terça-feira, 15 de maio de 2012

A ilha de Kauai



Um cenário tropical e 43 praias de areia branca desenham na ilha de Kauai o mais belo litoral de todo o arquipélago havaiano. Sem as ondas gigantes de Oahu ou as areias multicoloridas da ilha do Havaí, a costa banhada por água cristalina surge protegida por encostas íngremes e vales esculpidos sem pressa por derrames de lava e chuvas torrenciais. Muitas praias parecem verdadeiros oásis abertos em meio a florestas exuberantes. Outras permanecem isoladas, acessíveis apenas por barco, helicóptero ou longas caminhadas.





 




Aquários naturais protegidos por recifes de coral abrigam enormes populações de peixes tropicais, que podem ser observados em um mergulho raso a apenas alguns metros da areia. O sobe-e-desce dos picos e das escarpas cobertos de vegetação impede a construção de estradas no litoral norte, criando um interessante paradoxo. É justamente essa ausência de modernidade que torna Kauai um paraíso que ainda lembra aquele que fascinou o explorador inglês James Cook quando pisou ali em 1778, para ser conhecido como o primeiro viajante ocidental a desembarcar no Havaí. Estabeleceu-se na região o cultivo de cana-de-açúcar, que ainda hoje ocupa vastas extensões ao sul da ilha.

A menos desenvolvida das ilhas permanece praticamente rural e pouco povoada, pontuada aqui e ali por luxuosos resorts e enormes campos de golfe, como os que cobrem de verde os pequenos morretes da região de Princeville. Restaurantes, lojas e galerias de arte e até um pequeno aeroporto marcam o local mais refinado de toda a ilha. Fora dali, mesmo a capital, Lihue, não passa de uma cidadezinha de aparência agrícola e ruas desordenadas.

No interior, conhecido como o lugar mais úmido do planeta, apenas o monte Waialeale, um vulcão extinto há seis milhões de anos, toma conta da paisagem. A chuva, que não dá trégua o ano todo, ajuda a completar a paisagem com brilhantes arco-íris, com aparição quase diária.

 





Um balé de cachoeiras espetaculares chega a confundir a vista com suas delgadas linhas brancas e alimenta o único rio navegável de todo o arquipélago, o Wailua. Não é raro que as estradas litorâneas, principalmente no inverno, sejam interrompidas de repente por inundações-relâmpago, tomadas por pequenos rios, incapazes de dar vazão ao volume de água que desce das montanhas.

No caminho para a costa norte, dezenas de pontes estreitas que ligam a pacata cidade de Hanalei às praias mais frequentadas de Kauai podem ser cobertas pelas águas dos riachos em questão de minutos, isolando vilarejos, às vezes por alguns dias. Aliada ao tempo, a força da água também erodiu o maior cânion do Pacífico, o Waimea, facilmente comparável ao Grand Canyon, no oeste americano, não fosse o verde que cobre suas encostas. Inundou também a grande área que forma hoje o pântano de Alakai. Nos dois parques estaduais que protegem a região, dezenas de trilhas percorrem o centro da ilha e acompanham a base do cânion.

Outras delas partem do norte da ilha. A principal, a Kalalau, percorre a costa de Na Pali. Considerada uma das caminhadas mais espetaculares do mundo, requer no mínimo sete horas para percorrer seus 18 quilômetros.

 








Mas mesmo o menos preparado dos turistas pode se arriscar nos 30 minutos iniciais, atravessando riachos e cachoeiras, para ser recompensado por uma inesquecível vista de Na Pali.

A trilha parte da praia de Kee, a mais bela de Kauai, ao final da estrada que leva para o norte. À esquerda, uma encosta de mais de 400 metros, início da caminhada, emoldura a praia de areia dourada e suas águas cristalinas, protegidas ainda por um recife de coral. Verdadeiro aquário natural, Kee abriga dezenas de espécies de peixes tropicais, que nadam tranquilamente ao lado dos banhistas.

A calmaria da ilha só foi subvertida três vezes, por furacões violentos. O último, o Iniki, de 1992, destruiu quase toda a costa, incluindo hotéis luxuosos. Muito já foi reconstruído, mas alguns marcos locais, como o hotel Coco Palms, onde Elvis Presley gravou cenas do filme "Feitiço Havaiano" (1961), continuam em ruínas 11 anos depois. 
 Fonte:folha.uol.com.br

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