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sábado, 23 de julho de 2011

As Doenças Cármicas


A palavra carma vem do sânscrito, antigo idioma hindu consagrado aos cultos nos templos iniciativos, e significa causa e efeito ao mesmo tempo. Expressa a lei segundo a qual toda causa gera um efeito equivalente em sentido contrário, abrangendo o próprio destino do homem. Este conceito está de acordo com o que ensina Allan Kardec no livro O Céu e o Inferno, página 88, item 9: "Toda falta cometida, todo mal realizado é uma dívida contraída que deverá ser paga; se não o for em uma existência, se-lo-á na seguinte ou seguintes, porque todas as existências são solidárias entre si. Aquele que se quita numa existência não terá necessidade de pagar segunda vez".
A mesma conotação encontra-se no Evangelho, quando afirma: "Em verdade, em verdade vos digo que todo aquele que comete pecado é servo do pecado". (Jo 8, 34) Contrair dívida ou ser servo do pecado significa prender-se a faltas do passado, manter-se estagnado sem condições de retomar o caminho da evolução espiritual. Um dos recursos que a Natureza emprega para realizar a libertação das faltas cometidas de doenças ou outras modalidades de perturbações que podem ocorrer na mesma existência ou em existência futura.
Desse modo, se compreende que o carma não tem a finalidade de punir, mas de harmonizar espiritualmente o ser humano, com a lei da evolução, libertando-o da estagnação causada pelas faltas cometidas. Todos os pensamentos, emoções, sentimentos e atos praticados pela pessoa, durante sua existência atual, geram carmas específicos que se somam ao carma que traz de vidas passadas, e cujos efeitos expressam o saldo favorável ou desfavorável que incide na vida presente.
  Nenhum acaso rege o destino das pessoas. É a lei do carma que a tudo coordena, ajusta e realiza, no nível perispiritual, registrando tanto as ações favoráveis como as desfavoráveis da vida de cada um. Se a dor ou o infortúnio, sem causa aparente, batem à porta, não são devidos ao castigo de Deus, nem à fatalidade de um destino cruel. São, na maioria das vezes, o resultado de ações inflexíveis, segundo as quais a colheita de cada um é obrigatória, em decorrência do que semeou nesta vida ou em vidas pregressas, visto ter o carma a finalidade de reajustar as criaturas à harmonia universal.
A Lei do Carma pode ser entendida como decorrente da Lei de Causa e Efeito, do retorno ou reciprocidade, segundo a qual toda ação praticada tem o seu retorno equivalente e em sentido contrário. Esta lei tem sua conotação no Evangelho quando afirma que "a cada um será dado segundo as suas obras"(Mt, 16, 27; Ap 22,12) Na Natureza, essa lei é clara, e ninguém espera colher milho se plantou feijão.
Segundo a Lei do Carma, se a pessoa não tem disciplina mental para controlar os seus atos e cometer faltas durante sua existência, terá que enfrentar suas consequências na própria vida ou em vida futura, pois as mesmas se manterão registradas no perispírito e se manifestarão como problemas de retorno nesta existência, ou como doenças ou perturbações cármicas em vida futura.
Se a pessoa cometeu alguma falta em relação ao seu próprio organismo, prejudicando-o de diferentes maneiras, como ocorre pelo uso de drogas, entregando-se aos vícios, à concupiscência e aos desregramentos pessoais, ou se prejudicou os seus semelhantes e, particularmente, os seus familiares, aos quais tem a responsabilidade de ajudar, ou se lesou, de alguma forma, a Natureza que a acolhe dadivosamente, deverá receber como retribuição, algumas vezes na própria vida ou, certamente, na vida futura, o sofrimento que lhe corresponde como forma de ressarcir a referida falta, à qual está ligada pelos vínculos da Lei de Causa e Efeito.


 
1 - Causas das Doenças Cármicas

As faltas cometidas no passado, que podem ser responsáveis pelas doenças cármicas, estão entre os vícios, como os causados pelo cigarro, pelas bebidas alcoólicas, pelas drogas, e mesmo pelo uso, sem controle, de medicamentos psicotrópicos, utilizados no tratamento de distúrbios mentais; a agressividade humana, como a violência, a maldade, o sequestro, o estupro, o roubo, o assalto, o terror, o homicídio, a exploração dos semelhantes nas suas diferentes modalidades; o suicídio premeditado, o sacrifício do organismo por privações inúteis e outras formas de agressão ao próprio corpo; o hábito de se entregar a pensamento negativos, como os impregnados por emoções de ódio, ciúme, inveja, raiva, tristeza, calúnia, insatisfação; os desvios da sexualidade e os estados de vida pautados na ociosidade, no mau emprego de posições de responsabilidades social ou administrativa, prejudicando os semelhantes e constituindo mau exemplo para a sociedade.
As faltas cometidas no passado, responsáveis por sofrimentos que ocorrem na vida atual, podem ter sido cometidas pela própria pessoa ou pelos seus familiares, visto existirem laços espirituais muito estreitos entre os mesmos. Esses laços devem ser mantidos sempre que possível, pela afeição que deve unir as pessoas, visto ser a família a escola primeira, para a vivência do amor fraterno entre os seres humanos.
Todas as pessoas têm vínculos muito profundos com os seus familiares, vínculos que transcedem a existência atual, de sorte que a dor que as açoita pode decorrer não apenas de fatores oriundos de si mesmas, também, de seus entes queridos, como lembra a mensagem sobre o cego de nascença cujo mal poderia ter sido causado por si mesmo ou pelos seus familiares. (Jo 9, 1-3)
Além dos vínculos familiares, as pessoas tem relacionamentos coletivos. Elas podem ter ajudado ou
prejudicado outras criaturas, razão pela qual, além do carma individual, existe o carma familiar e o carma coletivo. O carma coletivo explica como, na ocorrência de acidentes, catástrofes, muitas pessoas podem estar envolvidas no mesmo sofrimento, sem ser por acaso. Não é só a má sementeira que produz maus frutos. Certos comportamentos aparentemente inofensivos podem ser danosos à própria alma, como o não aproveitamento das oportunidades que lhe foram proporcionadas durante a existência terrena, geram, igualmente, má colheita no futuro.
Do mesmo modo, a inatividade, a inércia, a ociosidade, a preguiça física e mental, são igualmente nocivas à alma, que não pode manter-se estagnada em face das leis às quais está vinculada. Toda pessoa em condições de saúde compatíveis com a realização de alguma modalidade de trabalho, deve esforçar-se para ser útil a si mesma e ao próximo.

2 - Manifestações das Doenças Cármicas

Respeitadas as leis da hereditariedade, o espírito atua no ser humano como modelo organizador biológico, desde a formação da célula-ovo, transmitindo para o corpo físico as impressões registradas no perispírito, oriundas das ações cometidas pela própria alma em vida pregressa. Assim, certas malformações e males congênitos e a predisposição para um grande número de doenças e transtornos que ocorrem durante a vida, são causados pela atuação do espírito, que projeta no organismo, desde o momento de sua formação, o conteúdo do bem ou do mal que estiver registrado nas malhas do seu perispírito.
As doenças cármicas podem acometer as pessoas em todas as idades, e seu reconhecimento não é feito pelos recursos para diagnósticos comumente utilizados na Medicina, os quais se apresentam repetidamente negativos. A compreensão das mesmas está relacionada a fatores que têm suas causas em faltas cometidas no passado, vinculadas à própria alma. Entre as perturbações que se enquadram como doenças cármicas, podem ser lembradas algumas limitações orgânicas e psíquicas, certas formas de paralisias, patologias congênitas sem possibilidades de reequilíbrio, certos casos de esquizofrenia, algumas modalidades de câncer, de doenças degenerativas,
tendência para os vícios, para a agressividade, alguns casos de acidentes individuais ou coletivos, certas neuroses, síndromes do medo, de angústias, de ansiedade incontidas, certos tipos de enxaqueca, de insônia, de depressão, de pânico.
Joanna de Ângelis, no livro Plenitude, página 33, 6° parágrafo, comentando certas formas de transtornos psíquicos, oriundos de causas ocorridas no passado, que podem passar despercebidos aos semelhantes, afirma: "Transitam, ainda, na Terra, portadores de expiações que não trazem aparência exterior. São os seres que estertoram em conflitos cruéis, instáveis e insatisfeitos, infelizes e arredios, carregando dramas íntimos que os estiolam, afligindo-os sem cessar. Podem apresentar aparência agradável e conquistar
simpatia, sem que se liberem dos estados interiores mortificantes".
É a própria consciência das criaturas que conhece as causas do seu sofrimento cármico. São seres que se comportam como almas penadas que sofrem em silêncio, embora haja outros que se lastimam continuamente, sem encontrar alívio para suas angústias e padecimentos. Enquadram-se ainda, como manifestações cármicas, entre outras, certas injúrias, desigualdades sociais e econômicas, as dificuldades para realizações pessoais nos estudos, nas artes e em alguns empreendimentos da vida.

3 - Consequências das Leis Cármicas


As faltas cometidas entravam a evolução da alma, de modo que o carma indica o caminho para sua libertação, para o seu progresso espiritual. Os efeitos danosos que muitas vezes os seres, individual ou coletivamente passam, decorrem de ação expiatória do carma, para o reajuste das almas que habitam o orbe planetário. Segundo a Lei do Carma, a dor, o sofrimento e as dificuldades têm o significado de nos reaproximar do Pai, devendo ser recebidos com aceitação e bom ânimo, visto que, sanados, abrem as portas para uma nova vida.
Assim, as doenças e os transtornos cármicos não podem ser vistos como condenatórios, implacáveis, mas de efeito transitório, com o fim de corrigir erros do pretérito e devolver ao ser humano o equilíbrio espiritual perante as leis do Universo. Caberia indagar se o espírito tem conhecimento do que irá encontrar durante sua próxima existência no corpo físico. Allan Kardec em O Livro dos Espíritos, página 165, item 258, explica que "Ele próprio escolhe o gênero de provas por que há de passar e nisso consiste o seu livre-arbítrio".
O espírito ao reencarnar não é um recém-chegado à Terra. Traz experiências de vidas passadas que podem ajudar na sua adaptação ao corpo físico ao qual irá integrar-se. E, também, não vai dar um mergulho no escuro, visto conhecer as dificuldades que poderá encontrar. Em contrapartida, a vida irá cobrar, do ser humano, a responsabilidade de enfrentá-las com otimismo, reconhecendo que nessa opção poderá sair vencedor.
A Lei Cármica estabelece que as ações praticadas pelo ser humano ficam gravadas no seu perispírito como marcas que vão atuar direta ou indiretamente em uma existência, atual ou futura. As boas ações causam saúde, bem-estar e alegria, enquanto as más ações são responsáveis pela dor e pelo sofrimento. Essas impressões gravadas no perispírito constituem o substrato do carma de cada um.



4 - O Conceito de Carma Entre as Pessoas

As idéias que os seres humanos fazem sobre o carma, convergem para uma aproximação de conceitos. Existe uma crença, mais ou menos generalizada, que certas doenças e fatalidades estejam relacionadas a predestinações pessoais, talvez a débitos do passado ou à vontade de Deus. Entre os árabes, há uma expressão conhecida pelo nome mac-tub, para designar o que já está escrito na vida de cada um.
Existe, também, um recurso frequentemente empregado pelas pessoas, quando procuram consolar alguém que esteja passando por provações, dizer-lhe que deve se conformar, porque essa foi a vontade de Deus. Na verdade, essa é apenas uma maneira de dizer, pois a vida humana é regulada pelas Leis Naturais, criadas por Deus, às quais todos os seres humanos estão vinculados.
Os judeus, à época do início do Cristianismo, acreditavam que muitas doenças podiam ser devidas a faltas cometidas no passado, da própria pessoa ou de seus pais, tanto é assim que ao levarem um cego de nascença para que fosse curado por Jesus, os discípulos perguntaram: "Mestre, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego? Jesus respondeu: Nem ele pecou, nem seus pais; mas foi assim para que se manifestem nele as obras de Deus", como está em Jo, 9, 1-3, já citado.
Se Jesus não estranhou a maneira como a pergunta lhe foi formulada, provavelmente por ser comum, na época, o conceito de que certas doenças podem ser causadas por faltas cometidas no passado, pela própria pessoa ou pelos seus familiares.

5 - O Esquecimento das Faltas Cometidas

Visando proteger as criaturas, o Supremo Poder e Sabedoria que rege o Universo, livrou-as da natural lembrança de suas vidas anteriores. Em verdade, seria uma pretensão muito grande para os seres humanos, espiritualmente imperfeitos, quererem saber tudo o que fizeram, mesmo que fosse apenas na última encarnação no planeta Terra. Talvez não pudessem suportar o peso das emoções causadas pelo conhecimento das faltas que teriam praticado, ou das injunções que teriam sofrido.
O importante para cada um não é lembrar-se do passado, mas saber o que pode ser feito na presente existência, partindo da situação em que se encontra, e dos recursos que dispõe para se aprimorar espiritualmente, baseando-se nos ensinamentos dos mestres e orientadores espirituais que lhe são enviados, através de diferentes correntes religiosas ou filosóficas.
O esquecimento é uma lei que pode ser observada pela própria pessoa, que é poupada da lembrança de fatos ocorridos não só em existências passadas, mas, também, de fatos normais da vida atual. E, embora sendo lembrados, suas impressões se mantém na memória cerebral durante a vida física, e passam automaticamente para a memória do perispírito, juntando-se à memória preexistente, de vidas anteriores.
Em verdade, as causas das doenças cármicas, bem como outras ocorrências de vidas anteriores, são geralmente esquecidas. Todavia, certos fatos, entre os quais podem estar os causadores de males cármicos, são muitas vezes vislumbrados através da intuição, da regressão da memória, da revelação ou pelo despertar de estados subliminares de consciência, como as preferências pessoais por certas profissões, ou pelas artes e aptidões inatas, que se manifestam desde a infância, bem como outras ocorrências, como o encontro de pessoas ou de situações que trazem ocultas reminiscências.
Seria como um secreto reconhecimento de que algo aconteceu, e que a pessoa está revivendo o que já viu ou já conheceu anteriormente, e que traz a emoção de um reencontro.

6 - Como Minorar os Males Cármicos

A melhor maneira de atuar em relação a possíveis males decorrentes de faltas do passado, consiste em manter continuamente pensamentos positivos, palavras e ações centradas no Bem, a fim de criar novas modalidades de carma que possam equilibrar possíveis aspectos negativos do carma preexistente.
E, se estiver marcado pelo sofrimento causado pelos males cármicos, o ser humano conta com a Misericórdia de Deus que lhe concede a oportunidade e encontrar o caminho para a saúde e para o seu quilíbrio espiritual, pela prática do Bem, pela prece, ela fé e pelo amor exemplificado pela caridade.
Jesus nunca condenou alguém por causa de faltas cometidas, mas deu esperanças aos que o procuravam portando doenças físicas ou males da alma, dizendo-lhes "Os teus pecados te são perdoados", como está em Lc 5, 20. E mesmo no instante de seu martírio, teve a serenidade para pedir.- "Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem". (Lc 23, 34)

A Lei do Carma tem duas atenuantes: a do merecimento da pessoa que tenha praticado boas ações, com saldo positivo em relação às faltas cometidas, diminuindo-lhe a extensão do sofrimento que pode corresponder-lhe; e a Misericórdia de Deus, que concede, aos seus filhos de boa vontade, novas oportunidades para realizar-se no caminho do Bem. Desse modo, a lei cármica, que pode explicar a existência de certas injúrias, doenças, sofrimentos, desigualdades sociais e as diferenças de oportunidades na vida de cada um, sem causa aparente, não deve ser considerada como inexorável e fatal, pelos pensadores cristãos, visto que os seus efeitos podem ser modificados ou atenuados pela Lei Maior da Misericórdia de Deus, pelo amor fraterno, pela fé, pela oração, pela prática de boas ações e pela caridade.
Confirmando essa afirmação, encontramos no Evangelho a maravilhosa mensagem de amor fraterno que lava todos os pecados, na palavra de Jesus ao receber Maria Madalena na casa de Simeão, o fariseu. No seu diálogo com o mesmo, referindo-se a ela, disse-lhe.- "Os seus muitos pecados, lhe são perdoados, porque muito amou". (Lc 7, 47) Sabendo-se que a caridade é a expressão maior do amor entre os homens, encontramos esse mesmo ensinamento na primeira epístola do apóstolo São Pedro, ao afirmar: "Tende ardente caridade uns para com com os outros, porque a caridade cobrirá a multidão dos pecados". (Pe 4, 8)
Vivemos num mundo de provações e dificuldades, provavelmente vinculadas a erros do passado, mas Deus nos abre um leque de oportunidades para romper ou modificar os aguilhões que nos prendem à dor e ao sofrimento, concedendo-nos a oportunidade de promover o nosso próprio aprimoramento, a nossa reforma íntima, a nossa cura espiritual pela vivência do amor fraterno, através da prática do bem.
O ser humano não nasceu para viver mergulhado em lamentações. E diante de dificuldades que o afligem, ou de males, reais ou imaginários, que o atormentam, deve encontrar forças no recôndito da alma e procurar enfrentá-los com otimismo e bom ânimo, reconhecendo que sua existência tem o significado de uma realização ascensional, de aprendizado e de realizações. As doenças cármicas constituem males que podem ser minorados e suas causas, mesmo desconhecidas, podem ser atenuadas pela utilização de recursos espirituais, cujas bases se encontram na prece, no bom ânimo para enfrentar as dificuldades, na prática do amor fraterno, na reforma íntima, na prática da caridade sem limitações.



7 - Modalidades de Sofrimentos Cármicos

Para Joanna de Ângelis, no livro Plenitude, página 30, 3° parágrafo: "Os sofrimentos humanos de natureza cármica podem apresentar-se sob dois aspectos que se complementam: provação e expiação. Ambos objetivam educar e reeducar, predispondo as criaturas ao inevitável crescimento íntimo, na busca da plenitude que as aguarda".
Deus, na sua infinita Misericórdia, dá, certamente, aos seus filhos, penas muito menores do que as merecidas, as quais não têm a finalidade de puni-los, mas proporcionar-lhes oportunidades de evolução espiritual. As provações manifestam-se sob diferentes modalidades de sofrimentos, de intensidade suportáveis, para que possam ser aceitos com disposição, sem queixas, sem revoltas, com o amor que vivifica as ações renovadoras da alma.
A condição de aceitar as provações, com disposição e bom ânimo, tem o sentido oculto do arrependimento que representa o primeiro passo para a regeneração das faltas, que, embora sejam desconhecidas, estão presentes e atuantes através do perispírito. A expiação tem o sentido da reparação de faltas mais graves, cometidas aos semelhantes ou premeditadamente a si mesmo, e que causam,na sua ação de retorno, sérios comprometimentos orgânicos, psíquicos ou sociais.
A expiação constitui uma prova mais difícil de enfrentar, e tem o mesmo significado de restituir ao ser humano o equilíbrio biopsíquico, espiritual e social. Muitas vezes, as consequências de certos desregramentos, como o dos vícios, ocorrem durante a própria existência e, por se ligarem ao perispírito, projetam-se à vida espiritual futura. Mesmo os vícios aparentemente inócuos, como o do cigarro, provocam malefícios físicos durante a presente existência que se projetam à vida espiritual, vinculados ao perispírito, que acompanha o espírito após o seu desligamento do corpo físico.
Além de provocarem sua ação danosa durante a vida, projetam-se na espiritualidade e podem comprometer, igualmente, uma possível existência futura em nova encarnação.

Vale lembrar, todavia, que o Espiritismo ensina que algumas modalidades de sofrimentos, aparentemente inexplicáveis, não têm vínculos cármicos. Podem ter sido escolhidos pelo próprio espírito antes do nascimento, como forma de elevar-se através da aceitação de dificuldades, com amor e coragem, a fim de constituir um estímulo para os semelhantes, como está em O Livro dos Espíritos, página 173, item 273, em que um Espírito pode querer reencarnar entre seres de pouca evolução para ajudá-los. "Em tal caso desempenha uma missão".
   
8- O Carma e as Leis Naturais

Embora aparentemente livre e independente espiritualmente, o ser humano tem sua vida vinculada, entre outras, às Leis do Amor, do Trabalho, da Evolução, da Reencarnação e do Carma. A Lei do Amor o identifica com os demais seres humanos, igualmente filhos do mesmo Pai, que distribui as benesses da vida para todos. A Lei do Trabalho ensina que o ser humano deve participar na realização de coisas úteis para si mesmo e para a vida, identificando-se como participante da obra da criação do Universo.
A Lei da Evolução mostra que o ser humano deve seguir sua trajetória ascensional, sem limitações, até a perfeição. Deve compreender, no entanto, que não pode evoluir se não se desvencilhar das amarras espirituais que o detém a um passo faltoso. A Lei da Reencarnação indica que o ser humano tem necessidade de renovações contínuas, através de renascimentos, como oportunidades para alcançar, progressivamente, graus mais elevados de evolução.
Através da bênção da reencarnação, o espírito encontra condições de erguer-se do passado com vistas para o futuro, que será de luz e de amor. A Lei do Carma orienta o ser humano no sentido da retificação de suas possíveis faltas, através de provações e expiações, a fim de encontrar o equilíbrio biopsíquico, espiritual e social.
Aceitando as tribulações da doença cármica, o ser humano assume, consciente ou inconscientemente, a realidade das consequências dos seus próprios atos que dependem, essencialmente, de sua própria vontade, do seu livre-arbítrio. E, se não tiver preparo ou não for orientado para encontrar a solução do seu problema, espiritualmente, terá de enfrentar o resgate de suas faltas através do próprio sofrimento.
A Lei do Carma trabalha favoravelmente com o ser humano, ensinando-o pelo sofrimento e pelas dificuldades o caminho para alcançar o seu aprimoramento espiritual, pelo controle das faltas que pode cometer aos seus semelhantes e a si mesmo. A Lei do Carma ensina ao ser humano que sua meta é a perfeição, à qual pode chegar pelo seu próprio esforço, como alma vivente, sintonizando-se com a prática do Bem, vencendo as dificuldades pelo trabalho e pelo amor.



9 - CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nenhuma pessoa está sujeita às ações arbitrárias do destino. Tudo o que o atinge, de bom ou de mal, ela deve atribuir a si mesma ou ao seu relacionamento familiar e coletivo, por sua própria responsabilidade. Ela mesma colocou, alguma vez, nesta vida ou em vidas passadas, as sementes para isso.
Os muitos sofrimentos humanos podem ter origem no passado. Hoje, cada um recebe apenas o que semeou nas suas muitas peregrinações terrenas, pois o que o ser humano semeia terá que colher, mais cedo ou mais tarde, segundo a Lei do Carma. A compreensão das doenças cármicas fundamenta-se no conhecimento de que as faltas cometidas acarretam sofrimento, como está em O Evangelho Segundo o Espiritismo, página 80, item 5, ao afirmar que "Não há falta alguma, por mais leve que seja, nenhuma infração da sua lei, que não acarrete forçosas e inevitáveis consequências, mais ou menos deploráveis".
As consequências das faltas cometidas podem ou não ocorrer na mesma existência, como está no mesmo livro citado, página 82, 3° parágrafo: "O homem nem sempre é punido, ou punido completamente na sua existência atual, mas não escapa nunca às consequências de suas faltas. A prosperidade do mau é apenas momentânea; se ele não expiar hoje, expiará amanhã, ao passo que aquele que sofre está expiando o seu passado".
Cada ser vive a consciência que ele mesmo formou, através de suas vidas anteriores, porque as existências têm continuidade, e ninguém pode ter uma vida plena no presente se agiu mal na vida pregressa. Existem, na vida, inúmeros caminhos que podem ser seguidos, e cada um escolhe o que julgar melhor, de acordo com o seu entendimento e livre-arbítrio, cabendo-lhe, contudo, a inteira responsabilidade pelos seus atos. 

Todo ser humano tem, dentro de si, uma força em potencial que emana da alma e que se identifica com o Supremo Poder e Sabedoria do Universo, que é Deus, e tem a responsabilidade de realizar o seu próprio destino, o seu progresso material e espiritual, e promover a ajuda aos seus semelhantes. 

Nesta época de dificuldades para todos, em que os homens estão inteiramente voltados para os bens materiais e para os prazeres imediatos da vida, é oportuno lembrar que ele tem um modelo de perfeição moral, no Homem que habitou entre nós, e que nos deixou o exemplo dos seus ensinamentos e da sua própria vida.
E como ensina Allan Kardec, em O Livro dos Espíritos, página 298, item 625, Jesus é, para todos os seres humanos, o modelo de perfeição moral, afirmando: "Para o homem, Jesus constitui o tipo de perfeição moral a que a Humanidade pode aspirar na Terra. Deus no-lo oferece como o mais perfeito modelo e a doutrina que ensinou é a expressão mais pura da lei do Senhor, porque, sendo ele o mais puro de quantos têm aparecido na Terra, o espírito divino o animava".
O ser humano tem um modelo de perfeição moral e, quando pratica boas ações, com amor, estabelece condições para viver em paz, com saúde e alegria, não só no presente mas também no futuro. Realizando a sua própria evolução, e colaborando para o aprimoramento dos seus semelhantes, adquire condições que o libertam de suas limitações cármicas, levando-o a desfrutar uma Vida plena, tendo como exemplo o nosso modelo de perfeição moral, que nos anima e nos congrega no caminho do Bem.

Dr. Roberto Brólio
Fonte:comunidadeespirita.com.br

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