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sexta-feira, 29 de junho de 2012

A Pena de Talião






Pode parecer à primeira vista que justiça e misericórdia sejam virtudes antagônicas, que se excluam reciprocamente.

Daí a razão de muitos não compreenderem como possa Deus exercitá-las, sem que uma precise ser anulada para que a outra prevaleça.

Tudo, entretanto, se torna claro quando nos lembramos de que as boas qualidades morais são filhas do Amor e que este sentimento sublime sempre encontra meios de harmonizá-las.

Senão, vejamos.

A Justiça exige que toda infração à Lei seja punida e desde a origem dos tempos isso tem acontecido, infalivelmente.

Aliás, todos os grandes missionários religiosos que têm vindo à Terra, inspirados que foram pelo Alto, estabeleceram em seus códigos a pena de talião, ou seja, castigo igual à culpa.
 

 
 
O “olho por olho e dente por dente”, de Moisés, p. ex., e o “quem com espada fere, com espada será ferido”, do Cristo, são preceitos que consagram esse princípio fundamental da Justiça.

 
 
Moisés, todavia, dava ao ofendido o direito de tirar desforra, pessoalmente e na proporção da ofensa recebida, enquanto o Cristo, surgindo entre nós quando era chegado o momento de os terrícolas darem início a uma fase mais avançada de sua evolução espiritual, trouxe como missão ensiná-los a quebrar as cadeias do mal a que se jungiam pela lei de ação e reação.

Introduziu nas relações humanas, então, uma nova ética: “amai vossos inimigos, fazei bem aos que vos têm ódio e orai pelos que vos perseguem e caluniam”, exemplificando-a, ele mesmo, até às últimas consequências.

Não deixou, porém, de adverti-los, mui explicitamente: “Se perdoardes aos outros as faltas que cometerem contra vós, também vosso Pai celestial vos perdoará os pecados, mas, se não lhes perdoardes quando vos tenham ofendido, tão-pouco vosso Pai celestial vos perdoará os pecados.”

Analisando, a fundo, estas novas regras de conduta, percebe-se conterem elas a mesma justiça da pena de talião, com a diferença de que, ao invés de “castigo igual à culpa”, acenam com “premio igual ao merecimento”.






Reparemos bem:

Aquele que revida ao seu ofensor com igual ofensa, está exercendo a justiça, cobrando o que lhe devem, mas, por sua vez, terá de pagar na. mesma moeda toda injúria que fizer a outrem.

Já aquele que perdoa as ofensas recebidas, fica com um crédito do mesmo valor na contabilidade celeste, crédito esse que será levado em conta quando lhe aconteça cometer alguma falta. E quem não está sujeito a errar?

Por haver entendido perfeitamente esse mecanismo da Justiça Divina é que o colégio apostólico proclamava, amiúde: “suportai-vos uns aos outros”, “tende entre vós mútua caridade”, “o amor cobre uma multidão de pecados”, etc.

Talvez nos perguntem: no segundo caso, sendo o ofensor perdoado pelo ofendido, ficará sem a punição devida?

 
 
Absolutamente! A Providência cuidará disso e, seja na mesma existência ou em outra(s) posterior(es), ele “sofrerá o que tenha feito sofrer”, não porque apraza a Deus castigar os culpados, mas para que todos se corrijam, progridam e sejam felizes.

E é assim, deixando-nos experimentar os funestos resultados de nossas más ações, bem como nos ensejando a oportunidade de emendar-nos através das vidas sucessivas, que Deus se revela, a um só tempo, soberanamente justo e misericordioso, como convém Àquele que é o Santo do santos.

Quando transportarmos para a vida prática os luminosos ensinamentos do Cristo, preferindo perdoar a usar de represálias, retribuindo ao mal com o bem, a paz e a. alegria farão morada permanente em nossos corações, valendo isso dizer que já estaremos adentrando “o reino dos céus”.

(Capítulo 6º, questão 764)


Rodolfo Calligaris
Livro: Leis Morais da Vida
Fonte:apostolodoespiritismo.blogspot.com.br

Um comentário:

  1. Ruth Céline Japhet sou eu, este era meu pseudônimo fui Anna Blackwell. E Charles Kempf já sabe disto, e esconde bem bonito de vocês.

    www.acordainfinita.blogspot.com

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