Era uma vez um jovem chamado Orfeu. Orfeu
 era filho de umas das nove musas, Calíope com o deus olimpiano Apolo. 
Esse jovem foi o melhor músico que já pisou na terra, pois de seu pai, 
Apolo, recebera a lira. E quando tocava tal instrumento os pássaros 
paravam de voar, os animais selvagens perdiam o medo e tornavam-se 
dóceis, e deuses e mortais emocionavam-se com tal perícia e bela música.
O jovem filho da musa foi um dos 
cinquenta homens que atenderam ao chamado de Jasão, ou seja, foi um 
Argonauta. Era Orfeu quem apasiguava as brigas do navio com a sua 
música, e foi ele também quem livrou os outros Argonautas e o próprio 
Jasão do canto das sereias, porque tamanha eram as propriedades de sua 
música que as próprias sereias silenciaram seu canto para ouvirem o 
músico. De certo modo matou as Sereias, já que ninguém poderia passar 
por elas.
Tão bom homem não poderia ficar sozinho 
por tanto tempo; ele apaixonou-se por Eurídice, uma ninfa, e os dois se 
casaram. Porém, a ninfa era de tal beleza que mesmo depois de casada 
atraiu também os olhares de um apicultor (criador de abelhas). Eurídice 
recusou ao homem e pôs-se a fugir dele, que a perseguia, e durante tal 
fuga Eurídice acabou sendo picada por uma cobra, desse jeito, vindo a 
óbito. As ninfas companheiras de Eurídice fizeram com que toda a criação
 de abelhas do homem morressem, em vingança pela morte da amiga.
Após a morte da amada, o filho do 
deus-sol encheu-se de amargura e tristeza; entoava melodias tão triste 
que os deuses choravam ao ouvi-las. E, apiedados, os deuses recomendaram
 ao deus que fosse ao Hades e tentasse convencer o Rei dos Mortos a 
devolvê-la.
E assim foi feito. Orfeu desceu ao Mundo Inferior, tocou sua maravilhosa Lira e convenceu Caronte a levá-lo pelo Estige, adormeceu Cérbero – o cão de três cabeças, guarda do Submundo – amansou monstros que interpunham-se em seu caminho e por fim chegou à sala do trono de Hades. Tocando sua música fez com que o deus chorasse lágrimas de ferro; o Senhor dos Mortos, então, disse que Orfeu poderia levar a amada, com a condição de que ele não olharia para trás até que ambos atingissem a superfície.
Orfeu foi conduzindo a amada pelo 
percurso, tocando a Lira para conduzi-la; melodias lindíssimas de 
felicidade. Porém, no meio do caminho, Eurídice caiu e disse:
- Orfeu!
O homem virou-se para olhá-la e viu um fiapo de fumaça esvaindo-se e a última lamúria de amor da mulher.
Após esse episódio, Orfeu recusou-se a 
tomar qualquer outra mulher por esposa. Começou a oferecer conselhos aos
 que precisavam, a fim de que eles não sofressem como ele próprio havia 
sofrido.
Porém, um dia, um grupo de mulheres 
rechaçadas por Orfeu resolveram organizar-se para matá-lo. E assim foi 
feito, elas caíram sobre o deus frenéticas, atirando dardos.
 Os dardos 
não adiatavam, pois Orfeu tocava sua lira e os mesmos caiam por terra. 
Contudo, as Mênades (mulheres que mataram Orfeu) abafaram a música dele 
com gritos e conseguiram atingi-lo e matá-lo. Elas o esquartejaram e 
atiraram a cabeça dele no Rio Hebro. Todavia, enquanto flutuava a cabeça
 ainda clamava:
- Eurídice! Eurídice!
As Musas, apiedadas do fato, reuniram o 
corpo de Orfeu e enterraram-no no Monte Olimpo. Quanto às Mênades, foram
 punidas pelos deuses: Assim que saíram do rio, seus pés começaram a 
tornarem-se parte da terra, e quanto mais elas tentavam tirá-los, mais 
eles se enroscavam… Até que, elas tornaram-se árvores. E ficaram sendo 
açoitadas pelos ventos, furiosos pela morte de Orfeu.
No fim, Orfeu uniu-se à sua amada 
novamente, nos Campos Elíseos. E as Mênades, dado o tempo de morte de 
uma árvore os galhos delas caíram secos e sem vida ao chão.
Conta-se que após a morte de Orfeu, os pássaros cantaram mais felizes, pois o músico estava feliz outra vez com a sua amada.
Fonte: http://reinodasfabulas.wordpress.com





 
 

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