A palavra "Jainismo" ou "Jinismo" tem sua origem no verbo sânscrito
"Jin" que significa "conquistador". O Jainismo, como o conhecemos,
surgiu na Índia entre os séculos 7 e 5 a.C., fundado por Mahavira que
viveu de 599 a.C. a 527 a.C . Porém, considera-se que o seu sistema de
crenças antecede ao Bramanismo.
Conta atualmente com cerca de 4 milhões
de seguidores, concentrados sobretudo ao norte do país. Contudo, devido
aos movimentos migratórios, já existem pequenas comunidades jainistas
na América do Norte e na Europa. Apesar do pequeno número de adeptos, o
Jainismo é uma das religiões mais importantes na Índia, juntamente com o
Hinduísmo e o Budismo.
Os jainistas encontram-se divididos em dois grupos principais: os Digambara "Vestidos de espaço" e os Svetambara ou Shvetambara, "Vestidos de branco" . Cada um destes grupos encontra-se por sua vez dividido em vários subgrupos. A maioria dos jainas pertencem ao grupo Svetambara.
A origem destes dois grupos situa-se no século I d.C ( ou talvez no século III d.C, segundo alguns autores ) e deve-se a disputas em torno dos textos que devem constituir as escrituras do jainismo. Os Svetambara consideram que as suas escrituras estão mais próximas dos ensinamentos originais do Mahavira, enquanto que os Digambara rejeitam uma parte considerável dessas escrituras. Os Digambara consideram igualmente que a renúncia pregada pelo Mahavira implica para os monges a nudez total e que as mulheres devem primeiro renascer como homens para poderem atingir a libertação.
Geográficamente, os Digambara concentram-se no sudoeste da Índia e os Svetambara no noroeste (estados do Gujarate, Rajastão e Madhya Pradesh).
As estátuas dos dois grupos são também diferentes: os Tirthankaras dos Svetambara possuem roupas e uma decoração mais rica, enquanto que as dos Digambara estão nuas; estas diferenças fazem com que um adepto dos Digambara não possa praticar o culto num templo Svetambara.
Mahavira, o fundador do Jainismo, nasceu por volta de 599 a.C. perto de
Patna, hoje conhecido como o estado do Bihar. Foi contemporâneo de
Siddharta Gautama o Buddha, tendo pregado na mesma região geográfica,
muito embora não haja registros de que os dois mestres tenham alguma vez
se encontrado. Mahavira pertencia à casta dos guerreiros ( kshatriya ).
Foi casado, viveu no luxo até que por volta dos trinta anos tornou-se
um mendigo errante. Entregou-se ao ascetismo até obter a iluminação,
tendo consagrado os anos finais de sua vida a pregar a sua doutrina.
Faleceu por volta de 527 a.C. em Pavapuri, no Bihar, que é desde então
um dos principais locais de peregrinação jainista.
Assim como seu contemporâneo, Gautama Buddha, a concepção e nascimento
de Mahavira também está envolta em mistério. As duas seitas Jainistas,
Digambars e Svetambaras, têm versões ligeiramente diferentes
relacionadas ao nascimento do senhor Mahavira. De acordo com a escola de
Digambar, o senhor Mahavira nasceu em 615 A.C., mas de acordo com o
Svetambaras, ele teria nascido em 599 A.C. Porém as duas seitas
concordam que ele era filho do Rei Siddhartha e da Rainha Trisala.
Os
Digambars acreditam que a mãe de Mahavira teve 16 sonhos auspiciosos
antes de a criança nascer, já de acordo com o Svetambaras foram 14 os
sonhos. Diz a lenda que Devananda esposa de Brahmin Rishabhdeva
concebeu o senhor Mahavira mas os deuses transferiram o embrião para o
útero da rainha Trisala. Os sonhos da mãe grávida foram interpretados
pelos astrólogos que indicaram que a criança seria um imperador ou um
"tirthankara". Levado ao Rei Siddhartha e à Rainha Trisala de Vaisali
(atualmente o estado de Bihar), o Mahavira foi nomeado Vardhaman porque
o reino e a fama do seu pai aumentaram muito desde a sua concepção.
Sua visão básica é dualista. A matéria e a mônada vital ou jiva são de
natureza distinta, e durante sua vida o ser vivente ( seja humano ou
animal ) atinge sua mônada como resultado de suas ações. Para se
purificar, esta religião propõe um extremo ascetismo e prega a prática
do "Ahimsa" ou a doutrina da não-violência. Os seus adeptos, através de
uma série de práticas, procuram combater suas paixões, de modo a
alcançar a libertação do mundo.
Os Jainistas consideram que sua religião é eterna, tendo sido a doutrina revelada ao longo de várias eras pelos Tirthankaras, palavra que significa "fazedores de vau", ou seja, alguém que ensinou o caminho.
Os Jainistas consideram que sua religião é eterna, tendo sido a doutrina revelada ao longo de várias eras pelos Tirthankaras, palavra que significa "fazedores de vau", ou seja, alguém que ensinou o caminho.
Os Tirthankaras foram almas nascidas como seres humanos que alcançaram a libertação ( moksha ) do ciclo dos renascimentos através da renúncia e que transmitiram os seus ensinamentos aos homens. Na presente era existiram 24 Tirthankaras. O último desses Tirthankaras foi o Mahavira, que os jainistas não consideram como o fundador do jainismo, mas antes aquele que lhe deu a sua forma actual. O 23º Tirthankara foi Parshva, que os historiadores consideram ter sido provavelmente uma figura histórica que viveu cerca de três séculos antes do Mahavira.
Os jainistas acreditam que Parshva pregou os 4 grandes princípios do jainismo, a saber: não-violência ( Ahimsa ), evitar a mentira, não se apropriar do que não foi dado e não se apegar às posses materiais; o Mahavira teria acrescentado o princípio da castidade.
Os Jainas, como também são chamados, seguem as orientações de um "Jina" ( conquistador ), que é um guia religioso que repudiou os interesses mundanos para alcançar um grau supremo de conhecimento. Os jinas, também são chamados "Tirthankaras", ensinam seus seguidores a liberta-se do ciclo da reencarnação ao atingir as três jóias: Conhecimento Justo, Fé Correta e Boa Conduta, o que implica abandonar a violência, cobiça, artifício, manter-se castos e obedecer a doze votos que podem ser divididos em três classes:
1) ANUVRATAS - São os cinco votos principais: abster-se de atos violentos, não mentir, não roubar, não cobiçar o parceiro de outra pessoa e limitar as possessões pessoais;
2) GUNAVRATAS - São três votos que reforçam os cincos votos principais: restringir as atividades pessoais a uma área concreta ( digvrata ), restringir práticas que proporcionam prazer ( bhogopabhogavrata ), evitar atos que causam sofrimento ( anarthadandavrata );
3) SIKSAVRATAS - São quatro votos de disciplina espiritual: meditar, limitar determinadas atividades a certos momentos, adotar a vida de um monge por um dia, fazer donativos aos monges ou aos pobres.
Além dos doze votos, seguem ainda algumas regras de comportamento, tais como: Não comer durante a noite, não comer carne, não beber vinho e não comer certos vegetais nos quais se acredita que vivam determinados seres.
KARMA
À semelhança do hinduísmo e do budismo, o jainismo partilha da crença no karma, embora de uma forma diferente. O karma no jainismo não é apenas um processo em que determinadas ações produzem reações, mas também uma substância física que se agrega a uma alma.
As partículas de karma
existem no universo e associam-se a uma alma devido às ações dessa alma
(por exemplo, quando uma alma mente, rouba ou mata esta provoca a
agregação de karma na sua alma). A quantidade e qualidade destas
partículas determinam a existência que a alma terá, a sua felicidade ou
infelicidade.
Só é possível a uma alma alcançar a libertação quando
desta se retirarem todas as partículas de karma. O processo que permite a
libertação das partículas de karma de uma alma denomina-se "Nirjara" e
inclui práticas como o jejum, o retiro para locais isolados, a
mortificação do corpo e a meditação.
SAMAVASARANA
SAMAVASARANA
Quando um mestre salvador, prega seu primeiro sermão, usa uma estrutura chamada Samavasarana. O tirthankara senta-se numa plataforma no centro e os ouvintes se agrupam em círculo para refletir sobre suas palavras.
KALPA SUTRA
O Kalpa Sutra, ou Livro do Ritual, narra a vida de Mahavira. É um dos mais importantes textos sagrados, e seus ensinamentos são considerados autênticos pela seita shvetambara dos jainistas.
CINCO SERES SUPREMOS
Os jainistas veneram cinco seres supremos. Os devotos seguem um ritual diário de invocação desses seres, inclinando-se em direção aos quatro pontos cardeais.
1) - ARHATS: Também conhecido como tirthankara ou jina, um arhat é o primeiro ser supremo, um mestre que lança os fundamentos para a libertação de outros, podendo fazê-lo sem a orientação de outro mestre. Sua imagem está no centro do Siddahachakra.
2) - SIDDHAS: O segundo ser supremo é o Siddha, equivalente jainista de um santo. Um siddha é uma alma que alcançou a libertação sob a orientação de um mestre, vivendo em estado de êxtase no topo do cosmo.
3) - ACHARYAS: Guias espirituais conhecidos como Acharyas formam o terceiro nível dos seres supremos. Cada acharya conduz uma ordem de monges ou monjas. No siddhachakra a imagem do acharya aparece a leste.
4) - UPADHYAYAS: O quarto nível dos seres supremos consiste nos Upadhyayas, monges instrutores que transmitem seu conhecimento das escrituras a outros monges e monjas. No siddhachakra a imagem do Upadhyayas aparece ao sul.
5) - MONGES: O restante dos monges jainistas ocupa o quinto nível dos seres supremos. No siddhachackra, o monge aparece a oeste. Para os digambaras, só os homens podem alcançar a libertação.
Os principais festivais do jainismo são:
MAHAVIRA JAYANTI
MAHAVIRA JAYANTI
- Ocorre em Março ou Abril e celebra a data do
nascimento do Mahavira. Neste dia estátuas do Mahavira são levadas em
procissões pelas ruas e os jainas reúnem-se nos templos para ouvir a
leitura dos seus ensinamentos.
PARYUSHANA
PARYUSHANA
- Durante o mês de Bhadrapada (Agosto-Setembro) os membros do
ramo Svetambara do jainismo celebram um dos seus festivais mais
importantes, Paryushana. Este festival está dedicado ao perdão e
consiste na prática do jejum durante oito dias. No último dia do
festival (Samvatsari) os jainas pedem perdão uns aos outros por ofensas
que possam ter causado; aqueles que conseguiram jejuar durante os oito
dias seguidos são levados para os templos em procissão. O festival
equivalente na tradição Digambara denomina-se Dashalakshanaparvan, e
para além da prática do jejum, é lido nos templos um importante texto, o
Tattvartha-sutra.
DIVALI (festa da luzes)
DIVALI (festa da luzes)
- Celebração comum a toda a Índia, é para os
jainas a comemoração da altura em que o Mahavira deu os seus últimos
ensinamentos e alcançou a libertação. Ocorre no mês de Kaartika, que
corresponde no calendário gregoriano a Outubro-Novembro.
KARTIK PURNIMA
KARTIK PURNIMA
- Ocorre no dia de lua cheia do mês de Kaartika. Após
terem permanecido numa determinada localidade durante os meses da
monção, os monges e freiras jainas regressam à vida errante, sendo por
vezes acompanhados por leigos no percurso que fazem para outro local.
Neste dia muitos jainas realizam a peregrinação aos templos de Palitana,
no estado indiano do Gujarate.
MASTAKABHISHEKA
MASTAKABHISHEKA
- Cada doze anos os jainas (principalmente os do ramo
Digambara) reúnem-se no santuário de Shravana Belgola no estado de
Karnataka, onde se encontra uma estátua de dezassete metros de Bahubali,
que é alvo de libações com água, mel, leite, flores, preparados de
ervas e especiarias.
Alguns teólogos reconhecem no Jainismo uma religião ateísta muito
antiga que evoluiu para a sua forma atual, Isto porque o Mahavira não
era nenhum ser supremo que pudesse criar ou sustentar o universo. A
crença jainista é de que o universo não teve um começo, mas que é
infinito e operado por leis naturais.
Consideram que o tempo é infinito
e cíclico. Ele é visto como uma grande roda dividida em duas partes
idênticas: uma realiza um movimento ascendente ( Utsarpini ), enquanto
que a outra um movimento descendente ( Avasarpini ). Cada uma destas
partes divide-se em seis eras ( ara ).
Durante o período ascendente os
seres humanos progridem ao nível do saber, estatura e felicidade,
enquanto que o período descendente caracteriza-se pela degradação do
mundo, pelo esquecimento da religião e pela perda de qualidade de vida
pelos humanos. Segundo os jainistas, vivemos atualmente num período de
movimento descendente, numa era de infelicidade ( Dukham Kal ), que
começou há 2500 anos e que durará 21 mil anos.
Carlos Roberto ( Amon Sol )
Fonte:magiadourada.com.br
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