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quarta-feira, 5 de outubro de 2011

As Cotovias



Ave de canto melodioso e de médio porte (cerca de 18 cm de comprimento), cuja espécie mais conhecida é a calhandra, que habita a Europa e as regiões temperadas da Ásia.
A cotovia apresenta plumagem castanho-clara com listras mais escuras e possui uma unha mais comprida e reta no dedo posterior. Seu canto melodioso pode ser ouvido mesmo quando a ave está longe do alcance da vista. Geralmente constrói seu ninho no chão de campos abertos. A fêmea põe quatro ou cinco ovos cinzentos com pintas castanhas. No inverno a cotovia alimenta-se de gramíneas e plantas silvestres e, no verão, de insetos como pulgões. Pertence à família dos alaudídeos.

Cotovia (palavra de origem onomatopaica) é um nome genérico dado a várias aves passariformes que constituem a família Alaudidae. São aves do Velho Mundo, com exceção da espécie Eremophila alpestris, que também habita a América do Norte.
O nome "cotovia" alude especialmente à calhandra (do grego kálandra) ou laverca (do gótico *láwerka), de nome científico Alauda arvensis, é encontrada na Europa, Ásia e África e particularmente famosa pelo canto melodioso. É chamada em inglês skylark; em francês alouette des champs; em castelhano alondra común; em italiano allodola; em grego S?ta????a, sitarêthra; em alemão Feldlerche; em dinamarquês sanglærke; em holandês veldleeuwerik; em finlandês kiuru; em sueco, sånglärka.
Também se usa o nome particularmente para a cotovia-comum ou cotovia-arbórea, Lullula arborea, chamada woodlark em inglês, kangaskiuru em finlandês, Heidelerche em alemão, Trädlärka em sueco, alouette lulu em francês, totovía em castelhano, cotoliu em catalão, tottavilla em italiano, boomleeuwerik em holandês, hedelærke em dinamarquês e trelerke em norueguês. 



Cotovias

As cotovias vivem na Europa, Ásia e África do Norte. As que vivem na parte mais oriental têm movimentos migratórios mais acentuados em direcção ao sul, durante o inverno. As aves que vivem na área médio-ocidental da área referida movem-se também na direcção de terras baixas e zonas costeiras durante a época fria. Habitam preferencialmente espaços abertos, cultivados ou baldios.
São conhecidas pelo seu canto característico. O seu vôo é ondulante, caracterizado por descidas rápidas e ascensões lentas alternadas. Os machos elevam-se até 100 metros ou mais no ar, até parecer apenas um ponto no céu e então descrevem círculos e continua a cantar.
São difíceis de se distinguir no chão devido ao seu dorso acastanhado com estrias escuras. O seu ventre é pálido, com manchas alvacentas. Alimentam-se de sementes. Na época do acasalamento, acrescentam ao seu regime alimentar alguns insetos. Têm cerca de 15 cm de comprimento. 


Cotovias no mito, folclore e literatura

Pássaro sagrado para os gauleses, permaneceu, ao longo de toda a história do folclore e das lendas populares francesas, como uma ave de bom augúrio, estando por vezes até mesmo na composição dos talismãs: aquele que tiver em seu poder os pés de uma cotovia, verdadeiros ou figurados, não poderá ser perseguido. Esse talismã assegura a vitória sobre os homens e os elementos.
A cotovia, por sua maneira de elevar-se muito rapidamente no céu ou, ao contrário, deixar-se cair bruscamente, pode simbolizar a evolução e a involução da manifestação. Suas passagens sucessivas da terra ao céu e vice-versa unem os dois pólos da existência, ela é uma espécie de mediadora.
Assim, representa a união entre o terrestre e o celeste. Voa alto e faz seu ninho na terra com talinhos de erva seca. O alçar de seu vôo na clara luz da manhã evoca o ardor de um impulso juvenil, o fervor, a manifesta alegria da vida. Seu canto, por oposição ao do rouxinol, é um canto de alegria, como no poema de Shelley 

A uma cotovia: 

Mais alto ainda, sempre mais alto,
De nossa terra tu te arremessas,
Qual vapor inflamado;
Tua asa vence o abismo azul,
E sobes, cantando e subindo cantas sempre. 



Na luz da manhã, a cotovia, qual ventura desencarnada levantando vôo, simboliza o impulso humano para a alegria. Na opinião dos teólogos místicos, o canto da cotovia significa a prece clara e jubilosa diante do trono de Deus. São Francisco de Assis tinha nas cotovias suas amigas prediletas na natureza. Chamava-as "irmãs cotovias" e a literatura franciscana é repleta de alusões a esses pássaros.

Michelet fez da cotovia um símbolo moral e político: a alegria de um invisível espírito que desejaria consolar a Terra. Ela é a imagem do trabalhador, particularmente do lavrador.
Bachelard observa que a cotovia é uma imagem literária pura, seu vôo muito elevado, seu pequeno tamanho e sua rapidez impedem-na de ser vista e se tornar imagem pictórica. Metáfora pura, a cotovia transforma-se, portanto, em símbolo "de transparência, de dura matéria, de grito". E o filósofo cita o poeta Adolpho Rossé: "E depois escutai: não é a cotovia quem canta... é o pássaro cor de infinito"; ao que Bachelard acrescenta: cor de ascensão... um jato de sublimação... uma vertical do canto... uma onda de alegria. Só a parte vibrante de nosso ser pode conhecer a cotovia. Ao cabo de sua análise, Bachelard faz da cotovia pura... o signo de uma sublimação por excelência.
A cotovia foi o nome informal da V Alaudae, uma legião romana recrutada por Júlio César.
Na peça Romeu e Julieta, de William Shakespeare, os dois amantes, depois de uma noite de amor, discutem se o pássaro que ouvem lá fora é a cotovia ou o rouxinol, preferindo este último, que canta durante a noite, enquanto a cotovia anuncia o dia e, com ele, a separação dos amantes. É uma inversão paradoxal do papel tradicional da cotovia.
Na obra Les Miserables de Victor Hugo, o autor conta em determinado trecho a história de uma linda menina (Cosette) que após ser deixada aos cuidados de uma família má, devido aos maus tratos e trabalhos forçados, adquire um aspecto doente e fica muito magra, devido a isto as pessoas que a conhecem começam a chamá-la Cotovia (Alouette). 

 

Artêmique

Segundo um mito relatado nas Metamorfoses de Antoninus Liberalis, Clínis era um babilônio, amado por Apolo e Ártemis. Rico e piedoso, era casado com Harpe, que lhe deu três filhos, Lício, Ortígio e Hárpaso, e uma filha, Artêmique. Freqüentemente, o rico babilônio acompanhava Apolo até o país dos Hiperbóreos e viu que lá se sacrificavam asnos ao deus. Clínis quis fazer o mesmo na Babilônia, mas Apolo o proibiu sob pena de morte e solicitou-lhe que se imolassem as vítimas comuns, bois, ovelhas e carneiros.
Lício e Hárpaso, no entanto, resolveram, apesar das ameaças do deus, oferecer-lhe um asno. Quando este já se aproximava do altar, Apolo o enlouqueceu e o asno, enfurecido, saiu a despedaçar e devorar não só os dois obstinados, como toda a família, que correu para defendê-los. Leto e Ártemis, compadecidas com tantas mortes trágicas, convenceram Apolo a transformá-los em pássaros: Clínis em águia (hypaietos), Harpe e Hárpaso em falcões, Lício em corvo (originalmente branco, depois tornado preto por Apolo em outro mito), Ortígio em abelheiro ou melharuco e Artêmique em cotovia ou calhandra.
Fonte: pt.fantasia.wikia.com

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