De materialista convicto à grande defensor do Espiritismo, Bozzano deixou uma obra de incalculável valor para à humanidade!
Eminente
pensador e cientista italiano, nascido em 9 de janeiro de 1862 na
cidade de Gênova e falecido na mesma cidade no dia 24 de junho de 1943.
Ernesto Bozzano aos quinze anos de idade já demonstrava uma vocação para
o estudo e se interessava por filosofia, psicologia e todas as ciências
naturais. Queria encontrar respostas, às múltiplas perguntas que
agitavam sua alma juvenil, sobre a natureza humana e o sentido da vida.
Por
falta de apoio familiar não pôde seguir os estudos superiores, mas seu
apaixonado amor pelo saber levaram-no a obter com esforço próprio uma
sólida formação filosófica e científica.
Estudou também por sua conta a
língua inglesa, dominando-a perfeitamente. Inicialmente, seu pensamento
apresentou tendência para o materialismo e para o positivismo,
influenciado pelas doutrinas de Comte e de Spencer, as quais chegou a
professar com fervor e intransigência.
Admirava acima de tudo o eminente
filósofo inglês, a quem considerava como "o Aristóteles dos tempos
modernos", por haver construído uma impressionante síntese de todo o
conhecimento humano.
Anos
depois confessaria: "Fui um positivista-materialista a tal ponto
convencido que me parecia inverossímil que existissem pessoas cultas,
dotadas de bom senso, que pudessem crer na existência e sobrevivência da
alma".
Em
1891, o senhor Théodule Ribot, professor da Sorbone e diretor da Revue
Philosophique, informou-o do lançamento da revista Annales des Sciences
Psychiques, dirigida pelo Dr. Dariex e sob a orientação do professor
Charles Richet. O professor Ribot exortava-o à leitura da revista com
atenção, pois ali se estava propondo um novo enfoque para a psicologia,
com a incorporação dos fenômenos supranormais.
Sua primeira reação foi
de desconforto, pois considerava um verdadeiro escândalo que
representantes da ciência oficial discutissem seriamente a possibilidade
da transmissão do pensamento ou a aparição de fantasmas. Mas a leitura
demorada dos Anais foi removendo progressivamente seus preconceitos,
obrigando-o a mudar de opinião. Posteriormente, Bozzano e Richet
mantiveram com regularidade uma correspondência franca e afetuosa.
Nesse
período apareceu o famoso livro de Gurney, Podmore e Myers, Phantasms
of the Living (Fantasmas dos Vivos) em tradução para o francês com o
título modificado de Hallucinations Télépatiques (Alucinações
Telepáticas) onde um grande número de casos comprovados sobre telepatia,
clarividência, premonição, telecinesia, desdobramento, aparições e
mediunismo em geral eram apresentados.
Bozzano estudou meticulosamente a
obra e começaram a dissipar-se as dúvidas que o afligiam. Outra obra
que exerceu uma influência significativa sobre Bozzano foi Animismo e
Espiritismo, do grande investigador russo Alexander Aksakof.
Daí em
diante dedicou-se a estudar sistematicamente os fatos espíritas, tomando
como roteiro as obras de Kardec, Denis, Delanne, Gibier, Crookes,
Wallace, Du Prel e outros eminentes investigadores das ciências
psíquicas.
Em busca da comprovação
Quando
já havia adquirido um amplo conhecimento teórico, considerou Bozzano
ter chegado o momento de comprovar os fatos mediante experiências
próprias. Em janeiro de 1899, fundou o Círculo Científico Minerva, um
grupo experimental dedicado à verificação dos fenômenos psíquicos e
mediúnicos com a participação de vários professores da Universidade de
Gênova.
Durante
cinco anos, graças ao intenso trabalho efetuado, aquele seleto grupo
deu muito o que falar à imprensa italiana e mundial, tanto pela
qualidade dos fenômenos que ali ocorriam como pelo rigor científico com
que eram estudados.
Apresentaram-se manifestações mediúnicas
impressionantes, tanto de ordem intelectual como física, tais como a
psicofonia, psicografia, xenoglossia, voz e escrita diretas, levitação
e, inclusive, a materialização. O desenvolvimento das sessões no Círculo
Minerva e seus resultados tornaram-se conhecidos pelo trabalho de seus
vários experimentadores, em diversos fascículos, monografias e livros,
constituindo um material muito valioso para a bibliografia especializada
no tema.
Bozzano
passou quase uma década estudando, analisando, comparando, antes de
começar a escrever e publicar. Seu primeiro artigo intitulado
"Espiritualismo e Crítica Científica", apareceu em dezembro de 1899 na
Rivista di Studi Psichici, que era editada em Turim sob a direção de
Cesar Baudi de Vesme, e que simultaneamente era editada em francês com o
nome de Revue des Etudes Psychiques.
A partir daí, e por mais de
quarenta anos, trabalhando num ritmo intenso de 14 horas diárias,
levando uma vida austera e disciplinada, consagrou-se à redação de
artigos, monografias e livros que, se fossem reunidos em volumes de
tamanho médio, chegariam ao respeitável número de 15.000 páginas.
Fortalecido em seus argumentos, valente em suas informações, Bozzano
proclamou a veracidade das teses espíritas e enfrentou com sua
argumentação clara e serena os preconceitos acadêmicos e a aversão
religiosa.
Um pouco de sua obra
Pela
sua amplitude e por estar dividida em centenas de artigos publicados em
revistas espíritas e metapsíquicas do mundo não é possível apresentar
uma relação completa de sua obra escrita. Não existe tema vinculado à
investigação psíquica que tenha escapado a sua observação e análise.
Aqui relacionamos alguns livros mais conhecidos e divulgados:
Hipótese
Espírita e Teoria Científica, Casos de Identificação Espírita, Fenômenos
Premonitórios, Os Enigmas da Psicometria, Comunicações Mediúnicas entre
os Vivos, Defesa do Espiritismo, Cérebro e Pensamento; Pensamento e
Vontade, Manifestações Supranormais entre os Povos Primitivos, A Crise
da Morte, Fenômenos Psíquicos no Momento da Morte, Literatura depois da
Morte, Fenômenos de Transportes, Xenoglossia (Mediunidade Poliglota);
Breve História dos Raps; Fenômenos de Bilocação; Fenômenos de
Assombração; Animismo ou Espiritismo? , A Verdade sobre a Metapsíquica
Humana; A Morte e seus Mistérios; Manifestações Metapsíquicas nos
Animais.
Quando
foi necessário sair em defesa do Espiritismo, não hesitou em discutir
com os mais ardentes contraditores, defendendo seus argumentos com a
força do raciocínio e apoiando sobre os fatos todas as suas afirmações,
sem deter-se em discussões estéreis ou na desqualificação pessoal de
seus adversários, a quem sempre ofereceu sua amizade.
Assim ocorreu com
Sudré, Morselli, Mackenzie e outros estudiosos contrários à
interpretação espírita, que sempre demonstraram respeito à inteligência e
às qualidades morais de Bozzano. O próprio Richet confessou-lhe em uma
carta que foram suas monografias que o fizeram vencer seu ceticismo a
respeito da existência e imortalidade do espírito.
Ernesto
Bozzano é, sem dúvida, o maior representante italiano do Espiritismo.
Sua contribuição a esta "Ciência da Alma" assim chamada por ele, à
Metapsíquica e à Parapsicologia é inestimável, contribuindo também na
formulação de seus princípios teóricos e em sua demonstração
experimental.
Seu trabalho constitui uma das mais poderosas
demonstrações a favor do reconhecimento da idéia transcendente que
haverá de orientar o ser humano em sua ascensão evolutiva: a
sobrevivência e continuidade do espírito depois da morte.
Fonte: novaera.org.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário