segunda-feira, 9 de abril de 2012

Somos todos Médiuns?


A mediunidade é um presente contínuo. Não existe esse estado de “estar” ou “não estar” mediunizado. Por muito tempo se imaginou o processo mediúnico como algo momentâneo, acidental. Isso se deve ao autoentendimento que se instalou nas casas espíritas, a partir da década de 1940, conforme nos referimos no artigo anterior. Com efeito, uma deferência especial passou a ser dispensada aos chamados médiuns, o que gerou graves distorções no entendimento dos espíritas, como a mitificação do médium, a sacralização da mediunidade, a esoterização do processo mediúnico.
 
É preciso, urgentemente, reconceituar mediunidade. Como dissemos, essa faculdade do espírito é um presente contínuo, ou seja, ela está sempre presente e ativa em nosso cotidiano. Pelo processo reencarnatório, o espírito submete-se às limitações da matéria, parte de suas faculdades fica embotada, sua percepção quase se restringe exclusivamente aos sentidos do corpo físico. Mas, mesmo limitado pela tridimensionalidade da matéria e sendo parte, o espírito não tem interrompida sua interação com o todo e a totalidade. Mantém o vínculo com todo o acontecimental imediato e mediato da sua existência, não se limitando ao processo espaço-temporal. Portanto, transcende permanentemente. Sentimos e pressentimos acontecimentos distantes no tempo e no espaço, como as intuições e premonições. A isso denominamos de apercepção. Esse estado de interação constante permeia todos os seres vivos. 
 
 
 
 
 
 
Essa constatação pode explicar como os animais, por exemplo, têm percepções semelhantes. Quem tem animais domésticos já deve ter percebido como eles “sabem” quando o dono está chegando em casa, mesmo que isso leve alguns minutos. É como se recebessem um aviso antecipado da chegada da pessoa. Mas, na realidade é como se estivessem em contato contínuo com seus donos, sem sair de seu lado, mesmo que espacialmente distantes. Pessoas que sofreram as agruras da 2ª Guerra Mundial na Alemanha, perceberam que quando haveria bombardeio em suas cidades, os pássaros retiravam-se do ambiente com horas de antecedência. O mais surpreendente é que essa retirada dava-se mesmo antes dos aviões bombardeiros decolarem da Inglaterra. Nem os observadores avançados, nem os radares, haviam detectado qualquer movimento, mas os pássaros “sabiam”, por assim dizer, e buscavam refúgios seguros. Há relatos de animais extraviados a centenas de quilômetros das suas antigas casas, mas que retornaram dias após o sumiço, como se tivessem um mapa mental do trajeto. 
 
Na matéria, as coisas parecem separadas porque cada objeto se encerra num espaço estruturado finito, como espaços contidos e, pela forma como aprendemos a ver e interpretar a realidade, achamos que nada há entre eles, senão espaços vazios. Ora, depois de Einstein, nada é vazio. A descoberta da curvatura do espaço mostrou que nem mesmo a luz escapa das distorções espaciais provocadas pela gravidade dos astros.  Os físicos têm se debruçado sobre o que denominam de “emaranhamento quântico”, que permite que duas partículas que interagiram antes possam continuar interagindo de forma instantânea, independentemente da distância que se encontram. Como nada se desloca mais rápido do que a luz em nosso Universo, essa interação acontece por um entrelaçamento atemporal e transespacial. Será que podemos compreender o processo mediúnico por esses referenciais? Afinal, somos capazes de antever acontecimentos no tempo e no espaço, portanto, apercepcionais, porque atemporais e transespaciais.
 Apesar do ceticismo de grande parte dos cientistas, a ciência tem muito a contribuir para o nosso autoconhecimento, no que se refere à natureza do espírito.
 
 
 fonte:serespirita.com.br

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