Odin era, em primeiro lugar, o deus da sabedoria,
mas esta também não era uma virtude inata, como tudo na mitologia
nórdica, pois o conhecimento custava esforço até aos deuses. Para
consegui-lo Odin foi em humilde peregrinação até o poço de Mimir, para
pedir-lhe a ciência que havia nas suas águas, mas o ciumento Mimir não
cedeu o seu direito gratuitamente, senão que pediu em troca um olho do
deus.
Odin arrancou o olho sem duvidar e entregou-o a Mimir, que
lançou-o para o fundo do poço. Uma vez bebida a água do poço, Odin soube
imediatamente tudo o que se podia saber, até o fim que esperava o
Universo e os deuses, após a luta final que teria que ter lugar no campo
de Vigrid. Saber tudo transformou o radiante deus num ser taciturno,
dado que a carga da ciência, a responsabilidade do conhecimento, supunha
também a maturidade, a consciência da temporalidade de todo o Universo,
divino e humano.
Mas esta tinha sido simplesmente a primeira etapa e o deus continuou o seu percurso, agora vestido de vagabundo, procurando o sábio Vafthrudnir, para confirmar a validade do seu conhecimento, contrastando-o com o imenso caudal de sabedoria do gigante.
Seguindo
o conselho da sua prudente esposa Frigga, Odin apresentou-se perante
Vafthrudnir como Gangrad, para dar início ao mútuo e mortal
interrogatório, dado que o preço que tinha que pagar quem deixasse uma
pergunta sem responder era o da própria vida.
Primeiro foi o turno de perguntas do gigante, e Odin respondeu a todas e cada uma das questões apresentadas. Depois correspondeu a Odin perguntar ao gigante todas as suas dúvidas, desde a origem do Universo até quais foram às palavras que o Pai supremo tinha dito ao seu filho Balder junto da pira funerária.
Com essa pergunta, o gigante compreendeu que se encontrava diante do
próprio Odin, e soube que tinha perdido o torneio e que o esperava a
morte, mas não parece que assim foi, pois nunca ninguém disse que Odin
arrancou a cabeça do vencido gigante, dado que não queria conseguir a
vitória sobre esse oponente, senão comprovar se a sua inteligência era
suficiente.
Fonte:motologiasereligioes.blogspot.com
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