Quase cem anos antes da chegada da codificação, o poeta considerado louco dizia escrever inspirado "pelos que já vivem no plano espiritual"
William Blake foi genial em sua produção artística
como poeta, ilustrador e pintor. Londrino, nascido em 1757, foi também
um grande pensador que chegou a ser considerado louco pela sociedade por
causa de suas declarações polêmicas que rejeitavam a moral da época, a
"igreja institucionalizada".
Foi considerado por muitos críticos como o maior poeta inglês e um dos pensadores mais originais de todos os tempos.
A
controvérsia em torno da obra de Blake que oscilava entre a loucura e a
genialidade, para a crítica, pode ser resumida nas palavras do poeta
William Wordsworth: "não há qualquer dúvida de que este pobre homem é um
louco; mas há algo em sua loucura que me interessa mais do que a
sanidade de Lord Byron e Walter Scott."
Começou a
estudar desenho aos 14 anos e aos 12 a escrever poesias, desenvolvendo o
hábito de ilustrá-las. Criou, posteriormente, um método inédito chamado
illuminated printing (impressão iluminada), no qual utilizava uma matriz de cobre para imprimir o texto e os desenhos na mesma página.
Em
seus trabalhos encontramos uma mistura de visões apocalípticas com
fervor político, releituras da teologia cristã e explorações
psicológicas.
Muito profundamente envolvido com a
questão religiosa, projetou conceitos e valores que o perturbavam, em
sua produção repleta de simbologia. Acreditava que havia novos
princípios a extraírem-se da sociedade, diferentes dos, então,
institucionalizados.
Para ele, o princípio que
deveria regular o mundo era a razão, o que o aproximava de conceitos de
uma religião que ainda não havia sido decodificada: o Espiritismo.
O poeta não compreendido, em seu tempo, mas que tem obras apreciadas universalmente, teve uma sensibilidade mediúnica influente
em sua arte. Ele próprio chegou afirmar ter escrito suas poesias "sob a
direção do Espírito Milton", como declarou, "que todas as" suas "obras
foram inspiradas pelos que já vivem no plano espiritual".
Na
verdade, Blake tinha visões que relatava desde os 8 anos, como a de uma
árvore decorada com anjos em todos os galhos como estrelas. Em outro
momento, viu figuras angelicais andarem por meio de trabalhadores.
Um exemplo das influências mediúnicas em Blake foi revelado na obra As Forças do Paraíso
em que o artista utilizou uma técnica desconhecida de pintura que
afirmava haver-lhe sido revelada pelo espírito de seu irmão, Robert, que
morreu de tuberculose com apenas 20 anos. Com essa perda, Blake ficou
muito perturbado e alguns estudiosos declaram que, nesse momento, a dor e
o sofrimento o levaram à verdadeira iniciação espiritual.
Em
carta a William Hayley, Blake escreveu: "Eu sei que nossos falecidos
amigos estão mais realmente conosco do que quando aparentes no plano
mortal. Há treze anos eu perdi um irmão e com ele eu converso
diariamente e a toda hora, em espírito. (...). Eu ouço seus conselhos e,
até mesmo neste momento, escrevo sob seu ditado."
Dentre suas obras mais expressivas estão The Book of Thel , Songs of Innocence, The Marriage of Heaven and Hell, The French Revolution, America: A Prophecy, The Book of Urizen e The Songs of Experience.
"Ver um mundo em um grão de areia
e um céu numa flor silvestre,
segurar o infinito na palma da mão
e a eternidade em uma hora" William Blake
Mariana Sartor
Jornal Correio Fraterno n.416 – julho/ agosto de 2007, pág.10.
Fonte:correiofraterno.com.br
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