A história do pão tem sua
raiz nos primórdios tempos, quando o homem era nômade, caçador e pastor (veja
a relação deste período no sítio arqueológico da Pedra Pintada, em Cocais).
Portanto, é um dos mais antigos alimentos do mundo. Alfredo Saramago, em seu
livro "Doçaria Conventual do Norte - História e Alquimia da
Farinha" nos dá uma idéia do que "as delícias da
sedentarização" fez com o homem daquela época, levando-o a buscar outras
fontes de sobrevivência - o que ela chama de "novo capital": os
cereais.
Como os cereais levam tempo
para frutificar e também no preparo, eles, os nômades, forçosamente, sentiram
a necessidade de fixarem moradia. O resultado deu certo, nascendo aí, quem
sabe, a vida sedentária (hoje em dia tão combatida).
O grão facilitou a sua vida,
deixou de correr risco: com as caças, com prejuízo das crias, e evitou os
riscos de não encontrar uma nova morada melhor, uma caverna...
Provavelmente, começou a experimentar o conforto que o sedentarismo podia lhe proporcionar: Ele é prejudicial mas é gostoso!
Provavelmente, começou a experimentar o conforto que o sedentarismo podia lhe proporcionar: Ele é prejudicial mas é gostoso!
Nascia aí, então, um novo
estilo de vida: era o conforto de ter os grãos dos cereais selvagens à mão,
dando-lhes tranqüilidade de uma alimentação. A vida tornou-se mais segura:
evitaram as constantes perdas humanas, o perigo sempre presente, a incerteza de
ter ou não, de uma refeição. Esta nova proposta de vida lhe trouxe uma
expectativa de vida mais longínqua e de melhor qualidade. A antropologia nos
revela que até os mais velhos, os doentes, as mulheres, ganharam muito com isso, pois não
foram vistos como empecilhos nos seus trânsitos.
Com tanta praticidade, conforto
e segurança, o homem acomodou-se e não quis mais se mexer. Empregou suas
energias em outras criatividades e prazeres. Veja o pensamento de Alfredo
Saramago: "as provas são evidentes e várias: as estações de caçadores
em vias de reconversão à sedenterização na região de Taurus-Zagroz na
Turquia, no Egito, na Núbia, etc." Para isso era necessário a busca de
terras ricas e produtivas, passaram a acampar em locais onde a terra era
apropriada para o cultivo.
Desenvolvera a pesquisa do solo! Seus abrigos eram modificados e duradouros: abriam buracos e fendas em rochas para
abrigarem-se, enquanto outros moldavam pedras para fazerem utensílios, moedores
de grãos (quem sabe os moinhos d'água não tiveram raízes aí?). De acordo
com Saramago, esse período vai de 7000 a 10000 anos antes da nossa era.
O pão, segundo alguns
pesquisadores, é citado há mais de 6 milênios. Os historiadores mencionam que
é provável ele ter surgido de uma massa rudimentar, de nome Gurel, antes mesmo
da Idade da Pedra. Já na idade da Pedra, os grãos triturados, quebrados ou
moídos molhados com água ou leite e desta mistura surgia uma massa, que era
secada ao ar e depois cozida em pedras quentes, como já foi dito aqui.
A princípio a massa era assada
em formato de disco e empregavam os grãos da cevada. O pão foi, com certeza,
um dos principais alimentos elaborados pelo homem, na transição da
Pré-História para a História. Ele, o homem, ao controlar o fogo passou a
utilizá-lo: assou carne, cozinhou verduras e raízes, depois empregou no
fabrico do pão.
Faz pouco tempo, cerca de 50 anos, que os arqueólogos obtiveram algumas informações sobre os primeiros hominídeos e, mesmo com essas informações não foi possível determinar, com clareza, como e onde se passou o plantio e a coleta dos grãos para a moagem e depois à panificação. Especula-se: o consumo de grãos, no primeiro momento foi feito tipo "papinha", obtidos a partir do cozimento de água, mas não é tido como verdadeiro. Grande parte dos historiadores acredita na origem mesopotâmica, como relatamos aqui, isso vale também para desvendar a origem do cultivo dos cereais e do desenrolar da massa que originou o pão, modernamente dizendo, a "panificação".
Devido à importância da manipulação
dos grãos na alimentação prática, no período em que se iniciava, chamada
neolítico, se espalhou, simultaneamente, por várias culturas. Prova disso,
citamos o Brasil, que neste período já dominava o cultivo e a fermentação do
milho; os astecas do México, na Idade dos Metais, já transformavam milho em
farinha, para o fabrico de seus pães.
De acordo com a história do pão, foi a partir dele que o homem - os egípcios - começaram a fazer três refeições: pequeno almoço, almoço e jantar. Também são eles os defensores da idéia de que a saúde e a longevidade depende dos prazeres da mesa. A escrita hieroglífica compara e dá importância aos atos de "falar" e de "comer".
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