terça-feira, 24 de setembro de 2013

O Equinócio da Primavera





"Quando as nuvens parecerem pedras e flores, a terra será renovada por chuvas de primavera".


E chega a primavera! É o despertar da natureza que sai de seu repouso de inverno e traz um renascer, uma renovação que invade a vida vegetal e animal. Para nós, humanos, também é um tempo de recarregar as energias, absorver a força da natureza, revigorar e rejuvenescer.

Povos antigos realizavam rituais a cada mudança de ciclo da natureza, ou seja, a cada mudança de estação. E os rituais de primavera eram valorizados por celebrarem a fertilidade, para marcar o início de um período de abundância e generosidade da Mãe Natureza.

Nessa época, no Equinócio da Primavera, povos antigos da Europa celebravam rituais em homenagem à deusa Eostar, também chamada Eostre, Ostera ou Esther - a deusa que presidia o nascimento da primavera e o despertar da vida na Terra.

O ritual do Equinócio da Primavera também recebia vários nomes, como Sabá do Equinócio da Primavera, Sabá do Equinócio Vernal, Festival das Árvores, Ostara e Rito de Eostre. Era essencialmente um rito de fertilidade. A deusa Eostre era simbolizada segurando um ovo na mão e observando um coelho pulando aos seus pés.





Mais tarde, o cristianismo transformou esta festa na Páscoa. A própria palavra "Esotre" ou "Ostara" deu origem ao termo Easter (Páscoa, em inglês). No hemisfério Norte, a Páscoa é celebrada justamente próximo ao início da primavera. 

Até os dias atuais, o Domingo de Páscoa é determinado pelo antigo sistema do calendário lunar, colocando este dia sagrado para os cristãos no primeiro domingo após a primeira lua cheia, ou após o Equinócio da Primavera. E a Páscoa celebra justamente a ressurreição, o renascimento.

Outros fatores também podem indicar a relação da celebração da Páscoa com os antigos rituais da primavera. O coelho e os ovos, além de participarem da representação da deusa Eostre, eram antigos símbolos de fertilidade e renascimento.

 Além disso, decorados e pintados com vários símbolos mágicos, os ovos eram lançados ao fogo ou enterrados como oferendas à Deusa. Ovos cozidos também eram consumidos durante os ritos de primavera, junto com outros alimentos sagrados como bolo de mel e frutas da estação.

Os celtas realizavam no Equinócio de Primavera o ritual de Ostara - que marcava o ponto nodal no giro da roda do ano, quando o poder da luz começa a ganhar ascendência sobre o poder das trevas. Uma simbologia interessante, pois em Ostara, a duração da noite e do dia são iguais.





 A luz começa a vencer a escuridão e a partir daí o dia terá maior duração que a noite, inspirando a reprodução das criaturas na Terra e marcando o início de uma época propícia para iniciar, agir e semear. O ritual marcava o início do plantio, tanto físico como espiritual.

Alguns símbolos relacionados aos rituais do equinócio de primavera são as flores e os ovos decorados. Neste dia, povos antigos da Europa colhiam flores nos campos e as levavam para casa, pois acreditavam que as flores colhidas neste equinócio tinham potenciais mágicos e, por meio delas, seriam capazes de se conectarem à poderosa energia renovadora da Natureza.

 Depois, essas flores eram secas e com elas faziam-se enfeiteis para as casas, que permaneciam até o ritual de Ostara do ano seguinte, época em que eram trocados por novas flores, de forma a garantir a continuidade da renovação, trazendo saúde e prosperidade.

Mesmo nos dias atuais, em meio a tanta tecnologia e conhecimento científico, podemos aproveitar a chegada da primavera para retomar nosso contato com a Mãe Natureza e atrair boas energias de renovação e prosperidade para a nossa vida. Embora atualmente seguidores de sabedorias diversas ainda pratiquem certos rituais ligados aos ciclos da natureza, não é preciso participar de um Sabá para celebrar esta passagem de ciclo tão simbólica. 

Pequenos e simples rituais podem ser incorporados em nossa rotina para nos lembrar que não estamos aqui por acaso e que não só influenciamos como também somos influenciados por este grande ser do qual fazemos parte: a Mãe Natureza.
Por: Rose Aielo Blanco*

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* Rose Aielo Blanco é jornalista, escritora e editora do www.jardimdeflores.com.br

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