Conhece -te a Ti mesmo !



WELCOMES

Seguidores

Seja Bem Vindo!

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Santo Agostinho e o Espiritismo





1. INTRODUÇÃO

Quem foi Santo Agostinho? O que nos deixou quando esteve encarnado? Qual a sua importância na codificação da Doutrina Espírita? As suas comunicações têm algum ranço do catolicismo? Para melhor conhecer esse Espírito, anotaremos os seus dados biográficos, os livros que publicou e as comunicações mediúnicas arroladas nas obras espíritas.

2. DADOS BIOGRÁFICOS

Agostinho (354-430 d.C.) nasceu em Tagaste, norte da África, quando o Império Romano estava sendo destruído pelas invasões bárbaras. Seu Pai, Patrício, era pagão; sua mãe, Mônica, posteriormente Santa Mônica, era cristã. Aos 16 anos, foi estudar direito em Cartago, mas em 375 começou a se dedicar à filosofia, como resultado da leitura de Hortêncio, de Cícero. Converteu-se ao Maniqueísmo e tornou-se professor de retórica em Roma, em 383. De Roma, foi para Milão, onde se viu tomado pelo carisma do bispo cristão Ambrósio. 

Por algum tempo, atraiu-o o neoplatonismo, mas depois de longa e dolorosa luta tornou-se cristão em 386, recebendo o batismo de Ambrósio na Páscoa de 387. Sua intenção era levar uma vida “monástica”, mas em 391 foi ordenado, contra a sua vontade, bispo de Hipona (hoje Annaba, na Argélia). Foi bispo durante trinta e quatro anos, tempo em que escreveu copiosamente, combateu heresias e viveu em comunidade com outros cristãos. Aos 76 anos de idade, foi morto Hipona, durante cerco da cidade pelos vândalos. (Raeper, 1997, p. 25)

3. AS DUAS PRINCIPAIS OBRAS DEIXADAS POR SANTO AGOSTINHO

3.1. CONFISSÕES

As Confissões de Santo agostinho, iniciada em 391 e concluída em 400, é uma obra fascinante. São treze livros, dos quais 9 auto-biografados e 4 teologais. Nela se apresenta como o Filho Pródigo e a Ovelha Perdida do Evangelho de Lucas – perdido e depois encontrado, tal como o apóstolo Paulo. 

Procura mostrar pelo seu exemplo o que pode a graça para os mais desesperados dos pecadores. Com admirável franqueza e contrição confessa os desregramentos de sua mocidade (teve inclusive um filho bastardo, Adeodato), sempre atribuindo a si mesmo as tendências perversas e a Deus os progressos de seu espírito para o bem.  Foi um homem em permanente batalha contra as suas próprias emoções e fraquezas.
Discute também questões acerca do tempo e a presença do mal no mundo.


3.2. CIDADE DE DEUS

Os principais temas são: a vontade humana, as relações entre teologia e razão e divisão da história entre as duas cidades – dos homens e de Deus.  
O pensamento político contido na Cidade de Deus forja-se no encontro de duas tradições: a da cultura greco-romana e a das Escrituras judaico-cristãs. Da Antigüidade grega Agostinho retém as idéias de Platão (República e Leis). Traça, assim, os planos de uma cidade ideal, a Cidade de Deus, em contrapartida com a da cidade terrestre, em que predomina a guerra, a injustiça, o egoísmo etc. Para ele, a verdadeira administração de uma cidade deve estar baseada na justiça, e esta por sua vez na caridade, ensinada por Cristo.  







4. ORIGENS DO PENSAMENTO DE SANTO AGOSTINHO

Santo Agostinho usou a filosofia a serviço da teologia, adotando as idéias platônicas e neoplatônicas e as moldando de acordo com a sua visão de mundo. Da mesma forma que Platão, acreditava que a alma habitava um corpo. Dizia: “O homem é uma alma racional habitando um corpo mortal”.

Em relação ao platonismo, o posicionamento de Santo Agostinho não é meramente passivo, pois o reinterpreta para conciliá-lo com os dogmas do cristianismo, convencido de que a verdade entrevista por Platão é a mesma que se manifesta plenamente na revelação cristã. Assim, apresenta uma nova versão da teoria das idéias, modificando-a em sentido cristão, para explicar a criação do mundo. Deus cria as coisas a partir de modelos imutáveis e eternos, que são as idéias divinas. Essas idéias ou razões não existem em um mundo à parte, como afirmava Platão, mas na própria mente ou sabedoria divina, conforme o testemunho da Bíblia. (Rezende, 1996, p. 77 e 78).

5. FÉ, RAZÃO E REVELAÇÃO

Deixou formulado indicando o caminho para a sua solução – o problema das relações entre a Razão e Fé, que será o problema fundamental da escolástica medieval. Ao mesmo tempo demonstra claramente sua vocação filosófica na medida em que, ao lado da fé na revelação, deseja ardentemente penetrar e compreender com a razão o conteúdo da mesma. Entretanto, defronta-se com um primeiro obstáculo no caminho da verdade: a dúvida cética, largamente explorada pelos acadêmicos. Como a superação dessa dúvida é condição fundamental para o estabelecimento de bases sólidas para o conhecimento racional, Santo Agostinho, antecipando o cogito cartesiano, apelará para as evidências primeiras do sujeito que existe, vive, pensa e duvida.


6. SANTO AGOSTINHO E O ESPIRITISMO

6.1. INSTRUÇÕES MEDIÚNICAS DADAS POR SANTO AGOSTINHO

Em O Evangelho Segundo o Espiritismo encontra-se algumas comunicações deste insigne Espírito. São elas: Os Mundos de Expiações e de Provas, Mundos Regeneradores e Progressão dos Mundos (Cap. 3, 13 a 19), O Mal e o Remédio (Cap. 4, 19), O Duelo (Cap. 12, 11 e 12), A Ingratidão dos Filhos e os Laços de Família (Cap. 14, 9) e Alegria da Prece (Cap. 27, 23).
Em O Livro dos Médiuns há anotações Sobre o Espiritismo (Cap. 31, 1) e Sobre as Sociedades Espíritas (Cap. 31, 16).

6.2. O PONTO DE VISTA DO ESPÍRITO ERASTO

O Espírito Erasto, discípulo de São Paulo, em uma de suas comunicações enfatiza:
1) Santo Agostinho é um dos maiores divulgadores do Espiritismo; ele se manifesta quase que por toda parte.
2) Como muitos, ele também foi arrancado do paganismo.
3) Em meio de seus excessos, sentiu o alerta dos Espíritos superiores: a felicidade se encontra alhures e não nos prazeres imediatos.
4) Depois de ter perdido a sua mãe, disse: “Eu estou persuadido de que minha mãe voltará a me visitar e me dar conselhos, revelando-me o que nos espera a vida futura”.
5) Hoje, vendo chegada a hora para a divulgação da verdade que ele havia pressentido outrora, se fez dela o ardente propagador, e se multiplica, por assim dizer, para responder a todos aqueles que o chamam. (Kardec, 1984, cap. 1, item 11, p. 41) 







6.3. NOTA DE ALLAN KARDEC 

Santo agostinho veio destruir aquilo que edificou? Não. Ele agora vê com os olhos do espírito; sua alma liberta da matéria entrevê novos horizontes, que lhe propiciam compreender o que não compreendia antes. Sobre a Terra, julgava as coisas segundo os conhecimentos que possuía, mas, quando uma nova luz se fez para ele, pode julgá-las mais judiciosamente. “Foi assim que mudou de idéia sobre sua crença concernente aos Espíritos íncubos e súcubos e sobre o anátema que havia lançado contra a teoria dos antípodas”. Com uma nova luz pode, sem renegar a sua fé, fazer-se propagador do Espiritismo, porque nele vê o cumprimento das coisas preditas. Proclamando-o, hoje, não faz senão nos conduzir a uma interpretação mais sã e mais lógica dos textos. (Kardec, 1984, cap. 1, p. 42)

7. CONCLUSÃO

A reflexão sobre a vida deste filósofo e religioso da época patrística nos revela que o progresso espiritual é uma constante. Será que o Espírito estaria pensando da mesma maneira, depois da sua experiência como católico? Não seria mais racional crer que ele tenha sido bafejado pelas luzes da verdade?

8. VOCABULÁRIO

Antípoda – Habitante que, em relação a outro do globo, se encontra em lugar diametralmente oposto.

Cícero (106-43)– Brilhante orador e político romano que se inspirava no ecletismo – a busca de um acordo entre os ensinamentos das escolas platônica, aristotélica, hedonista etc. 

Íncubo – Demônio masculino que, segundo velha crença popular, vem pela noite copular com uma mulher, perturbando-lhe o sono e causando-lhe pesadelos.  

Maniqueísmo – Seita persa que afirmava ser o Universo dominado por dois grandes princípios opostos, o bem e o mal, mantendo uma incessante luta entre si. doutrina que reduz a realidade à oposição irredutível de dois princípios contraditórios, o Bem e o Mal, aos quais correspondem as realidades espirituais e materiais.  

Neoplatonismo – Movimento filosófico do período greco-romano desenvolvido por pensadores inspirados em Platão. Entre os neoplatônicos, citam-se Plotino (205-270), Proclo (411-485). O neoplatonismo se espalhou por diversas cidades do Império Romano, sendo marcado por sentimentos religiosos e crenças místicas.

Patrística – Dá-se ao nome de patrística à fase de fundamentação e da fixação dos dogmas cristãos. Essa grande obra foi realizada pelos primeiros padres da Igreja, nos primeiros séculos da era cristã. Eles buscavam estabelecer e explicar a doutrina cristã, mostrando que ela era perfeitamente digna de ser aceita pelas autoridades romanas e pelo povo em geral.

Súcubo - Demônio feminino que, segundo velha crença popular, vem pela noite copular com um homem, perturbando-lhe o sono e causando-lhe pesadelos.
Fonte: ceismael.com.br

O Ectoplasma e a Materialização






A Jornada: Como ocorre o fenômeno de materialização dos Espíritos?

Imbassahy: Os fenômenos de materialização são produzidos de forma muito intrínseca: primeiramente, o médium principal serve de aparelho para que a equipe espiritual manipule as energias essenciais ao fenômeno. Posteriormente, o que observamos, em nossos trabalhos, é que a Entidade a se materializar, retira do médium ou dele faz expandir um campo que o reveste. 

Dessa maneira, vê-se a formação inicial do fulcro do fenômeno sobre o médium. A seguir, as energias (de origem ectoplásmica segundo informam) que enchem o o ambiente precipitam-se sobre aquele fulcro, fazendo com que ele se ilumine, fenômeno semelhante ao de fogos de artifício que se queimam e dão origem a um modelo que é visto pelos assistentes.

Esta é a aparição que Crookes intitulou de luminosa. A estereológica (nunca tive ocasião de ter uma completa) transforma a energia em forma palpável e que reveste o perispírito da Entidade manifestante, tornando-a tangível, auscultável e se forma de maneira idêntica, só que, em vez de provocar luminosidade no campo do Espírito dito materializado, dá-lhe consistência material.

Um outro tipo de materialização que pude verificar e da qual Crookes não faz referência é aquela em que o Espírito nos tange, nos toca, faz-se sentir como se estivesse materializado, mas, os presentes (encarnados) não conseguem segurar esse corpo. Nossa sessão comprovou a existência de uma cigana que se materializava e que bailava ao som das músicas que eram tocadas pela nossa vitrola. Sua saia roçava nos presentes, batia nos móveis, ouvíamos e sentíamos tudo como se ali estivesse a bailarina dançando e esbarrando nas pessoas, só que ninguém conseguia segurar esta saia rodada e encorpada.




A Jornada: Qual o material utilizado para essas materializações?

Imbassahy: Os Espíritos usam uma espécie de energia que, segundo foi informado a W. Crookes por uma aparição através de Dunglas Home, é retirada do ectoplasma celular, principalmente, de células vegetais (ver depoimento de Cromwell Varley, assistente de Crookes, à Sociedade Dialética de Londres - 1879). Este ectoplasma - envolvente do protoplasma celular - é estudado pela Bioquímica num capítulo intitulado "Citologia".

A Jornada: Após o término da comunicação com o espírito materializado, o que acontece com essa energia?

Imbassahy: Parte da energia é consumida pela realização do fenômeno e o restante é recolhido pelas Entidades que, tudo indica, levam para seus trabalhos em outras tarefas.

A Jornada: Somente os médiuns produzem ectoplasma?

Imbassahy: Ectoplasma é um plasma contido em todas as células orgânicas, envolvendo o protoplasma. Todos os animais e vegetais possuem, sem exceção. O que o médium faz é polarizar energias a partir deste provável combustível. O ectoplasma seria o carvão da energia obtida na sua combustão. Não é o ectoplasma que vem a ser usado mas a energia dele obtida.

A Jornada: Qual é a função do ectoplasma?

Imbassahy: A função do ectoplasma está definida no capítulo da Citologia. Eu não disponho, aqui, de nenhum tratado biológico para que possa consultar. Não é da minha área, por isso, só poderia responder consultando o livro de Biologia.

A Jornada: Por onde o ectoplasma é emanado?

Imbassahy: O ectoplasma não é emanado de forma nenhuma. O que se libera é a energia ectoplásmica, geralmente, pela respiração do médium.







A Jornada: As materializações tem peso?

Imbassahy: Não tive ocasião de aferir. Precisaria de dinamômetro para pesar. Faltou-me essa idéia.

A Jornada: Um Espírito encarnado pode materializar-se em outro lugar?

Imbassahy: Já houve casos de desdobramentos visíveis devidamente registrados, inclusive o de Santo Antônio de Pádua.

A Jornada: Alguns afirmam que a Glândula Pineal seria responsável pela produção do ectoplasma, isto é correto?

Imbassahy: Creio que não. Não é minha área, mas, pelo que sei, o ectoplasma é um dos componentes de TODAS as células vivas. Não tem lógica, portanto, supor que uma glândula produza aquilo que vai compor uma célula orgânica, porque os vegetais não possuem tal glândula e sua células se revestem, também, de ectoplasma.

A Jornada: Com qual finalidade os espíritos se utilizam das materializações?

Imbassahy: Há várias finalidades: uma é comunicar-se conosco de forma visível, outra e provar sua existência além da dita morte carnal e, em terceiro lugar, usar a energia para suas funções espirituais junto à humanidade. Aquelas estátuas de Buda que os talibãs destruíram eram pontos de, acumulação de energia. Eles foram destruir e acabaram se dando mal.






A Jornada: Essas materializações são comuns hoje em dia?

Imbassahy: Materialização é um fenômeno de difícil obtenção. Houve épocas mais favoráveis. Atualmente, há muita mistificação sem nada probante.

A Jornada: Por que você afirma que a ectoplasmia será a porta para a ciência?

Imbassahy: Eu não afirmo que seja a porta, mas, admito que seja uma porta para que a Ciência possa chegar ao conhecimento da vida espiritual, pois, sem ela vai ser difícil detectar a vida dos prováveis agentes estruturadores (Frameworkers). No momento, não vejo outra forma.

 Abraços cordiais

Carlos de Brito Imbassahy
 Fonte:espiritismoredivivo.blogspot.com.br

domingo, 28 de outubro de 2012

A Lenda da Tulipa



 A história da "vida" da tulipa é uma mistura de lenda com realidade…
A palavra tulipa é derivada de tulbend, que significa turbante em turco. No leste da Europa e Ásia, o cultivo das tulipas começou há centenas de anos atrás e cresceu selvagem na Pérsia.

De acordo com uma lenda persa, a primeira tulipa brotou de lágrimas de um rapaz apaixonado que não tinha sido correspondido. Quando a lágrima caiu na terra, surgiu uma linda tulipa que, por um longo tempo, era o símbolo de uma declaração de amor. 





Foi uma flor tema e inspiração para as obras de pintores e poetas. Quando foi importada para a Europa, foi considerada símbolo do Império Otomano. O embaixador do Sagrado Império Romano enviou sementes e bulbos de tulipa para um botânico em Viena.

 Como ele não sabia ao certo o que fazer com os bulbos, plantou-os e, quando germinaram, deu muitos bulbos para o dono de uma mercearia, que também não conhecia, e resolveu fitá-los e comer com azeite e vinagre. 





Até hoje existem pessoas que comem algumas variedades de bulbos de tulipa. Em algumas partes do Japão uma farinha é feita deles. Em tempos de grande escassez de alimento, quando não havia outra opção de comida, holandeses se alimentaram de bulbos de tulipa.

No início do século XVII, os franceses se interessaram pelas tulipas e mulheres na França usavam corpetes de tulipas. Foi então que nesta época teve início a "tulipamania", da qual a Holanda foi tomada. 
Fonte: edukbr.com.br



sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Balada Maternal




Age buscando o bem, alma querida!
Passa na vida a semear dulçores...
Colherás flores em quaisquer caminhos,
Terás carinhos em crisóis de dores!

 Tu que não crês no mal, segue cantando,
Bênçãos plantando nos sendais agrestes...
Se tuas vestes mil espinhos rasgam,
Teu peito afagam vibrações celestes!

 Se lágrimas rebrilham-te nos olhos,
Vence os abrolhos com gentil sorriso...
Guarda no aviso o coração desperto,
Pois fulge perto o Sol do Paraíso!

 Entre os acúleos da escarpada via,
Doce alegria os passos te conduz...
A cruz é a porta de esplendentes eras,
Nas primaveras da celeste luz!

 Segue, portanto, coração querido,
sem dar ouvido a mágoas ou temores...
Após as dores da escalada ingente,
Terás somente o amor dos teus amores!





 Hernani T. Sant’Anna. Pelo Espírito Letícia. (Poema psicografado por Hernani T. Sant’Anna, na Federação Espírita Brasileira, no Rio de Janeiro-RJ, na noite de 8 de dezembro de 1977.) Fonte: Reformador de maio de 2004. 
Fonte: reflexoesespiritas.org

Os animais e a vida espiritual

Tributo ao Tempo - Dalai Lama

ALEGRIA - Mensagens Espíritas

sábado, 20 de outubro de 2012

O deus Quetzalcóatl





A cultura asteca, sua história, sua sociedade, sua produção artística estão intimamente ligadas às suas crenças religiosas. Essa religião é, principalmente, animista e dualista, na qual magia e cosmogonia fundem-se em um único elemento.

 Segundo Soustelle, os Astecas são os indígenas mais religiosos do México. Sua religião simples e dualista, quase que totalmente astral – ao menos em sua origem – foi enriquecendo-se ao longo do tempo através dos contatos com os povos sedentários do Centro. 

 Conforme seu império foi se expandindo foi se incorporando novos elementos religiosos. Tanto que por volta do século XVI, sua religião era um denso conjunto de crenças e cultos de origens distintas.

A característica marcante da escatologia asteca é o seu caráter fatalista, onde não há vestígios de esperança. O caráter dualista domina o mundo espiritual asteca, estando presente nas forças da natureza e no panteão. Os deuses foram criados pela união dos princípios masculino e feminino: “os membros do casal supremo, Senhor e Senhora da Dualidade”.

Segundo Lehmann, a religião exercia um domínio total na vida dos astecas e absorvia grande parte de sua força. Os deuses comandavam tanto o Estado como o indivíduo. Todos os acontecimentos da vida, o dia do nascimento e o da morte, o bom ou mau destino, tudo fazia parte dos desígnios divinos. 

O princípio duplo inexoravelmente se manifesta também na formação dos deuses, e na formação da humanidade: “se llega a concebir que todo cuanto existe obedece a la acción de dos principios antagonicos que lucha eternamente (dualismo). Sólo así se explica la lucha entre el mal y el bien".

 A maior dificuldade em se estudar a religião asteca e seu panteão (sua mitologia) está no caráter mágico dela, que se deve à visão dualista do mundo. Os astecas, ao assimilar outros povos, assimilavam também suas divindades e seus cultos. Todavia essa incorporação de novas divindades era organizada pela classe sacerdotal que buscava reduzir a quantidade de divindades considerando cada deus como multifacetado. 






Essa multiplicidade de deuses de diversas origens e diferentes atributos é visível quando se tenta ordena-los. Cada divindade asteca podia sofrer diversas manifestações e apresentar-se com diferentes atribuições. É o exemplo de Quetzalcóatl, um dos deuses mais importantes. 

Sua origem é tolteca, porém há manifestações suas por toda a América Latina. Para os astecas ele é o deus do vento, da vida, da manhã, do planeta Vênus, dos gêmeos, dos monstros, patrono das artes e da sabedoria, criador e pai dos homens. Seus nomes são: Quetzalcóatl, Ehécatl, Tlahuizcalpantecuhtli, Ce Ácatl, Xólotl, entre outros.

O nome Quetzalcóatl significa literalmente “serpente de plumas”, porém quetzal é também o símbolo de “coisa preciosa”, e cóatl significa gêmeo. Portanto o nome Quetzal-cóatl pode ser traduzido como “gêmeo precioso”, indicando sua atribuição de estrela matutina e vespertina. 

Esta identificação com o planeta Vênus deu origem a diversos mitos e explica quase todas as lendas de Quetzalcóatl.
Dentre os mitos envolvendo esse deus o mais importante é o da criação do homem. O mundo para os astecas, foi criado varias vezes. Isso porque a criação era seguida pela destruição por cataclismos.

 A última vez que o homem foi criado o deus Quetzalcóatl foi ao mundo dos mortos recolher os ossos dos homens, verteu sobre eles seu próprio sangue e deu vida novamente aos homens. Essa lenda explica a importância dos rituais de sacrifício humano e o papel fundamental que o sangue exerce nessa religião.

 Os homens, para manter-se vivos precisam manter vivos os deuses, alimentando-os com sangue humano. Apesar dessa lenda que justifica o sacrifício humano estar ligada diretamente à Quetzalcóatl consta que ele, durante seu governo sobre o mundo, proibiu essa prática.







Quetzalcóatl foi, sem dúvida, o mito mais difundido por toda a Meso-América. Com caráter multiforme, porém sempre benigno. Esse aspecto valente, bom, de herói integrador seria muito bem aproveitado pelos evangelistas espanhóis no momento de “garimpar” almas para a religião cristã. 

 Do mito de Quetzalcóatl há varias versões, entretanto nenhuma delas sobreviveu à conquista espanhola de 1519 sob a forma escrita. Os pontos em comum na grande maioria das versões é o fato de que Quetzalcóatl, após criar os homens, desceu das efemérides divinas e encarnou como homem, veio para ensinar à humanidade todas as artes, a sabedoria e a bondade.

O homem Quetzalcóatl foi um rei tolteca muito justo, sacerdote, astrônomo, foi quem adaptou o calendário maia em algumas partes e estruturou o calendário tolteca, assimilado mais tarde pelos astecas. Seu reinado marca a assimilação do povo maia pelos toltecas. Teria morrido em 5 de abril de 1208, exilado em algumas versões, traído e morto em outras. 

Independente da versão de sua morte e das condições que esta ocorreu o certo é que ao deixar o trono tolteca Quetzalcóatl afirmou que retornaria. Assim ele se converteu no centro de uma cosmologia religiosa. Esta história mitológica chega, na forma de tradição oral, aos ouvidos dos conquistadores espanhóis que rapidamente vão interpretá-la e aproveitar-se dela.

Um dos escritores que percebeu o caráter “messiânico” da lenda de Quetzalcóatl foi Bernardino de Sahagún. No primeiro livro de sua Historia general de las cosas de Nueva España ele tenta recuperar a figura de Quetzalcóatl assimilando-a a Jesus Cristo. A intenção de Sahagún foi explicar a outros missionários a concepção de mundo dos mexicas, para com isso poder afirmar o cristianismo e melhor evangelizar.  

Notória é a visão tendenciosa que Sahagún passa em sua obra, nesta assimilação da figura do deus tolteca existe um interesse ideológico deformador. Por outro lado, a aristocracia mexica pós-conquista também possuía o peremptório desejo de reabilitar Quetzalcóatl, como uma figura quase cristã, pois isso legitimava seu poder e a conseqüente manutenção deste.





Sahagún não define o retorno de Quetzalcóatl como sendo uma profecia da chegada dos espanhóis, embora perpasse a idéia de que os espanhóis são companheiros do deus. Outros escritores vão além, é o exemplo de Las Casas que sugere que os cristãos são filhos e irmãos de Quetzalcóatl. Desta maneira tentou-se converter Quetzalcóatl em um apóstolo de Cristo para poder cristianizar mais facilmente. Como Paz salienta: a mentalidade européia viu-se confrontada pelas impenetráveis civilizações da América. 

A partir de meados do século XVI foram feitas diversas tentativas para suprimir as diferenças entre mexicas e espanhóis. Alguns alegavam serem os antigos mexicanos descendentes de uma tribo perdida de Israel; outros os consideravam como sendo de origem fenícia ou cartaginesa; outros ainda estabeleciam relações entre certos ritos dos astecas semelhantes a cerimônias cristãs, imaginando que aqueles fossem um eco distorcido da pregação do evangelista São Tomé. 

 Essa corrente defendia que o evangelista teria vindo para as Américas e adotado o nome de Quetzalcóatl.
A crença em uma evangelização realizada muito antes da chagada dos espanhóis no Novo Mundo, realizada por São Tomé, resulta da leitura de São Paulo que afirma que a palavra de Cristo foi levada até os confins da terra, pelos apóstolos. 

  Atualmente sabemos da existência de correntes marítimas ligando a costa oeste da África às laterais leste da América, todavia o pensamento quinhentista desconhecia esse fato. Lafaye informa que a descoberta de textos bíblicos e de fatos novos permeados de crenças antigas seriam argumento suficiente para corroborar a idéia de que Quetzalcóatl foi o apóstolo São Tomé.


Mesmo entre os índios houve confusão a respeito da similitude dos espanhóis com o mito do regresso de Quetzalcóatl. A lenda rezava que Quetzalcóatl regressaria de seu exílio e novamente instauraria a idade de ouro. 

Esta profecia possuía um caráter cronológico. O deus deveria retornar em um ano 1 acatl, coincidentemente os espanhóis aportaram no México em um ano 1 acatl, o ano de 1519. O próprio Hernán Cortéz foi confundido com o deus.






 Porém essa crença não logrou. O rei Montezuma mandou levar até Cortés os ornamentos sagrados de Quetzalcóatl com a finalidade de verificar a identidade do deus, o que não ocorreu.
Mesmo que ainda restassem dúvidas a respeito da identificação de Cortés com o deus, o massacre efetivado pelas tropas espanholas em Cholula, cidade sagrada de Quetzalcóatl, bastaria para dissipar quaisquer equívocos. 

Lafaye demonstra que a profecia de Quetzalcóatl “aparece como un caso particular, para México, de una crencia común a la mayoría de las poblaciones indígenas, según la cual unos superhombres vendrían del este para dominarlos”  é certo que os espanhóis foram posteriormente considerados filhos do Sol, companheiros de Quetzalcóatl, este foi um estratagema político para facilitar a penetração do continente, mas serviu também como fonte de inspiração para os missionários criarem uma brecha para a evangelização.


Se São Tomé esteve na Meso-América pregando a “boa-nova”, ou se algum outro europeu esteve em terras mexicas em alguma era pré-colombiana, são conjecturas que até o momento não se podem provar. O fato é que os povos do México possuíam uma religião bastante complexa e dentre seu panteão destaca-se a importante figura de Quetzalcóatl. 

Esse deus foi criador da humanidade, professor dos homens, foi deus e rei encarnado. Sua morte causou tristeza em seu povo, a ponto de se construir uma profecia de seu retorno. Como todo herói “messiânico”, indícios de sua volta não faltaram. Como se não bastasse a superstição do povo, os invasores chegam sob a auspiciosa data profética.

Os evangelizadores espanhóis tinham consciência de seu papel de divulgadores da “verdade” cristã e lançaram mão dos meios que lhes foram apresentados. Legitimar sua presença em solo mexicano através de um mito cosmogônico foi um meio para alcançar a mentalidade desse povo a ser conquistado e catequizado.







BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
CASO, Alfonso. El pueblo del Sol. México: Fondo de Cultura Economica, 1962.
COLLIER, John. Los Indios de Las Americas. México: Fondo de Cultura Economica, 1960.
LAFAYE, Jacques. Quetzalcoatl y Guadalupe : la formacion de la conciencia nacional en Mexico. Mexico: Fondo de Cultura Economica, 1985.
LEHMANN, Henri. Las Culturas Precolombinas. Buenos Aires: EUDEBA, 1960.
PAZ, Octavio. Essays on Mexican Art. New York: Harcourt Brace & Company, 1993.
SAHAGÚN, Bernardino de. Historia general de las cosas de Nueva España. 4. ed. México: Porrúa, 1979.
SOUSTELLE, Jacques. A Civilização Asteca. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1987.
SOUSTELLE, Jacques. La vida cotidiana de los aztecas en vísperas de la conquista. México: Fondo de Cultura Economica, 1956...
Fonte:prof-tathy.blogspot.com.br

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...