estrangeiro, o qual era imediatamente levado aos escribas que então tiravam uma cópia, devolvendo depois o original ao dono, premiado com 15 talentos.
Por essa altura, entre os séculos II e I a.C., Alexandria , que fora fundada por Alexandre o Grande em 332 a.C., assumira, com todos os méritos, ser a capital do mundo helenistico. Centro cosmopolita, por suas ruas, praças e mercados, circulavam gregos, judeus, assírios, sírios, persas, árabes, babilônios, romanos, cartagineses, gauleses, iberos, e de tantas outras nações. A efervescência dai resultante, é que fez com que ela se tornasse um espécie de Paris ou de Nova Iorque daquela época, cuja ênfase maior foi porém a ciência e a filosofia.
 Os Lágidas ou Ptolomeus, governaram o Egito a partir da partilha feita entre os Diadochoi, os diádocos, os generais de Alexandre o Grande, quando da morte deste em 323 a.C. Coube ao primeiro Ptolomeu, autodesignado Sóter (o Salvador), tornar-se rei do Egito no ano de 305 a.C., iniciando uma dinastia que teve 14 Ptolomeus e 7 Cleópatras. A última rainha do Egito foi Cleópatra VII, que suicidou-se em 30 a.C. , ocasião em que o país caiu sobre a dominação romana de Otávio Augusto.
Fonte:educaterra.terra.com.br

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