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sexta-feira, 7 de setembro de 2012

A União do Espírito ao Corpo Carnal



  O Espiritismo nos ensina de que maneira se opera a união do Espírito e do corpo, na encarnação.
 
     O Espírito, por sua essência espiritual, é um ser indefinido, abstrato, que não pode ter uma ação direta sobre a matéria; era-lhe necessário um intermediário; este intermediário é o envoltório fluídico que de certa forma faz parte integrante do Espírito, envoltório semimaterial, isto é, participante da matéria, por sua origem, e da espiritualidade, por sua natureza astral; como toda matéria, ele é originado no fluído cósmico universal, o qual nesta circunstância sofre uma modificação especial.

 Este envoltório, designado sob o nome de perispírito, de um ser abstrato faz do Espírito um ser concreto, definido, apreensível pelo pensamento; ele o torna apto a agir sobre a matéria tangível, da mesma forma que todos os fluídos imponderáveis, que são, conforme se sabe, os mais possantes motores.

     O fluido perispiritual é, pois, o traço de união entre o Espírito e a matéria. Durante sua união com o corpo, é o veículo de seu pensamento para transmitir o movimento às diversas partes do organismo, as quais se agitam sob o impulso de sua vontade, e para repercutir no Espírito as sensações produzidas pelos agentes exteriores. Tem por fios condutores os nervos, como no telégrafo o fluido elétrico tem por condutor o fio metálico.

     Quando o Espírito deve se encarnar num corpo humano em vias de formação, um laço fluídico, que nada mais é senão uma expansão de seu perispírito, o liga ao gérmen em cuja direção ele se sente atraído por uma força irresistível desde o momento da concepção.




 À medida que o gérmen se desenvolve, firma-se o laço; sob influência do princípio vital material do gérmen, o perispírito, que possui certas propriedades da matéria, se une, molécula por molécula, ao corpo que o forma; daí se pode dizer que o Espírito, por intermédio de seu perispírito, de alguma forma toma raiz no gérmen como uma planta na terra. Quando o gérmen está inteiramente desenvolvido, a união é completa, e então ele nasce para a vida exterior.    


     Por efeito contrário, esta união do perispírito e da matéria carnal, que se havia realizado sob a influência do princípio vital do gérmen, quando esse princípio cessa de agir em resultado da desorganização do corpo, a união, que apenas era mantida por uma força atuante, cessa quando essa força cessa de agir; então o Espírito se solta, molécula por molécula, como um dia se uniu, e o Espírito recupera sua liberdade. Assim, não é a partida do Espírito que causa a morte do corpo, mas a morte do corpo que causa a partida do Espírito.

     Desde o instante posterior à morte, a integridade do Espírito é total; suas faculdades adquirem mesmo uma penetração maior, ao passo que o princípio da vida se extingue no corpo, e isto é prova evidente de que o princípio vital e o princípio espiritual são duas coisas distintas.

     O Espiritismo nos ensina, pelos fatos que nos proporciona à observação, os fenômenos que acompanham essa separação; ela é algumas vezes rápida, fácil, doce e insensível; outras vezes é lenta, laboriosa, horrivelmente penosa, segundo o estado moral do Espírito, e pode durar mês inteiro.

     Um fenômeno particular, igualmente assinalado pela observação, acompanha sempre a encarnação do Espírito. Desde que este é apanhado pelo laço fluídico que o liga ao gérmen entra em estado de perturbação; essa perturbação cresce, à medida que o laço se firma e, nos últimos momentos, o Espírito perde toda a consciência de sai mesmo de modo que ele nunca é testemunha consciente de seu nascimento. No momento em que a criança respira, o Espírito começa a recuperar suas faculdades, as quais se desenvolvem à medida que se formam e consolidam os órgãos que devem servir para sua manifestação.






     Porém, ao mesmo tempo em que o Espírito recupera a consciência de si mesmo, perde a recordação do seu passado, sem perder as faculdades, as qualidades e as aptidões adquiridas anteriormente, aptidões que estavam momentaneamente colocadas em estado latente, e que, ao retornar sua atividade, vão ajudá-lo a fazer mais, ou melhor, o que anteriormente não fez; renasce a partir do ponto em que deixou seu progresso anterior; isto é para ele um novo ponto de partida, um novo degrau a subir. 

Aqui mais uma vez se manifesta a bondade do Criador, pois a recordação de um passado muitas vezes penosa ou humilhante, acrescentando-se às amarguras de sua nova existência, poderia perturbá-lo e lhe criar embaraços; ele apenas se recorda daquilo que aprendeu, pois tal lhe será útil. Se por vezes conserva uma vaga intuição dos acontecimentos passados, é como a recordação de um sonho fugitivo.

 É, pois, um homem novo, embora seu Espírito possa ser antigo; ele se apóia sobre novos planos de ação, auxiliado pelo que adquiriu. Ao reentrar na vida espiritual, seu passado se desenrola diante de seus olhos, e ele julgará se empregou mal ou bem o seu tempo. 
 
     Não há, pois, solução de continuidade na vida espiritual, apesar do esquecimento do passado; o Espírito é sempre ele, antes, durante e depois da encarnação; a encarnação é apenas uma fase especial de sua existência. Aquele esquecimento não se efetiva senão durante a vida exterior, de relação; durante o sono, o Espírito, parcialmente desligado dos laços carnais, devolvido à liberdade e à vida espiritual, recorda-se, sua vida espiritual já não está tão obscurecida pela matéria.

     Tomando a humanidade em seu grau inferior de escala intelectual, com os mais atrasados selvagens, pergunta-se se esse foi o ponto de partida da alma humana.
     Segundo a opinião de alguns filósofos espiritualistas, o princípio inteligente, distinto do princípio material, se individualiza, se elabora, passando pelos diversos graus da animalidade; é ali que a alma se ensaia para a vida e desenvolve suas primeiras faculdades, pelo exercício; por assim dizer, isso seria seu tempo de incubação. Chegada ao grau de desenvolvimento que tal estado comporta, ela recebe as faculdades especiais que constituem a alma humana. Haveria assim filiação espiritual do animal para o homem como também existe uma filiação corporal.  
  
     Este sistema, fundado sobre a grande lei de unidade que preside à criação, corresponde, é forçoso que concordemos, à justiça e à bondade do Criador: dá uma saída, uma finalidade, um destino aos animais, os quais já não são seres deserdados, mas que acham, no futuro que lhes está reservado, uma compensação para os seus sofrimentos. O que constitui o homem espiritual não é sua origem, mas os atributos especiais dos quais está dotado em sua entrada na humanidade, atributos que o transformam e dele fazem um ser distinto, como o fruto saboroso é distinto da raiz amarga de onde saiu. Por ter passado pela linha da animalidade, o homem não seria menos homem; não seria mais animal, assim como o fruto não é a raiz, assim como o sábio não é o feto informe pelo qual teve seu começo no mundo.




     Porém este sistema faz surgir numerosas interrogações das quais aqui não é o lugar para se discutir os prós e os contras, como não o é o exame das diferentes hipóteses formuladas acerca de tal assunto. Assim é, pois, que sem pesquisar a origem da alma, e as linhas de evolução pelas quais ela teve que passar, nós a tomamos em sua entrada na humanidade, no ponto onde, dotada de senso moral e de livre arbítrio, ela começa a incorrer na responsabilidade de seus atos.

     A obrigação, para o Espírito encarnado, de prover à nutrição do corpo, à sua segurança, a seu bem-estar, o obriga a aplicar suas faculdades em investigações, a exercê-las e as desenvolvê-las. Sua união com a matéria é, pois, útil a seu progresso; eis porque a encarnação é uma necessidade. Por outro lado, pelo trabalho inteligente que o Espírito opera sobre a matéria, em sua própria vantagem, ele auxilia a transformação e o progresso material do globo que habita; é assim que, progredindo, ele auxilia a obra do Criador de quem é um agente inconsciente.

     Porém a encarnação do Espírito nem é constante, nem é perpétua; não é senão transitória; deixando um corpo, não retoma outro instantaneamente; durante um lapso de tempo mais ou menos considerável, vive na vida espiritual, que é sua vida normal; de tal sorte que a soma do tempo passado nas diferentes encarnações é pouca coisa, comparada ao tempo que passa no estado de Espírito livre.

          No intervalo de suas encarnações, o Espírito igualmente progride, no sentido de que ele põe a funcionar, para seu progresso, os conhecimentos e a experiência adquiridos durante a vida corporal; examina o que fez em sua permanência terrestre, passa em revista o que aprendeu, reconhece suas faltas, traça seus planos, e toma as resoluções segundo as quais contará guiar-se a uma nova existência em que procurará fazer melhor. É assim que cada existência é um passo avante na via do progresso, uma espécie de escola de aplicação. (Léon Denis)
Fonte:paginaespirita.com.br

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