Um ideal tão elevado como o de São
Francisco precisou ser adaptado aos novos tempos e lugares. Os
franciscanos foram adotando as formas dos outros institutos religiosos.
Quando algum grupo percebia que, com isso podia estar sendo perdido o
ideal de São Francisco, principalmente o da pobreza, começava um
movimento novo de volta às origens. Foi o fermento de uma vitalidade
muito grande para a Ordem.
O grupo dos frades menores capuchinhos surgiu
no século XVI, liderado por Frei Mateus de Báscio, na província
italiana das Marcas. O nome veio por usarem um capuz comprido, como
achavam que tinha sido o do tempo de São Francisco.O papa Clemente VII
deu a primeira autorização para que pudessem existir.
Quando foram
perseguidos, uma sobrinha do Papa, Catarina Cibo, lembrou ao pontífice
que os capuchinhos tinham sido beneméritos atendendo com verdadeiro
heroísmo os doentes de uma peste que houve em 1523 em sua cidade de
Camerino. Em 1525 juntaram-se a Frei Mateus de Báscio os irmãos Frei
Ludovico e Frei Rafael de Fossombrone. Ficaram um tempo abrigados com os
camaldulenses de Massácio.
Depois, foram acolhidos pelo ministro geral
dos franciscanos conventuais. O Papa Clemente VII aprovou os Capuchinhos
pela bula "Religionis Zelus", de 3 de julho de 1528. A bula autorizava a
levar vida eremítica, seguindo a Regra de São Francisco, a usar barba e
o hábito com capuz comprido e a pregar ao povo.
Em abril de 1529, em
Albacina, um grupo de doze religiosos elegeu os superiores e redigiu as
Constituições. A Ordem dos Frades Menores Capuchinhos cresceu muito e,
hoje, está presente em todos os continentes, em cerca de noventa países.
No mundo inteiro, são mais de dez mil frades.
Os Capuchinhos no Brasil
Os primeiros capuchinhos chegaram ao
Brasil ainda no século XVII e eram franceses. Estabeleceram-se no
Maranhão. Posteriormente vieram outros, que se estabeleceram na Bahia e
no Rio de Janeiro. Até o fim do Império, tinham três conventos (Recife,
Salvador e Rio) de onde se irradiavam por todo o país, em missões que
ajudaram a formar a Igreja no Brasil. Foram fundadores de muitas
cidades.
Mas o governo colonial e o governo imperial não permitiram que
se abrissem noviciados para brasileiros. Todos os frades vinham da
Europa. No começo, eram franceses; depois, italianos de diversas
províncias. Uma exceção foram os frades franceses que dirigiram o
Seminário Diocesano de São Paulo de 1856 até um pouco antes da
proclamação da República. Em 1889, chegaram de São Paulo os capuchinhos
de Trento, na Itália, com a missão de começarem um noviciado para dos
brasileiros.
Quase ninguém acreditou que isso ia dar certo, mas os
frades foram perseverantes e colheram os seus frutos. Nessa época,
diversas regiões do Brasil começaram a ser confiadas a Províncias da
Europa. Pouco depois dos trentinos em São Paulo, chegaram frades
franceses no Rio Grande do Sul, de Veneza no Paraná e Santa Catarina.
Os
de Milão ficaram com Ceará, Piauí, Maranhão e Pará. Frades das Marcas
vieram para a Bahia e Sergipe. Os da Úmbria vieram para o Amazonas; de
Siracusa para o Rio de Janeiro, Espírito Santo e parte de Minas Gerais.
Minas Gerais também acolheu capuchinhos de Messina. Mais tarde vieram de
Nápoles para o sul da Bahia.
Os gaúchos começaram a trabalhar em Mato
Grosso e Goiás. Quando falamos em Província, pensamos em um grupo grande
de frades que moram e atuam em determinada região, vivendo em diversas
fraternidades e com capacidade para manter-se com vocações locais.
Quando falamos em Vice-províncias, pensamos em um grupo que está ficando
pronto para ser Província. Elas dependem de uma outra Província. Grupos
menores, que ainda estão começando a se estabelecer podem ser chamados
de Missões ou Delegações.
Com o tempo, foram tornando-se independentes
as Províncias do Rio Grande do Sul, São Paulo, Paraná com Santa
Catarina, Minas Gerais, Rio de Janeiro com o Espírito Santo, Centro
Oeste com o Distrito Federal, Goiás e Mato Grosso do Sul, Bahia com
Sergipe, Nordeste, reunindo Pernambuco, Alagoas, Paraíba e Rio Grande do
Norte, Ceará com Piauí, Maranhão com Pará e Amapá. Há uma
vice-província no Amazonas e, em Rondônia e Mato Grosso, uma missão dos
frades do Rio Grande do Sul. Os franciscanos capuchinhos cresceram muito
em todo o Brasil, onde já contam com mais de mil e duzentos frades,
respondendo por missões, paróquias, pregações e outros trabalhos.
O que fazem os frades
Na realidade, os capuchinhos, como todos
os franciscanos, não têm um trabalho específico: prestam ajuda à Igreja
em qualquer setor necessário. De fato, não foram fundados para
determinados trabalhos mas darem um testemunho, principalmente junto aos
mais pobres e excluídos. Por isso, a Ordem tem frades que se destacaram
como missionários, pregadores, professores, cientistas ou simples
trabalhadores.
Muitos frades tornaram-se santos canonizados, contando,
por exemplo, com um Doutor da Igreja, como São Lourenço de Brindes, um
porteiro de convento , como São Conrado de Parzaham, um missionário
mártir, como São Fidélis de Sigmaringa, um místico com as chagas de
Jesus, como São Pio de Pietralcina. São Francisco aceitava na Ordem
tanto nobres quanto plebeus, tanto militares como professores, ou
trabalhadores sem nenhuma qualificação.
Alguns frades também podem
tornar-se sacerdotes. Às vezes falamos de frades e de padres. Todos os
capuchinhos são frades, palavra que quer dizer Irmãos. Padres, em geral,
são os de uma diocese ou de uma ordem ou congregação religiosa que
receberam o Sacramento da Ordem e celebram Missas, administram
Sacramentos. Alguns frades, ordenados sacerdotes, também são padres.
Fonte:procasp.org.br
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