"Ao romper com a linhagem tradicional da Igreja Católica medieval, ancorada no pensamento platônico, santo Tomás de Aquino situou-se na vanguarda de seu tempo. Sua obra, baseada nas idéias aristotélicas, contribuiu para a adaptação e sobrevivência da fé cristã paralelamente à nova mentalidade racionalista que se tornaria, nos séculos seguintes, o fio condutor da civilização ocidental.
Tomás de Aquino, em italiano Tommaso d'Aquino, nasceu no castelo de Roccasecca, próximo a Aquino, no reino da Sicília, entre 1224 e 1225. Era unido pelos laços de sangue à família imperial e às famílias reais de França, Sicília e Aragão. Oriundo de uma família da pequena nobreza que pretendia beneficiar-se das vantagens de ter um filho abade, aos cinco anos foi oferecido como oblato - leigo a serviço de ordem monástica - à abadia de Monte Cassino. Em 1239 foi obrigado a voltar ao convívio da família, quando os monges foram expulsos pelo imperador.
Enviado à Universidade de Nápoles, em 1244 ingressou na ordem mendicante dos dominicanos , criada cerca de trinta anos antes, que criticava a vida monástica tradicional em favor de uma prática de pregação e ensino e tal acontecimento determinou uma forte reação por parte de sua família. Para subtraí-lo à influência da família, que desaprovava seu ingresso na ordem, e ao mesmo tempo possibilitar que continuasse os estudos universitários, seus superiores enviaram-no a Paris.
Seqüestrado durante a viagem por seus irmãos, Tomás de Aquino foi encerrado por um ano no castelo de Roccasecca. Tendo resistido a todas as pressões para que abandonasse seus propósitos, foi finalmente libertado e rumou para Paris em 1245. Na capital francesa, a ciência árabe-aristotélica, totalmente nova para o homem ocidental, chocava os cristãos e provocava forte reação das autoridades da igreja, que adotavam medidas de censura e proibição.
Alberto Magno
estava entre os que não temiam a nova filosofia.
Filho da
nobre família de duques de Bollstädt (1207-1280), abandonou o mundo
e entrou na ordem dominicana. Ensinou em Colônia, Friburgo,
Estrasburgo, lecionou teologia na universidade de Paris, onde teve
entre os seus discípulos também Tomás de Aquino, que o acompanhou a
Colônia, aonde Alberto foi chamado para lecionar no estudo geral
de sua ordem. A atividade científica de Alberto Magno é vastíssima:
trinta e oito volumes tratando dos assuntos mais variados - ciências
naturais, filosofia, teologia, exegese, ascética.
Consagrava-se,
Tomás de Aquino, à interpretação dos textos de Aristóteles e à
incorporação de suas idéias à doutrina da igreja. Em 1248, ambos
seguiram para Colônia e, em 1252, Tomás de Aquino retornou a Paris,
onde se formou em teologia. A partir de 1256, tornou-se mestre na
matéria, que passou a lecionar numa das escolas dominicanas
incorporadas à Universidade de Paris. Nomeado mestre da cúria
pontifical, entre 1259 e 1268 lecionou em Anagni, Ovieto, Roma e
Viterbo. Mais uma vez de volta a Paris, Tomás de Aquino opôs-se
simultaneamente, em notável polêmica, aos averroístas, que afirmavam
que a verdade da fé pode entrar em contradição com a verdade
racional e propunham uma teoria dualista; e aos agostinianos,
detratores do pensamento aristotélico em favor do dogma cristão.
O
fato dele haver condenado o averroísmo radical, em 1270, e o
subseqüente descrédito face ao pensamento aristotélico prejudicaram
o prestígio de Tomás de Aquino. Em 1272, o filósofo seguiu para
Nápoles, onde fundou um núcleo dominicano de estudos na
universidade. Ali, as divergências com os agostinianos
acentuaram-se. A idéia tomista segundo a qual o homem situa-se na
fronteira entre dois universos, o material e o espiritual, era para
os agostinianos fruto de uma valorização excessiva da natureza e da
matéria, em detrimento da transcendência e superioridade da alma
imortal sobre o plano físico.
De maneira geral, a obra de Tomás de Aquino pode ser organizada da
seguinte forma: (1) comentários ao Antigo e ao Novo Testamento,
assim como às obras de vários pensadores, principalmente
Aristóteles; (2) cursos e polêmicas, que incluem o material de suas
aulas; e (3) duas sínteses teológicas, a Suma teológica e a Suma
contra os gentios. Em 1274, Tomás de Aquino foi pessoalmente
convocado pelo papa Gregório X a participar do II Concílio de Lyon,
cujo principal objetivo era remediar a cisão entre as igrejas grega
e romana.
Adoeceu durante a viagem e morreu no mosteiro cisterciense
de Fossanova, em 7 de março de 1274,
com
apenas quarenta e nove anos de idade.
Três anos depois, os mestres de Paris, que representavam a maior
autoridade teológica da igreja, condenaram 219 proposições, entre as
quais 12 eram de autoria do dominicano. Na Idade Média, nenhuma
condenação poderia ser mais séria que essa e sua repercussão
representou, durante séculos, um obstáculo à difusão do tomismo.
Canonizado em 1323, Tomás de Aquino passou a ser festejado no
aniversário de sua morte e, mais tarde, no dia 18 de julho. Foi
reconhecido como doutor da igreja em 1567 e, no final do século XIX,
a corrente ortodoxa fez-se representar pelo tomismo".
As obras
do Aquinate podem-se dividir em quatro grupos:
1.
Comentários: à lógica, à física, à metafísica, à ética
de Aristóteles; à Sagrada Escritura; a Dionísio pseudo-areopagita;
aos quatro livros das sentenças de Pedro Lombardo.
2.
Sumas:
Suma Contra os Gentios, baseada substancialmente em
demonstrações racionais; Suma Teológica, começada em 1265,
ficando inacabada devido à morte prematura do autor.
3.
Questões:
Questões Disputadas (Da verdade, Da alma, Do
mal, etc.); Questões várias.
Fonte: http://www.irthomas.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário