A Ordem dos Templários
A Ordem dos
Templários nasceu em 1118, na cidade de Jerusalém, por iniciativa Hugh
de Payens mais oito cavaleiros, todos de origem francesa. A Ordem dos
Templários, cujo nome completo era Ordem dos Pobres Cavaleiros de
Cristo e do Templo de Salomão, tornou-se, nos séculos seguintes,
uma instituição de enorme poder político, militar e econômico. A sua
divisa era: Non nobis, Domine, non nobis, sed nomini Tuo da
gloriam, o que significa “Não a nós, Senhor, não a nós, dai a
glória ao Vosso nome”. Inicialmente as suas funções limitavam-se aos
territórios cristãos conquistados na Terra Santa durante o movimento das
Cruzadas, e visavam à proteção dos peregrinos que se deslocavam aos
locais sagrados. Nas décadas seguintes, a Ordem se beneficiou de
inúmeras doações de terra na Europa que lhe permitiram estabelecer uma
rede de influências em todo o continente, o que mais tarde seria motivo
para sua perdição...
Comprometeram-se a
uma causa monástica e militar. Embora muitos Cavaleiros, naqueles
tempos, lutassem por dinheiro, terra ou poder, os Templários faziam
votos de pobreza e de castidade. Sua missão era principalmente a de
proteger os peregrinos a caminho da Terra-Santa.
O Rei Balduíno II
cedeu-lhes como abrigo o estábulo ao lado da mesquita de Al-Aqsa como
quartel general. Este local supõe-se que era o exato local do Templo do
Rei Salomão.
Os cavaleiros tomaram
o estilo de vida das ordens monásticas fundadas no tríplice preceito:
voto de pobreza, voto de castidade e voto de Obediência. E se
auto-intitularam: Os Pobres cavaleiros de Cristo. Adotaram como símbolo
dois cavaleiros em um só cavalo para mostrar sua pobreza – pois não
tinham dinheiro para comprar um cavalo – e também seu companheirismo.
Também adotaram o
nome do local onde se estabeleceram ficando então nomeada a ordem como:
Pauperes Commilitones Christi Templique Salomonis (Os
pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão) mas ficaram
conhecidos como: os Cavaleiros Templários. (algumas vezes chamados de :
Cavaleiros de Cristo, Cavaleiros do Templo, Pobres Cavaleiros, Ordem do
Templo, etc.)
Como toda Ordem
Religiosa, a Regra dos Templários, criada por São Bento de Núrsia,
também era baseada nos três pontos básicos das instituições religiosas
da época, ou seja: castidade, pobreza e obediência. Em geral eram
originários de famílias abastadas. Mas só podia se tornar Cavaleiro
propriamente dito o filho de um Nobre. Os cavaleiros tinham o direito de
usar (não possuir) 3 cavalos, um escudeiro e duas tendas.
Comparativamente, um cavaleiro bem montado e equipado, treinado e
seguido pelo seu séqüito de escudeiros, tinha o poder equivalente a um
tanque de Guerra Contemporâneo.
Havia uma parte religiosa propriamente dita, com Padres, Capelães,
Diáconos, Bispos. E por causa da bula "Omne datum optimum", também só
prestavam obediência ao Grão-Mestre da Ordem e ao Papa.
Relíquias
Eram também os
protetores das relíquias sagradas. As relíquias eram restos de pessoas
ou coisas consideradas sagradas e capazes de realizar milagres. Uma
relíquia popular naquele tempo era um pedaço de madeira da “Verdadeira
Cruz” - a cruz em que Jesus foi crucificado. Outra era a cabeça de S.
João Batista, que foi decapitado após ter sido enfeitiçado pela sedutora
dança de Salomé. Os povos na idade média tinham uma adoração desesperada
por relíquias, que veneravam com admiração. Mas logicamente fraudes
existiam. Um pândego da época disse que se e juntássemos todas as lascas
de "cruzes de Cristo", haveria madeira suficiente para uma floresta
inteira!
Os Templários tinham
em sua posse ainda a coroa dos espinhos, tirada da cabeça de Cristo.
Tiveram também o corpo da mártir Santa Eufémia de Chalcedon (julgava-se
ter poderes de cura divinos), entre diversas outras relíquias.
A Ordem dos Hospitalários
A Ordem dos
Hospitalários (ou Ordem de São João de Jerusalém) vem de uma tradição
que começou como uma Ordem Beneditina fundada no século XI na Terra
Santa, mas que rapidamente se tornaria uma Ordem militar cristã uma
congregação de regra própria, encarregada de assistir e proteger os
peregrinos àquela terra. Face às derrotas e conseqüente perda desse
território, a Ordem passou a operar a partir da ilha de Rodes, onde era
soberana, e mais tarde desde Malta, como estado vassalo do Reino da
Sicília.
Poder-se-ia afirmar
que a extinção desta ordem se deu com a sua expulsão de Malta por
Napoleão. No entanto, os mesmos cavaleiros iriam instalar-se na ilha de
Malta, doada por Carlos V do Sacro Império Romano-Germânico, adotando a
designação de “Ordem de Malta”.
A Ordem Teutônica
A Ordem Teutônica (Em
Alemão: Deutscher Orden; Em Latim: Ordo Domus Sanctæ
Mariæ Theutonicorum) foi uma ordem militar cruzada, vinculada à
Igreja Católica por votos religiosos, formada no final do século XII em
Acre, na Palestina. Usavam vestes brancas com uma cruz negra.
Após a derrota das
forças cristãs no Oriente Médio, os cavaleiros mudaram-se para a
Transilvânia em 1211, a convite do Rei André II da Hungria, mas foram
expulsos em 1225. Transferiram-se então para o norte da Polônia, onde
criaram o Estado independente da Ordem Teutônica. A agressividade da
Ordem ameaçava os países vizinhos, em especial o Reino da Polônia e o
Grão-Ducado da Lituânia. Em 1410, na Batalha de Grunwald (Tannenberg),
um exército combinado polaco-lituano derrotou a Ordem e pôs fim a seu
poderio militar. O poder da Ordem continuou a declinar até 1525, quando
seu Grão-Mestre, Alberto de Brandemburgo, converteu-se ao luteranismo e
assumiu o título e os direitos de Duque hereditário da Prússia (embrião
do Reino da Prússia, catalisador do futuro Império Alemão). O
Grão-Mestrado foi então transferido para Mergentheim, de onde os
Grão-Mestres continuavam a administrar as consideráveis posses da Ordem
na Alemanha. Em 1809, quando Napoleão determinou a sua extinção, a Ordem
perdeu as suas últimas propriedades seculares, mas logrou sobreviver até
o presente. Atualmente, trabalha primordialmente com objetivos
assistenciais.
Reinald de Châtillon
Não era um Cavaleiro
Templário, mas mantinha afinidades com a Ordem e frequentemente
participava de ações contra os muçulmanos, por quem nutria um ódio feroz
e completamente irracional!
Transformou-se no
principal inimigo público dos muçulmanos e um homem marcado para a morte
por Saladino a partir de duas atitudes vis que tomou contra aquele povo.
Em 1182 Châtillon
concebe um plano ardiloso: invadir Meca e roubar o corpo do Profeta
Maomé para cobrar tributo de peregrinos que desejassem visitá-lo em sua
fortaleza de Kerak.
Vencidos por tropas
muçulmanas lideradas por Malik, irmão de Saladino, muitos foram feitos
prisioneiros e outros escravizados.
Pouco tempo depois,
liderou um ataque covarde a uma caravana muçulmana pacífica, desarmada,
em peregrinação a Meca.
Tais episódios
conduziram Saladino, líder dotado de elevado senso de honra e justiça a
ver em Châtillon um criminoso ignominioso, sem honra ou senso de
justiça, capaz das mas atrozes barbaridades movido por puro ódio.
Quando já próximo da
queda de Jerusalém, o sucessor de Balduíno IV, agora Rei de Jerusalém
Guy de Lusignan, foi aprisionado com um grande contingente de cruzados e
Saladino teve a oportunidade de retribuir por todo o mal feito pelo
vilão: ofertou água de rosas com gelo trazido das montanhas ao rei de
Jerusalém e este passou a taça a Châtillon. As rígidas regras de
hospitalidade muçulmana ditavam que, quem partilhasse da água, do pão ou
do sal na mesma Tenda deveria ser poupado e alimentado. Repreendido,
teve a taça tomada e Saladino ofereceu a ele a possibilidade de
entregar-se ao Islã a fim de ser poupado. Châtillon, sempre arrogante,
retrucou que era Saladino quem deveria entregar-se ao cristianismo a fim
de evitar o fogo do inferno. A arrogância e intolerância de Châtillon
foram superiores à cortesia do grande cavalheiro que era Saladino e este
lhe decepou a cabeça com um só golpe de cimitarra.
A Guerra entre a França e a Inglaterra pelo domínio de Flandres
A sede de ouro de Filipe de Valois...
Há décadas a
Inglaterra estabelecera uma “cabeça-de-ponte”, um domínio localizado
sobre uma vasta e rica região da França fazendo com que o monarca
mobilizasse vastos recursos para dar combate ao invasor. Após muitas
derrotas humilhantes e um severo endividamento, Filipe de Valois viu-se
obrigado a selar uma frágil trégua a peso de ouro.
Todos os expedientes
lícitos e ilícitos por parte do Monarca foram utilizados para angariar
fundos e recompor os cofres da corte francesa. Em primeiro lugar os
mercadores lombardos residentes em Paris foram expropriados de seus bens
através de multas, impostos, confiscos e, finalmente, foram expulsos da
França! A seguir foi a vez dos judeus. Seus bens foram confiscados e
também eles foram expulsos da França.
Outra medida
violentamente impopular foi a desvalorização da moeda francesa em 200%!
Em 1306 os franceses em geral e parisienses em particular se viram tão
monstruosamente empobrecidos que se levantaram em rebelião contra Filipe
de Valois e sua corte que, para resguardar suas vidas, refugiaram-se na
maior fortificação Templária da cidade. No Templo, Filipe de Valois
vislumbrou pela vez primeira todas as riquezas daqueles outrora “Pobres
Cavaleiros de Cristo” e presume-se que tenha sido desta data a sua
pretensão de apoderar-se do Tesouro dos Cavaleiros Templários.
O Templo, que serviu
de refúgio a um monarca antipático a seu próprio povo veio a
transformar-se mais tarde em presídio para os mesmos templários que o
protegeram da turba enfurecida...
Clemente V e o Cativeiro de Avignon (1309 – 1377)
Bertrand de Got,
arcebispo de Bordeaux (1297-1305), homem de estreita confiança de Filipe
de Valois, foi eleito papa em 1305, como sucessor de Bento XI, após o
longo conclave de Perúgia, como homem de consenso: sempre havia sido
submisso ao papa Bonifácio VIII e também amigo do rei da França, Filipe,
o Belo, inspirador do ultraje de Anagni. Adotou o nome de “Clemente V”.
O antecessor de
Clemente V, o papa Bento XI, havendo desobedecido a ordens expressas do
monarca Filipe de Valois (Filipe “O Belo”), foi atacado e sofreu uma
tentativa de seqüestro de seu refúgio em Agnani a fim de ser conduzido à
França para ser julgado por heresia. Bertrand de Got apoiou – segundo
alguns Autores foi mesmo o inspirador – tal iniciativa...
Alegando que a cidade
de Roma, dominada pelos conflitos entre as famílias nobres, não oferecia
mais segurança ao papa, Clemente V, em 1309 foi, “a convite” de Filipe
de Valois para Avignon, França, onde se fixou definitivamente. Nessa
época tem início o chamado de “Cativeiro de Avignon” em lembrança do
bíblico “Cativeiro Babilônico”.
Abjetamente
subserviente ao monarca francês, foi coroado em Lyon na presença de
Filipe, que sempre o dominou. A primeira conseqüência de sua fragilidade
em relação ao rei da França foi a transferência da sede do papado de
Roma para Avignon, início do chamado “Cativeiro de Avignon”. Atendendo
aos insistentes pedidos de Filipe, Clemente canonizou o papa Celestino V
e iniciou um processo contra o falecido papa Bonifácio VIII que, segundo
as intenções do rei, deveria ter terminar com a sua condenação, o que
não aconteceu em virtude da vigorosa atuação dos Cardeais. Segundo a Lei
Canônica da Época, o cadáver de Bonifácio VIII deveria ser exumado e, se
considerado efetivamente culpado de heresia, seria queimado na
fogueira...
Foi um período
difícil para a Igreja e teve como o pior fruto, a imagem de um papa não
como um pai universal, e sim, uma espécie de capelão do rei da França.
Foram sete papas franceses e também a maioria dos cardeais.
Além disso, para
fazer frente à construção e manutenção da corte papal, aumentaram-se
exageradamente os impostos e as taxas. Tudo era vendido a alto preço:
nomeações, graças, indulgências e dispensas. Os ânimos católicos se
distanciam da Cúria e surge sempre mais forte o grito: “A Igreja tem que
ser reformada”. A autoridade do papa decaiu muito com o excesso de
excomunhões, lançadas por motivos quase que exclusivamente políticos.
Durante 20 anos toda a Alemanha ficou sob excomunhão. Em 1328 um
patriarca, 5 arcebispos e 30 bispos foram excomungados. São João d’Ávila
deplorava que nas paróquias, em cada festa, fossem anunciadas de 7 a 10
excomunhões.
As vozes que amavam a
Igreja e Roma se faziam ouvir cada vez mais alto: “quer-se a liberdade
da Igreja, a liberdade do Papa, um Papa universal.” Duas santas mulheres
fizeram eco a essa necessidade universal: Brígida da Suécia e Catarina
de Sena. Catarina, jovem, analfabeta, mística e santa, assumiu como
vocação fazer o papa retornar a Roma. Escrevia-lhe até palavras duras:
“Seja homem, paizinho! Não tenha medo”. Foi a Avignon e ali pôde
constatar a corrupção da Cúria que ela dizia, “cheirar muito mal, com o
mesmo mau cheiro de Roma”. Garantiu a segurança da transferência papal
e, em 1367, Urbano V ingressou triunfalmente na Roma papal. Era tamanha
a desordem na cidade, que o bom papa fugiu para a França. Seu sucessor,
Gregório XI (1370-1378), retornou a Roma em 1377 e fez do Vaticano a
residência papal oficial. Santa Catarina passou a viver em Roma e quase
que diariamente ia ao Vaticano, rezar pelo Papa e pela Igreja.
Como não poderia
deixar de acontecer, o Cativeiro de Avignon deu azo ao Grande Cisma do
Ocidente, com dois papas católicos romanos, um em Roma e outro em
Avignon excomungando-se mutuamente...
O Cisma do Ocidente (1378 – 1417)
Contra Urbano VI,
papa legítimo, é eleito Clemente VII como antipapa residente em Avignon.
Papas e antipapas se sucediam e se excomungavam, a ponto de se ter a
impressão de que toda a cristandade estivesse excluída da Igreja. Foi o
Grande Cisma, que fez a Igreja num certo período ter três papas! Os
cristãos, e mesmo os sábios e santos, não tinham mais muita clareza
sobre quem era o papa verdadeiro.
França, Espanha e
Escócia reconheciam Clemente VII como papa legítimo; Itália, Inglaterra,
Irlanda, Boêmia, Polônia, Hungria e Alemanha reconheciam Urbano VI. E os
santos? Santa Catarina de Sena apoiava Urbano VI e chamava de demônios
encarnados os eleitores de Clemente VII; já São Vicente Ferrer
reconhecia como verdadeiro papa a Clemente VII. Certamente, para o povo,
era mais difícil ter alguma certeza.
Para salvar a unidade
da Igreja, alguns teólogos passaram a defender a Teoria Conciliar: os
bispos reunidos em Concílio detêm o poder da Igreja, acima do Papa. No
fundo, o que se queria era garantir a eleição de um único e legítimo
papa e recuperar a unidade eclesial.
Somente o Concílio de
Constança (1414-1418) conseguiu acabar com o Cisma, com a eleição
unânime de Martinho V (1417-1431) após a renúncia do papa legítimo
Gregório XII.
Conseqüências
Após tantos
conflitos, divisões, papas sem visão pastoral e universal, não é de se
estranhar que, aos olhos do povo cristão, uma Igreja nacional,
controlada pelo poder do Estado, fosse a melhor solução. Isso aconteceu
e foi uma das causas que explicou o sucesso da Reforma Protestante na
Europa.
Na França, em 1438 se
ratificou como lei estatal a Teoria Conciliar, a proibição de apelar
para Roma como última instância, limitações dos direitos da Santa Sé nas
nomeações para ofícios e benefícios na França. Somente em 1905, o Papa
voltou a nomear os bispos franceses.
Na Alemanha, os
príncipes usurparam a jurisdição eclesiástica em seus territórios com a
imposição de taxas sobre os bens eclesiásticos. O sentimento anti-romano
era muito forte, cunhando-se até a expressão “doutor em Roma, burro na
Alemanha”.
Na Inglaterra, a
descrença em relação a Roma se fortaleceu com o Cativeiro de Avignon:
aos olhos dos ingleses o papa era instrumento do soberano francês contra
quem a nação inglesa se empenhou em longa e violenta luta. Vários
decretos do século XIV negam ao papa o direito de nomeação para os
ofícios eclesiásticos ingleses, proíbem o apelo a Roma e a introdução
das Bulas papais. De fato, a Igreja inglesa era independente de Roma.
Na Espanha, a unidade
religiosa foi considerada básica para a unidade nacional. Em 1478 nasceu
a Inquisição Espanhola sob controle estatal. Em 1492, com a reconquista
dos domínios muçulmanos – o reino de Granada – ao sul da Península
Ibérica e a conquista da América, Portugal e Espanha adquirem o direito
do Padroado, pelo qual assumiram o governo da Igreja.
Esses fatos podem
explicar, em parte, o porquê da tragédia religiosa do século XVI, quando
um frade reformador, Martinho Lutero, provocou a divisão religiosa e
política da Europa cristã. Séculos de relaxamento pastoral no coração da
Igreja Romana afastaram numerosos povos e nações. Lutero simbolizou, com
seu gesto, as numerosas gerações que clamavam pela reforma da Igreja.
1307 – A violenta ganância de
Filipe de Valois, a subserviência abjeta de Clemente V e o Ataque insano
aos Templários
O monarca francês e seu papa
marionete fizeram chegar ao conhecimento dos Grãos-Mestres do Templo e
do Hospital que planejavam uma nova Cruzada contra os muçulmanos
utilizando-se das forças conjuntas das duas Ordens Bélico-religiosas
ainda em ação, devendo elas fundir-se numa nova Ordem sob o comando dos
Hospitalários.
Convidados a Poitiers, nas imediações de Paris, Jacques de Molay,
Grão-Mestre do Templo e Foulques de Villaret, Grão-Mestre dos
Hospitalários, deveriam apresentar-se a 1º de novembro de 1306, Dia de
Todos os Santos. Jacques de Molay, de posse de um plano detalhado para
uma nova cruzada e um arrazoado detalhado acerca da inconveniência da
fusão entre as duas Ordens religiosas e militares, chegou ao encontro
com vasta antecedência. Foulques de Villaret, atrasou-se à reunião, dela
se retirando na primeira oportunidade. Jacques de Molay ficou sozinho:
uma ovelha em meio a lobos, hienas e chacais...
Por volta do dia 20 de setembro de 1307 Filipe de Valois enviou cartas
lacradas a todos os senescais do reino com ordens expressas de que
somente fossem abertas na noite de quinta-feira 12 de outubro. O
falecimento de Charles de Valois, irmão de Filipe, determinou uma viagem
do Grão-Mestre Jacques de Molay que, sem nada desconfiar, ocupou lugar
de destaque nas exéquias sendo mesmo um dos que carregaram o esquife do
príncipe falecido no próprio dia 12 de outubro, véspera de sua
captura...
Quando as cartas foram simultaneamente abertas, a ordem expressa do rei
resumia-se em: “os Templários são acusados de graves heresias e crimes
devendo ser todos aprisionados e postos a ferros na madrugada de
sexta-feira 13 de outubro de 1307”. Data daí a crença de que toda a
sexta-feira 13 é um dia aziago.
Estarrecidos, os Templários pouco ou nada ofereceram em termos de
resistência entregando-se aos soldados do Rei sem entender as acusações
mas acreditando firmemente poder comprovar sua inocência.
Relata-se que, por mais que todo o procedimento tenha sido mantido em
rigoroso sigilo, 3 carroças carregadas com o que provavelmente seria o
tesouro dos Templários saíram do Templo em Paris em direção a local
incerto e jamais se soube o paradeiro daquele tesouro. Sabe-se que, em
função de suas atividades de proteção a peregrinos em direção à Terra
Santa, os Templários dispunham de uma grande frota de navios que,
misteriosamente desapareceram das costas da França. Muito se especulou:
teriam ido para a Escócia, aonde a influência de Filipe de Valois e
Bertrand de Got não chegava? O que é ainda motivo de pesquisa é o
paradeiro do Tesouro dos Templários e de seus navios misteriosamente
desaparecidos.
Extração de confissões e execuções
Os calabouços eram locais
extremamente úmidos, insalubres, desconfortáveis, criados para quebrar a
vontade dos prisioneiros, acorrentados durante todo o tempo. A estas
aflições acrescentou-se uma série de outras práticas comuns na França
embora proibidas em outros países civilizados: a tortura sistemática.
Contra os Templários aprisionados utilizavam-se a torquês (arrancava-se
a panturrilha com uma torquês afiada e nela se despejava chumbo
derretido), a Roda (esta era planejada para esticar tanto o corpo da
vítima que muitos vieram a óbito), as surras e chibatadas e tormentos
indescritíveis que somente cessavam diante da confissão do que o Rei e
seu papa fantoche haviam estipulado. Os templários deveriam confessar,
entre outras coisas absurdamente estapafúrdias que:
_ Praticavam sistematicamente a sodomia,
o homossexualismo (heresia, prática antinatural e crime hediondo)
_ Adoravam uma cabeça mumificada ou um
ídolo demoníaco cognominado de Baphomet.
_ Em seus rituais de Iniciação eram
obrigados a renegar o Cristo e cuspir na Cruz.O que mais causou
espanto à opinião pública foi o fato de tantos homens pios, devotados a
dedicar sua vida à causa de Cristo, em sua maioria originária de
famílias nobres estivesse envolvida em tais práticas inverossímeis sem
que em décadas ninguém emitisse qualquer palavra sobre tais heresias
antes que fossem violentamente torturados.
Nos anos que se
seguiram, a ordem foi sendo quebrada em vários países. Na Espanha e
Portugal, continuou ativa na guerra contra os muçulmanos, Foi fundada
por D.Dinis de Portugal, a Ordem de Cristo, que era a mesma coisa, mas
com outro nome. Posteriormente já no século XV Infante D.Henrique se
torna Grão-Mestre da Ordem de Cristo e inicia as Grandes Navegações
Portuguesas. Na Alemanha, os Templários desafiaram a todos para provar
sua inocência. Na Inglaterra as torturas eram legalmente proibidas.
Embora tenha ocorrido uma única execução de um Cavaleiro Templário em
solo inglês pela Santa Inquisição, jamais se ouviu de qualquer deles
confissão alguma dos delitos que lhes eram imputados.
Na Escócia a bula
Papal nunca foi lida e nenhuma prisão foi feita. Mais tarde seriam uma
das influências de uma nova Ordem que surgiria junto as sociedades dos
pedreiros-livres (os mesmos que construíram as catedrais góticas com
base nos aprendizados da Construção do Templo de Salomão). Há
fortíssimos indícios que, desta união entre os Templários e as Guildas
de Pedreiros Medievais formaram a base do que viria a ser a Maçonaria.
Naturalmente, com o passar dos anos, todos os que tinham justos motivos
para ocultar-se dos rigores da Igreja juntaram-se aos Maçons
(Rosacruzes, Alquimistas, Pitagóricos, Órficos, Astrólogos,
Cabalistas...)
De 1307 a 1314 o
Grão-Mestre Jacques de Molay além de preceptores da Ordem como Hugo de
Piraud e Godofredo de Charney permaneceram encarcerados e submetidos às
mais hediondas formas de tortura.
Jacques de Molay
contava 70 anos de idade quando, a 18 de março de 1314 foi amarrado a
uma estaca numa ilha remota do rio Sena em companhia de seus
companheiros de cela. Protestando inocência até o último momento, as
últimas palavras do último Grão-Mestre do Templo ainda ecoam através do
tempo:
“Senhor,
Permiti-nos refletir
sobre os tormentos que a iniqüidade e a crueldade nos fazem suportar.
Perdoai, ó meu Deus, as calúnias que trouxeram a destruição à Ordem da
qual Vossa Providência me estabeleceu chefe. Permiti que um dia o mundo,
esclarecido, conheça melhor os que se esforçam em viver para Vós. Nós
esperamos, da Vossa Bondade, a recompensa dos tormentos e da morte que
sofremos para gozar da Vossa Divina Presença nas moradas
bem-aventuradas.
Vós, que nos vedes
prontos a perecer nas chamas, vós julgareis nossa inocência.
Intimo o papa
Clemente V em quarenta dias e Felipe o Belo em um ano, a comparecerem
diante do legítimo e terrível trono de Deus para prestarem conta do
sangue que injusta e cruelmente derramaram.”
Seja como for,
Bertrand de Got (Clemente V) efetivamente faleceu 40 dias depois da
Intimação do Grão-Mestre e Filipe de Valois (“O Belo”) em um ano também
morreu, causando grande impressão a todos quantos testemunharam as
palavras finais do Grão-Mestre do Templo.
Relembremos que a
época era cultuadora de relíquias e que os assistentes da execução
colheram restos mortais dos mártires executados usando-as como
autênticas relíquias...
O Julgamento da História
De tudo o que aconteceu nos eventos daquele tempo sombrio fica clara a
crueldade de Filipe de Valois, que não se detinha diante de nada para
levar a cabo seus intentos maliciosos.
O uso sistemático da tortura priva o ser humano da Razão e, tal como
ficou provado durante os períodos de tortura por que a humanidade tem
passado (do Império Romano à Ditadura Militar Brasileira) o supliciado
confessa o que quer que o torturador queira ouvir ou implante em sua
mente.
Diante da legislação internacional o uso da tortura para obtenção de
confissões não é admissível: o supliciado confessa qualquer coisa que o
torturador queira ouvir!
Havendo sobreviventes dos Templários e de seus pensamentos e
ensinamentos em vários pontos do mundo aonde não chegava a autoridade de
Filipe de Valois ou de Bertrand de Got encontram-se seres humanos
honrados, nobres, cavalheirescos e, como já se enfatizou mais de uma
vez, um dos mais poderosos pilares de sustentação ou mesmo formação da
Maçonaria como a conhecemos hoje.
O nome do último Grão-Mestre dos Templários, Jacques de Molay, é hoje
lembrado com carinho e respeito por jovens de todo o mundo na Ordem que
recebeu o seu nome, suprema justiça histórica!
Fonte:culturabrasil.org
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