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sexta-feira, 19 de abril de 2013

O Cristo místico



A narrativa da descida do Verbo ao seio da matéria é tão perfeita, tão verdadeira quanto a descida do Eu Sou ao Meu Corpo.

Jesus identificou-se com o Cristo, “O Verbo por quem todas as coisas foram feitas”. Para as igrejas, esse fato divino tornou-se em data histórica de quem consideram a divindade encarnada (o Cristo Místico). 

 Assim como o Cristo dos Mistérios, O Logos, a Segunda Pessoas da Trindade, é o Macrocosmos, assim também o Microcosmos encerra e representa o segundo aspecto do Espírito Divino, chamado, por isso, Cristo.

O segundo aspecto do Cristo dos Mistérios é, portanto, a vida do Iniciado, a vida do Segundo Nascimento no Reino Interno. Durante esta Iniciação Interna, o Cristo nasce no homem e, mais tarde, exalta-se, para tornar mais intelectual ao Iniciado a natureza do Espírito nele.

Somente por meio do Amor pode o homem aspirar à Iniciação. Pelo amor verdadeiro o homem pode tornar-se “puro, santo, sem mancha e viver sem transgressão”, chegando assim a ser Iniciado, a SER Cristo CONSCIENTEMENTE. Esse é o caminho das provas que levam à “Porta Estreita”, ao “Caminho da Santidade” e, pois, ao”Gólgota com a Cruz às Costas”.

O Cristo-Sol no homem é o Fogo Divino da Alma, que se deve “converter em Luz”; “O nosso Deus é Fogo”, disse Moisés. É o Menino que nasce como o homem no presépio, na casa de carne (Belém), o corpo físico.

O candidato deve desenvolver estas qualidades de maneira perfeita, antes que o Cristo possa nascer nele. Deve preparar a morada para esse Menino Divino que vai crescer dentro dele. Os preceitos necessários para desenvolver essas qualidades estão perfeitamente traçados no Sermão da Montanha, e nada mais temos a dizer sobre esse particular.








O maior Mistério do Cristianismo está encerrado nos 14 versículos do primeiro capítulo do Evangelho de São João:

1. No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.

2. Ele estava no princípio com Deus.

3. Todas as coisas foram feitas por Ele, e sem Ele nada do que foi feito se fez.

4. Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens;

5. E a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam.

6. Houve um homem enviado de Deus, cujo nome era João.

7. Este veio para testemunho para que testificasse da luz; para que todos cressem por ele.

8. Não era a luz; mas para que testificasse da luz,

9. Ali estava a luz verdadeira, que alumia a todo o homem que vem ao mundo.

10 . Estava no mundo, e o mundo foi feito por Ele, e o mundo não O conheceu.

11. Veio para o que era seu, e os seus não o receberam.

12. Mas, a todos quantos O receberam, deu-lhes o poder de serem feitos Filhos de Deus; aos que crêem no seu nome;

13. Os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do varão, mas de Deus.

14. E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade.


Todas as religiões, antigas e modernas, colocaram e colocam sobre altares a imagem de um homem ou de uma mulher para simbolizar o poder Divino e o Adorá-lo. A Arca de Noé, a Terra Prometida, o Presépio de Belém, o Santo Sepulcro, o Tabernáculo, Jerusalém, o Templo de Salomão etc. não são mais do que o mesmíssimo corpo humano onde arde o Fogo Crístico.

O homem é um sistema universal composto de astros, planetas, sóis, luas, cometas, vias-lácteas e constelações. Deve seguir as mesmas LEIS DO SISTEMA MAIOR. Quanto mais perfeito é o homem, tanto maior cumprimento dá a essas leis, como o fez Jesus Cristo. Nós também “devemos chegar, algum dia, à estatura do Cristo”.







Há uma só religião com muitas instituições religiosas, assim como há uma única humanidade com muitas raças e costumes. O Grande Arcano das religiões, como o temos visto, está no poder do Fogo Crístico e da Luz Inefável. O Sol, sempre o Sol, era adorado como o Grande Fogo que ardia no meio do Universo, ao passo que o Fogo Divino está mais além do Sol físico. 

Por esse Fogo Divino Interno, que foi adorado no princípio, o homem nos deixou um símbolo no archote, na espada flamígera e na coroa de ouro cujas pontas se assemelhavam aos raios solares.
Todos os Homens Deuses tinham nomes que significavam Fogo-Luz: Júpiter, Apolo, Hermes, Mitra, Baco, Odin, Buda, Krishna, Zoroastro, Fo-Hi, Agni, Hiram Abiff, Sansão, Josué, Vulcano, Alá, Bel, Baal, Serápis, Salomão, Jeshua (Jesus) e muitas outras divindades cujos nomes significam manifestações de Luz.

A fábula de Prometeu é um véu da Verdade: a alma humana, ao possuir o fogo divino da humanidade, empregou-o para a destruição. Foi encadeada à rocha (o corpo) e devorada pelo abutre (dos desejos) até que um homem conseguisse dominar o fogo e se tornasse perfeito. Essa profecia foi cumprida por Hércules (o Cristo), que (nascendo como Luz no mesmo fogo da alma) libertou a que, havia tantos anos, estava submetida ao tormento (nascendo no seu coração pelo segundo nascimento ou Iniciação).

A luz que brilha no sistema nervoso é o mediador entre o Deus Íntimo e o homem externo. É a ponte que une o Espírito à Matéria. Por causa dessa Luz o Filho do Homem é chamado Filho de Deus. Os filhos da Luz conseguiram ver o Sol Interno Invisível. As antigas religiões buscavam a maneira de captar o fogo cósmico que circulava no éter; por isso, valiam-se os sacerdotes de plantas, de animais e de metais com propriedades absorventes dessa Luz Invisível.

O cristianismo emprega o fogo em seus ritos com o incenso para simbolizar que, assim como o fogo queima o incenso e este se converte em fumo perfumador, assim também o Fogo Divino, no homem, consome tudo quanto há de grosseiro da alma, para convertê-la em fragrante perfume. Os campanários, as torres, os obeliscos e as pirâmides são símbolos nativos do Fogo.

O ouro dos templos tem a cor da luz solar. Os círios acesos nos altares representam o Fogo Divino. A pequena lâmpada vermelha alimentada com azeite, que ilumina o altar, é o mais importante; é o símbolo de IEVE, Adão-Eva, O Senhor Construtor das Formas.

O azeite é o símbolo do sangue: este mantém a chama sagrada do homem, assim como o outro sustenta as chamas físicas.








O sangue é o veículo da chispa divina. Esta chispa move-se com a corrente sanguínea e não se encontra em qualquer ponto particular do organismo. A vibração desta chispa pode ser dirigida e localizada em qualquer parte do corpo, por meio da vontade concentrada. O sangue incendeia-se nas veias e manifesta o Fogo Divino Interno.

O Iniciado participa do Divino Poder Solar. Transfigura-se. Esse poder manifesta-se em forma de auréola de luz ao redor de sua cabeça, porque o Fogo do Espírito Santo no Sacro se converte em luz no cérebro, e o Iiniciado se converte em Onisciente sem necessidade do intelecto. Essa auréola de luz, com o tempo, converte-se em diadema para o rei, mitra para o bispo, disco de luz para a cabeça dos santos.

O Fogo Criador, ao subir pela espinha dorsal e, finalmente, chegar ao terceiro ventrículo do cérebro, toma uma formosíssima cor dourada, irradia-a em todas as direções, formando uma coroa sobre o osso occipital, em forma de leque. Essa luz significa a regeneração do homem que alcançou a “estatura de Cristo”.

 Ela muda de cor conforme o pensamento: a pureza converte-se em branca; a espiritualidade, em azul; o saber, em amarelo; o amor, em cor-de-rosa etc. Temos hoje muitos meios de demonstrar esses fenômenos e muitos homens de ciência estão ocupados no estudo da aura humana.

Temos já dito que o homem deve ter dois nascimentos: um físico e um espiritual. Tem de ser homem e Cristo ao mesmo tempo. Vamos agora tratar de decifrar o Mistério do Cristo no homem físico assim como deciframos o significado do Cristo Solar.

O grânulo de vida está depositado no útero materno, porta da vida, durante nove meses; após esse tempo, nasce, e a Alma Cristo permanece no casebre do coração, no corpo (casa de carne). O Menino-Cristo no homem está rodeado de animais: a ignorância do burro, a debilidade do cordeiro e a brutalidade do touro. O rei das trevas, no corpo, com a ambição e o orgulho, quer matar o novo Rei nascente, para livrar-se do remorso e ter ampla liberdade de seguir os desejos da carne.

O neófito é atacado pelo fantasma do umbral no segundo nascimento e é perseguido por todas as hostes do inferno (mundo inferior). Foge, então, para o Egito, isto é, refugia-se no mundo interno, abandonando as tentações do corpo e suas paixões, a fim de crescer espiritualmente e voltar, depois, ao cumprimento de sua missão na vida. Assim como o Sol percorre aparentemente os 12 signos zodiacais, também o Espírito Crístico tem de percorrer todas as dependências do seu sistema no corpo, que é a miniatura do Universo.

A cabeça é o Oriente do homem, de onde sai o Sol-Cristo. O Iniciado deve dirigir sempre os seus pensamentos e suas práticas para o cérebro, onde tem a raiz de sua trindade. A porta para o Oriente é o coração, por onde deve entrar o neófito.







Por essa porta o neófito ou recém-nascido é conduzido para as piras do batismo (que se acham no fígado, órgão que forma, por suas emoções e desejos, o corpo astral ou de desejo); ali ele é batizado e submetido à Prova da Água, que significa o domínio do desejo. O recém-nascido jura ante o altar no coração, onde brilham um Sol e seis luminares. (O Sol foi depois representado pela custódia, símbolo do Sol resplandecente, ou símbolo do Fogo Divino; os seus centros magnéticos ou planetas são simbolizados pelos seis círios.)

O Cresthos (em grego significa “Bom”) é uma qualidade que deve ser adquirida antes de poder se tornar um Cristo, um Ungido. Após haver chegado a viver uma vida virtuosamente exotérica, poder-se-á começar a viagem ou o caminho para a Iniciação, a Senda da Provação – a senda que conduz à porta estreita – o caminho da Santidade, o caminho da Cruz. O aspirante deve adquirir as sete virtudes para sentir o ardor pela felicidade de ver Deus e de unir-se a Ele (Mateus 5: 8: Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus).

O Espírito que mora no corpo é um fragmento invisível de Deus. É trino, por ser Deus. É Poder, Amor e Saber. O Pai é o Poder; o Filho é o Amor e o Espírito Santo é o Saber. A Iniciação consiste em dar completa liberdade ao Íntimo para que obre por meio dos seus três atributos. O Cristo Místico, pois, é o Ser Interno do homem e, por conseguinte, é Duplo.

É o Logos, Verbo ou Segunda Pessoa da Trindade, que desce à Matéria. Em seguida, o Amor, segundo aspecto do Espírito Divino, faz evoluir o homem. Um representa os processos cósmicos no Mito Solar, o outro representa o processo que se passa no indivíduo. Ambas as fases, a Solar e a Individual, encontram-se na narrativa dos Evangelhos; sua união nos apresenta uma imagem do Cristo Místico.

O Cristo Cósmico, a divindade que se envolve com a Matéria, é a encarnação do Logos ou Deus feito carne. Esta Matéria-Mãe recebe da Terceira Pessoa da Trindade, o Espírito Santo, a vida que a anima e lhe permite tomar forma.

A Matéria condensada é modelada em seguida pelo Filho, o Segundo Logos, que se sacrifica encerrando-se ou crucificando-se, a fim de tornar ao “Homem Celeste”.
Do seu corpo fazem parte todas as formas. Tal é o processo cósmico dramaticamente representado nos Mistérios.

“O Espírito de Deus pairava sobre as Águas. E as trevas estavam sobre a fece do Abismo”, disse o Gênese.







Logo, lhe foi dada a Forma pelo Logos: “Todas as coisas foram feitas por Ele e nada foi feito sem Ele”, disse São João no seu Evangelho.

Uma vez terminado o trabalho do Espírito, o Cristo Cósmico e Místico pode revestir-se de Matéria, entrando no seio da Virgem Matéria. Esta Matéria foi vivificada pelo Espírito Santo a fim de receber o Segundo Logos e, assim, o Cristo se encarna e se faz carne; a vida e a matéria O envolvem com uma vestimenta dupla.

É a descida do Logos na Matéria, descrita com o nascimento do Cristo por uma Virgem. Isso se torna Mito Solar, esse é o nascimento de Deus-Sol no momento em que o signo de Virgo ou Virgem se levanta no horizonte. Começam aqui os símbolos e as lendas. 

O Menino nascido está sujeito a todas as debilidades infantis. Ele, então, representa “a alma frágil que nasce para a Evolução”. A Matéria O aprisiona para matá-lo. Ele, porém, lentamente triunfa e modela o corpo para um destino sublime.
Consegue a maturação do corpo e se crucifica nessa matéria com a finalidade de derramar da cruz todas as energias de sua vida, sacrificada em benefício do progresso da criação.

Padece, depois morre para os sentidos e é sepultado; mas levanta-se com o corpo astral radiante que torna veículo ou vestimenta (da alma) e vive através das idades. A crucificação de Cristo é uma parte do grande sacrifício cósmico. Todas essas alegorias da crucificação nos mistérios se materializavam até o ponto de tornar-se morte verdadeira de uma pessoa, sofrida na Cruz e num crucifixo levado por um ser humano que expira.

Toda esta história é hoje a história de um homem; foi aplicada ao Instrutor Divino, Jesus, e transformou-se na história de sua morte física, assim como o seu nascimento de uma Virgem e a infância rodeada de perigos. Sua Ressurreição e Ascensão chegaram a ser assim como incidentes de sua vida. Os Mistérios desaparecem, mas as lendas chegam a ser a vestimenta do Instrutor da Judéia.

O Cristo Cósmico desaparece no Cristo Histórico. “Para os Iniciados, porém, o Cristo era, é e será sempre o dos Mistérios, que está intimamente ligado ao coração humano – o Cristo do Espírito Humano – o Cristo que vive em cada um de nós, que aí vive, é crucificado, ressuscita dentre os mortos e sobe ao céus, em meio dos sofrimentos e dos triunfos de todo “Filho do Homem.

 A vida de todo Iniciado nos Mistérios celestes está traçada em grandes linhas na biografia dos Evangelhos. Por isso São Paulo fala do nascimento, da Evolução e da maturação completa de Cristo no discípulo.
Todo homem é potencialmente um Cristo e segue de um modo geral a narrativa dos Evangelhos nos incidentes principais. Mas, como já dissemos, esses têm um caráter Universal e não Partcular.
Cinco grandes Iniciações esperam o aspirante a Cristo. 

A primeira É O SEGUNDO NASCIMENTO DO CRISTO NO CORAÇÃO, POIS O DISCÍPULO NASCE NO REINO DE DEUS INTERNO, COMO UM MENINO. “SE NÃO VOS TORNARDES COMO MENINOS, NÃO ENTRAREIS NO REINO DOS CÉUS” DISSE JESUS. Jesus nasceu na caverna. (É a gruta da Iniciação conhecida pelos antigos como a “Caverna da Iniciação”.) Em cima da gruta brilha a ESTRELA DA INICIAÇÃO, cuja luz resplandece pelo nascimento da LUZ INEFÁVEL.

Sua vida está em perigo por causa das tenebrosas potências do mal. Apesar de todo o perigo, alcança o estado viril, porque, uma vez nascido, não pode o Cristo morrer, tem de terminar sua evolução no homem. Sua vida se expande em beleza e força, crescendo em sabedoria e espiritualidade até alcançar a Segunda Iniciação.







A Segunda Iniciação é o batismo da água ou o domínio de todos os desejos, o qual lhe confere os poderes necessários a um Instrutor. Então, descendo o Espírito Divino sobre Ele com a glória do Pai Invisível, ilumina-o e assim chega a ser “O FILHO BEM-AMADO”, A ELE SE DEVE ESCUTAR.
Logo Ele é levado ao deserto da Matéria para ser tentado.

 O inimigo secreto, que reside no baixo-ventre ou no inferno (parte inferior do corpo), esforça-se por lhe mostrar a dificuldade de seguir a senda, e convida-o a servi-lo, para a sua própria tranqüilidade e proveito pessoal. Ele, porém, vence o Tentador e a Tentação e volta aos homens, a fim de alimentá-los com o pão da vida e curá-los das doenças.

Depois de tantos serviços impessoais e sofrimentos internos, galga a montanha sagrada da Terceira Iniciação, onde se transfigura, tornando-se tão radioso quanto o Sol.

Estará, então, preparado para o BATISMO DE FOGO ou o BATISMO DO ESPÍRITO SANTO e a entrada na última etapa do caminho da Cruz. É, então, perseguido e vituperado; contudo, não deixa de crescer a vida do amor. Bebe o cálice amargo da traição, do abandono, e é negado por todos os seus. Anda desapreciado pelos homens, carregando a cruz na qual deve morrer, renunciando à vida do mundo inferior.

Cercado de inimigos triunfantes, o seu heróico coração lança um grito ao Pai que parece tê-lo abandonado, e então abandona o corpo de desejos. Ele, o iniciado, desce aos infernos para poder salvar os que pedem auxílio e os átomos que desejam trabalhar sob o estandarte do Ser Interno. Volta depois à luz, abandonando as trevas inferiores, com o sentimento de que é o Filho Inseparável do Pai.
Uma vez terminados os seus deveres na vida terrestre, Ele sobe ao Pai por meio da Quinta Iniciação, porque já está unido ao Deus Íntimo.

É esta a história dos Cristos e dos mistérios, ou do Cristo dos Mistérios, sob o duplo aspecto – Logos e homem –, cósmico e individual.
Jesus é considerado como o Cristo Místico e Humano, que luta, sofre e, finalmente, triunfa: é o homem em quem a humanidade se vê crucificada e ressuscitada, cuja história promete uma vitória a todos os que, como Ele, forem fiéis até a morte, e até mais além da morte.
Fonte: gnosisonline.org

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