Tradições e costumes
do povo cigano
O
povo cigano oriundo da Índia
começou sua diáspora no ano 240 de nossa Era,
após a invasão da Índia pelos persas. Desde que foram forçados a
abandonar sua
terra de origem, saíram em diáspora por todo o
mundo. Perseguidos, incompreendidos e vítimas de todas as atrocidades,
não
perderam seu objetivo maior: viver em
liberdade.
Chegaram oficialmente ao Brasil como degredados, mas foi a
partir de 1574
que oficialmente começaram a desembarcar nos
portos brasileiros. Na Corte de D. João VI, assumiram suas profissões
itinerantes
para alegrar o dia-a-dia da Corte, e aos
poucos foram conquistando o povo brasileiro.
Donos
de um código próprio de honra, são
regidos pelas suas próprias leis, guardadas
por um tribunal - Kris Romaí - formado por homens sábios de seu povo.
Possuem
também sua própria língua -o Romani, ou
Romanês, com mais de 100 dialetos. Esta língua tem raízes nos idiomas
sânscrito, armênio,
grego e persa, resultado de contatos através
de dominações e invasões dos países onde se estabeleciam acampados.
Casam-se
prioritariamente entre si, sem exigência
de reconhecimento das leis do país onde se
encontram, como única maneira de preservar suas tradições, costumes e a
unidade
de seu povo, mas não resistem
preconceituosamente às uniões com não-ciganos (gadjé), quando existe
amor, sinceridade e a promessa
de manutenção dos hábitos do cônjuge cigano.
Suas festas de casamento chegam a durar vários dias.
Louvam
inúmeros santos em suas slavas (festas
religiosas comemorativas). Cristãos por
excelência, são devotos de N. Sra. da Conceição Aparecida, sua padroeira
no Brasil;
Virgem Sara, padroeira universal dos ciganos;
Virgem Esperança Macarena, sua padroeira na Espanha; Virgem de Fátima;
N. Sra.
de Lourdes; N. Sra da Luz e N. Sra. da
Lampadosa, entre outros. Atualmente inserem em seu culto cristão, a
presença do Beato
Ceferino Gimenéz Malla, conhecido como El
Pelé, beatificado pelo Papa João Paulo Atualmente inserem em seu culto
cristão,
a presença do Beato Ceferino Gimenéz Malla,
conhecido como El Pelé, beatificado pelo Papa João Paulo II, em maio de
1997.
Além
da lição de liberdade, os ciganos são
exemplos de vida que deveriam ser seguidos por todos. Não se conhece um
só ancião cigano
que tenha sido abandonado pelos seus
familiares, tão pouco existem entre os ciganos crianças abandonadas. Ao
contrário, tantos
os velhos como as crianças são
permanentemente alvo de atenção de todos. Os mais vividos guardam a
coluna da sabedoria que
sustenta a idoneidade de uma família cigana e
os mais novos são a certeza da continuidade de suas tradições.
AS CRIANÇAS SÃO A MAIOR ALEGRIA
DOS CIGANOS
“Elas são a garantia do futuro. A certeza de que nossas tradições serão
eternas.”
Logo
que nascem são o centro das atenções e alvo dos cuidados de todos da
família e do clã. Ganham três nomes
diferentes: um civil, com o qual serão conhecidas pelos não-ciganos, um
apelido que pode
ser engraçado, ou ainda um nome que tenha a
ver com qualquer particularidade da criança. É com este nome que ela
será conhecida
em seu clã de origem. E por fim um nome que
lhe será dado em segredo, pela mãe, com quem esteve em intimidade
durante toda
a gestação.
Para
o povo cigano, a criança é o recomeço e a continuação da raça, a
certeza
de que suas tradições não se perderão no
vento. Por isso, assim que nascem são tratadas com mimo, sem que a mãe
deixe de mostrar
o limite das coisas para a criança. É também a
mãe que cuidará de sua educação pessoalmente, fazendo com que a criança
possa
aproveitar ao máximo o período da infância,
quando desfruta mais intensamente da companhia das fadas, dos anjos e
dos personagens
oníricos, com quem convive diariamente.
Quando
nasce um cigano, sua avó oferece a todos o pão das três fadas, para
que o recém-nascido tenha sorte, saúde e
prosperidade. A criança é então banhada numa pequena banheira ou num
tacho numa mistura
de água natural, vinho, flores, metais, ervas
e perfumes. Estes ingredientes e o próprio ritual do banho do
recém-nascido
apresentam algumas variações de clã para clã.
A
apresentação do recém-nascido à primeira Lua Cheia, após o seu
nascimento
é uma das tradições mais populares entre os
ciganos brasileiros, principalmente os que vivem no interior do país.
Para atrair
a Boa Sorte e a proteção, a criança é erguida
em direção à Lua pela avó ou pela madrinha, enquanto se diz:
“Lua, Lua, Luar, toma teu andar. Leva esta criança e me ajuda a criar. Depois de criada torna a me dar.”
O Batismo
é sagrado para os ciganos.
Na
verdade, o primeiro Batismo da criança cigana acontece quando a mãe lhe
sopra aos ouvidos um nome que apenas ela
conhecerá. O banho de sorte faz parte deste ritual. As cerimônias
religiosas de batismo
são realizadas nas igrejas freqüentadas pela
família do recém-nascido.
OS RITOS FÚNEBRES (favor desenhar
a cruz cigana ou o cortejo)
A
morte de um cigano é chorada por nós por mais que seja esperada e
previsível.
São velados com muito respeito e comoção, mas
daquele momento em diante, os ciganos contam com mais um intermediário
entre
o clã e Deus. Mesmo assim, evitam para
pronunciar o nome de um ente-querido que se foi, o que só é feito se for
totalmente
indispensável. Alguns clãs queimam os
pertences e objetos de uso pessoal do morto. Os ciganos acreditam que a
alma de quem
morre, mas o duho (o último suspiro) continua
entre os vivos por mais quarenta dias, revisitando pessoas queridas,
indo a
lugares de que gostava e relembrando tudo o
que lhe fizeram ou até vingando-se de pessoas inimigas. Para dar-lhe paz
e apaziguar-lhe
o espírito, parentes e amigos próximos
procuram se manter unidos e se preparam para receber os que vêm de fora,
acompanhar
o enfermo. Durante este período, as
lembranças de seus feitos são citadas por todos, numa demonstração de
carinho, gratidão
e afeto.
Quando
a morte acontece todos se mostram tristes e surpresos. Uma vela acesa
é colocada entre as mãos do falecido, para
que ele seja guiado pela luz até o lugar que Ananke - o Destino - lhe
reservou:
Raio (céu) ou Catrano, embaixo da terra, onde
ficam as almas dos condenados por Arangeloudan (divindade que
representa a justiça
divina) entre pixe e lama. Para os ciganos, é
para lá que são enviados aqueles que matam ou blasfemam contra Deus.
Durante
o velório não se permite a visita de pessoas indesejáveis ao morto.
É importante levar licor, vinho, velas e
flores. Alguns clãs reservam um jantar em outro recinto diferente de
onde está o
morto para relembrar momentos felizes da vida
do falecido, a fim de alegrar seu espírito. Os objetos mais apreciados
pelo
morto são colocados dentro de sua urna
funerária, junto com uma moeda, para “pagar” ao canoeiro que
transportará
o espírito do morto até sua morada final.
A GRANDE HOMENAGEM
Um
ritual secreto é realizado alguns dias após a morte e tem o nome de
Pomana.
Detalhe sobre esta cerimônia não são
abertamente revelados. Mas sabe-se que são servidos os pratos preferidos
do morto e que
seu lugar à mesa é resguardado. Este ritual
se repete ainda por mais algumas vezes e os participantes não podem se
embriagar.
Muitos grupos ciganos guardam luto até a
terceira repetição do ritual, ou por mais tem, se quem morreu foi uma
criança. As
mulheres se vestem de discretamente e os
homens não fazem a barba. Já outras comunidades ciganas costuma, apenas
no quadragésimo
dia, colocar uma vela branca e pão em água
corrente, dentro de um pequeno barco, num rio. Quando o barco se afasta,
é sinal
de que a alma está confortada e pronta para
cumprir seu destino.
O Banho da Sorte e da Fortuna
Num
belo tacho de cobre são colocadas ervas
aromáticas frescas, vinho, mel ou açúcar, uma
pitada de sal, ouro, prata e um perfume delicado. Este banho atrai a
fortuna
e a Boa Sorte para o bebê e é realizado no
primeiro mês de nascimento.
o Casamento - surge uma nova
família
Desde
que as crianças nascem , seus pais e avós começam a prepará-las para o
casamento.
Existe um desejo prioritário dos pais que é o
de casá-los com outro cigano ou cigana. Através do casamento, os
ciganos asseguram
a perpetuação dos costumes e tradições. As
festas ciganas de casamento podem durar até três dias, conforme a
condição financeira
das famílias dos noivos. Os ciganos mais
tradicionais iniciam a festa com um grande almoço, onde são servidos
pratos típicos
à base de assados de carnes diversas. Sempre
há muita música e dança e, no primeiro dia da festa nota-se a presença
dos não-ciganos
que são bem-vindos ao clã.
Hoje
em dia, os casamentos são realizados em igrejas. Para a cerimônia
religiosa a noiva
veste o tradicional traje branco, comum
também às noivas não ciganas. Segue-se a esta cerimônia, uma outra de
maior beleza
e significado para os ciganos, pois esta é
oficializada por um membro da comunidade que tenha o respeito de todos.
Os noivos
então dividem o pão com sal e em alguns clãs
quebram-se taças de cristal. Quanto mais cacos de cristais forem
produzidos,
maior a sorte do novo casal. Algumas
brincadeiras são realizadas em torno da noiva, que recolhida a um
compartimento - sala
ou quarto, é oferecida por ela uma simbólica
quantia em dinheiro, simbolizando a compra da noiva. A brincadeira
consiste em
tentar baixar significativamente o valor
estipulado pelo guardião da noiva, que insiste em valorizá-la pelos seus
dotes naturais
e pela sua beleza física. Realizada a compra,
a noiva é entregue à família do noivo, e após a cerimônia, o casamento é
consumado.
A
prova de virgindade se dá apenas às mulheres mais velhas, de maior
confiança das famílias.
Pois a virgindade é muito importante para os
ciganos que acreditam que a mulher carregará para o casamento boa sorte e
bênçãos
para o marido e os filhos que terão.
Terminada a prova de virgindade, os pais da noiva recebem os
cumprimentos de todos os
convidados e uma enorme bandeira é erguida em
honra da mais nova mulher do grupo. É também costume de alguns clãs
rasgar a
camisa do pai do noivo, quando seus retalhos
são disputados pelos outros componentes do grupo. Na ausência do pai, é a
mãe
da noiva que tem seus trajes rasgados.
Geralmente
o jovem casal, muitas vezes com menos de vinte anos de idade cada um,
passa
a viver na casa dos pais do rapaz, pelo menos
até que nasça o primeiro filho do casal. Este costume visa adaptar o
novo casal
para a rotina familiar.
Fonte:sibylarudana.tripod.com
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