quarta-feira, 19 de setembro de 2012

O Ramadã



O Ramadã é o nono mês do calendário islâmico no qual se acredita que o profeta Maomé recebeu a revelação da parte de Deus, ou Alá, dos primeiros versos do Alcorão. De acordo com o Islamismo, Maomé estava andando em um deserto perto de Meca 610 D.C. 

Isso aconteceu onde atualmente localiza-se a Arábia Saudita. Certa noite, uma voz vinda do céu o chamou. Segundo a tradição foi a voz do anjo Gabriel que falou que Maomé tinha sido escolhido para receber a palavra de Alá. Nos dias posteriores, Maomé começou a falar os versos que seriam transcritos, compondo o Alcorão.

O início do Ramadã em cada ano é baseado na combinação das observações da Lua e em cálculos astronômicos. O termino do Ramadã é determinado de maneira semelhante. Pelo fato de o Islamismo usar um calendário lunar, o inicio e termino do Ramadã varia de ano para ano podendo ser realizado em diferentes meses e estações. 

O calendário lunar é baseado na observação das fases da Lua, em que o início de cada mês é identificado com a visão de uma nova Lua. Este calendário tem cerca de 11 dias a menos que o calendário solar usado na maior parte do mundo ocidental. 

Portanto, o Ramadã é um dos mais tradicionais e importantes eventos anuais para os muçulmanos e compõe um dos cinco pilares (Shahada - profissão de fé, Salah - cinco orações diárias, Sakat - caridades, Ramadã/Suam - jejum e Hajj - peregrinação a Meca), ou obrigações, da fé islâmica. 






Quem deve ou não praticá-lo

 A Jurisprudência Islâmica assim define o Jejum: O Jejum é obrigatório para todo muçulmano que tenha atingido a puberdade e que goze de perfeita saúde física e mental.

Todos os jovens quando atingem a puberdade, devem jejuar, e o primeiro jejum de uma pessoa na comunidade muçulmana, é algo para celebração e festa. As grávidas, lactantes, as que estão no período menstrual, crianças, idosos e aqueles que estiverem doentes ou viajando, são dispensados de praticarem o ramadã.

A isenção temporária do jejum é baseada nas circunstâncias individuais, que precisam ser analisadas durante o mês e, aconselhadas por um Imam (Líder religioso) ou por um estudioso islâmico. No entanto, na maioria dos casos os dias de jejum perdidos terão de ser compensados por um número de dias iguais, a qualquer momento antes do próximo Ramadã.

 No caso de um doente terminal ou de uma doença incurável a pessoa deixa de jejuar definitivamente, tendo que dar uma refeição a um necessitado para cada dia não jejuado, ou o equivalente ao valor de uma refeição, caso tenha condições para tal, caso contrário não está obrigado a nada.




Quando

O jejum é feito por cerca de 29 dias entre o nascer e o pôr do sol. O dia começa com o suhoor, uma refeição feita ainda de madrugada, e termina com o iftar, a refeição que quebra o jejum do dia. É um momento de celebrar com a família e os amigos quando pessoas de outras religiões podem ser convidadas. Se alguém comer, beber ou tiver relações sexuais durante esse período, deverá alimentar 60 pobres ou jejuar por 60 dias.

Há duas grandes celebrações nesse período. Na noite do 26º para o 27º dia do Ramadã, celebra-se o laylat al-kadr (noite do decreto), pois se acredita que foi nessa noite que Alá começou a falar com Maomé. Alguns oram durante toda a noite e fazem seus pedidos mais especiais a Alá. No fim do jejum ocorre o eid ul-fitr, um banquete seguido de três dias de comemoração. É proibido jejuar nesse período, muitos muçulmanos vestem suas melhores roupas e decoram suas casas com luzes e outros enfeites. 

Dividas antigas são perdoados e dinheiro é dado aos pobres. Alimentos especiais são preparados e amigos ou parentes são convidados a partilhar a festa. Presentes e cartões são trocados e as crianças recebem presentes, algo semelhante ao Natal comemorado nos países do Ocidente. Eid al-Fitr é uma ocasião alegre, mas seu propósito subjacente é de louvar a Deus e dar graças a ele, segundo a crença islâmica.





As implicações do Ramadã no cotidiano

O aumento dos preços das commodities comuns, tais como alimentos para animais e outras necessidades diárias em países muçulmanos durante o mês de jejum, acrescentam um enorme sofrimento para o povo pobre. Os muçulmanos consomem mais alimentos e artigos de luxo durante o Ramadã do que em outras épocas do ano. 

 Um homem em jejum vai consumir mais alimentos no total do que um homem que não está em jejum na mesma família.  Devido à alta procura desses alimentos e artigos os governos aumentam a oferta dos gêneros e consequentemente os comerciantes não conseguem manter os preços baixos. Além disso, nessa época muitos muçulmanos costumam chegar mais tarde e sair mais cedo do trabalho.

Em muitos países do mundo muçulmano não praticar o jejum ou comer na frente de alguém que está jejuando é uma falta grave. Na Arábia Saudita, por exemplo, quem ousar admitir que não esteja jejuando é punido.
No Marrocos o código penal prevê pena de até seis meses de prisão a quem não praticar o jejum. A Constituição marroquina ressalta que o islamismo é a religião oficial, mas diz também que o Estado protege a liberdade religiosa, enquanto o código penal criminaliza a quebra do jejum em público. 

Dessa forma os indivíduos são obrigados a praticar o Ramadã de duas formas, pela lei e pela religião.
Na Argélia, por exemplo, em outubro de 2008, seis pessoas foram condenadas a quatro anos de cadeia e receberam pesadas multas. No Kuwait, uma lei de 1968 estipula multa e ou encarceramento para aqueles flagrados comendo, bebendo ou mesmo fumando durante o período sagrado do Ramadã. 

Nos Emirados Árabes Unidos, comer ou beber durante o dia é considerado uma ofensa menor e punida com serviços comunitários. Nos Emirados as leis trabalhistas estabelecem que durante o Ramadã os empregados devem trabalhar apenas 6 horas por dia, sejam eles muçulmanos ou não.
O jejum (Ramadã) é obrigatório em muitos países de maioria muçulmana ou islâmicos; por isso, ninguém pode declarar em público que não está jejuando durante este mês sagrado. Sendo o jejum um dos pilares do islamismo, os sábios muçulmanos consideram deixar de jejuar somente um dia do Ramadã um dos pecados mais graves. 

Muitos ataques a igrejas e cidadãos cristãos costumam acontecer nos últimos dias do Ramadã. Um desses dias é denominado de Laylat al-Qadr (literalmente “Noite do Destino”, também conhecida como “Noite do Poder”) e que normalmente é comemorado no 27º dia do jejum, neste dia acredita-se que o profeta Maomé tenha recebido a revelação dos primeiros versos do Alcorão. Muitos cristãos do mundo muçulmano são alvo de processos penais e violência por se negarem a praticar o jejum islâmico.Fonte:portasabertas.org.br

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