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terça-feira, 22 de outubro de 2013

Orpheu



Era uma vez um jovem chamado Orfeu. Orfeu era filho de umas das nove musas, Calíope com o deus olimpiano Apolo. Esse jovem foi o melhor músico que já pisou na terra, pois de seu pai, Apolo, recebera a lira. E quando tocava tal instrumento os pássaros paravam de voar, os animais selvagens perdiam o medo e tornavam-se dóceis, e deuses e mortais emocionavam-se com tal perícia e bela música.

O jovem filho da musa foi um dos cinquenta homens que atenderam ao chamado de Jasão, ou seja, foi um Argonauta. Era Orfeu quem apasiguava as brigas do navio com a sua música, e foi ele também quem livrou os outros Argonautas e o próprio Jasão do canto das sereias, porque tamanha eram as propriedades de sua música que as próprias sereias silenciaram seu canto para ouvirem o músico. De certo modo matou as Sereias, já que ninguém poderia passar por elas.

Tão bom homem não poderia ficar sozinho por tanto tempo; ele apaixonou-se por Eurídice, uma ninfa, e os dois se casaram. Porém, a ninfa era de tal beleza que mesmo depois de casada atraiu também os olhares de um apicultor (criador de abelhas). Eurídice recusou ao homem e pôs-se a fugir dele, que a perseguia, e durante tal fuga Eurídice acabou sendo picada por uma cobra, desse jeito, vindo a óbito. As ninfas companheiras de Eurídice fizeram com que toda a criação de abelhas do homem morressem, em vingança pela morte da amiga.






Após a morte da amada, o filho do deus-sol encheu-se de amargura e tristeza; entoava melodias tão triste que os deuses choravam ao ouvi-las. E, apiedados, os deuses recomendaram ao deus que fosse ao Hades e tentasse convencer o Rei dos Mortos a devolvê-la.

E assim foi feito. Orfeu desceu ao Mundo Inferior, tocou sua maravilhosa Lira e convenceu Caronte a levá-lo pelo Estige, adormeceu Cérbero – o cão de três cabeças, guarda do Submundo –  amansou monstros que interpunham-se em seu caminho e por fim chegou à sala do trono de Hades. Tocando sua música fez com que o deus chorasse lágrimas de ferro; o Senhor dos Mortos, então, disse que Orfeu poderia levar a amada, com a condição de que ele não olharia para trás até que ambos atingissem a superfície.

Orfeu foi conduzindo a amada pelo percurso, tocando a Lira para conduzi-la; melodias lindíssimas de felicidade. Porém, no meio do caminho, Eurídice caiu e disse:
- Orfeu!





O homem virou-se para olhá-la e viu um fiapo de fumaça esvaindo-se e a última lamúria de amor da mulher.

Após esse episódio, Orfeu recusou-se a tomar qualquer outra mulher por esposa. Começou a oferecer conselhos aos que precisavam, a fim de que eles não sofressem como ele próprio havia sofrido.
Porém, um dia, um grupo de mulheres rechaçadas por Orfeu resolveram organizar-se para matá-lo. E assim foi feito, elas caíram sobre o deus frenéticas, atirando dardos.

 Os dardos não adiatavam, pois Orfeu tocava sua lira e os mesmos caiam por terra. Contudo, as Mênades (mulheres que mataram Orfeu) abafaram a música dele com gritos e conseguiram atingi-lo e matá-lo. Elas o esquartejaram e atiraram a cabeça dele no Rio Hebro. Todavia, enquanto flutuava a cabeça ainda clamava:

- Eurídice! Eurídice!

As Musas, apiedadas do fato, reuniram o corpo de Orfeu e enterraram-no no Monte Olimpo. Quanto às Mênades, foram punidas pelos deuses: Assim que saíram do rio, seus pés começaram a tornarem-se parte da terra, e quanto mais elas tentavam tirá-los, mais eles se enroscavam… Até que, elas tornaram-se árvores. E ficaram sendo açoitadas pelos ventos, furiosos pela morte de Orfeu.

No fim, Orfeu uniu-se à sua amada novamente, nos Campos Elíseos. E as Mênades, dado o tempo de morte de uma árvore os galhos delas caíram secos e sem vida ao chão.
Conta-se que após a morte de Orfeu, os pássaros cantaram mais felizes, pois o músico estava feliz outra vez com a sua amada.

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